Antes de você dizer adeus

- Noticias ruins

POV. LOUISE

Não era nada. Eu atrapalhei nosso momento feliz por nada.

Estou com vontade de gritar comigo mesma. O Luize e o Edu estavam felizes comendo, nunca fizeram algo divertido assim e eu estraguei tudo na primeira oportunidade. Gostaria de saber qual é o meu problema. É algum tipo de defeito?

- Já está indo para o hospital?

Minha mãe está na cozinha de cabelo lavado, sorridente com a oportunidade de estar indo mais um dia para o trabalho. Ultimamente ela está radiante.

- Sim.

- Cadê o meu pai?

Ela solta um suspiro.

- Bebendo de novo. Deixa ele de mão, não tem concerto.

Volto a anotar os gastos do mês no meu caderno. Preciso controlar o que estou gastando e quanto, para saber se consigo pagar tudo com o meu salário. Apesar que a minha mãe e o meu irmão também estão contribuindo, mesmo trabalhando meio período os dois e recebendo metade do salário, é uma grande ajuda.

- Podíamos internar ele em alguma clínica, para ele superar esse vício.

- Temos dinheiro para isso? - Pergunta com sarcasmo. - A cura do vício do pobre não existe. Apenas a morte.

Ela pega a sua bolsa marrom de costume e a coloca no ombro. Estou pensando em presenteá-la com uma nova no próximo aniversário.

- Não tenta mudar o seu pai.... eu já tentei isso e não deu certo. - Diz com segurança nas palavras.

- Mais tarde a gente pode conversar sobre isso? - Pergunto com esperança.

Ela para na porta e abre um sorriso.

- Tchau, minha filha.

É a minha vez de sorrir com a maneira que me chama.

- Até logo, mãe.

POV. LEVI

A Lou está sentada na minha cama, me ajudando a selecionar uma roupa para eu ir na festa de boas-vindas da faculdade entre os alunos, mas a chamei especificamente para jantar pizza comigo, já que a minha mãe saiu com algumas amigas.

Coloquei todo o meu guarda-roupa na cama, das roupas que uso nos shows até as roupas que costumo dormir. O colchão virou um arco-íris de tecido, mas ainda não consegui me decidir.

- Eu gosto dessa calça aqui. - Levanta a peça roxa com bordados de libélulas.

- Eu também, mas com qual camisa eu usaria? - Bagunço mais as pilhas de roupas. - Tudo aqui já foi visto.

- E por que não pode usar de novo? - Olha para mim com um olhar questionador, jogando na minha cara que foi um pensamento fútil. - Uma camisa branca ficaria ótima com a calça. Não que eu entenda alguma coisa sobre moda....

- Não, você está certa, minha pequena. - Sorrio.

Eu me sinto um completo idiota ao lado dela, sinto que estou me desmanchando quando olha para mim. Queria guardar esses momentos para sempre em um pote para poder assisti-los quantas vezes eu quiser.

É muito simples imaginá-la comigo para todo sempre, velhinha e usando dentadura.

Eu lavaria a dentadura dela se me pedisse.

Um telefone começa a tocar, fazendo a nossa troca de olhares e a minha imaginação acabar em segundos.

- É o seu celular. - Aviso quando vejo o aparelho na cômoda. - Seu irmão.