- Malditas covinhas

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POV. LEVI( Boom Clap - Charli XCX )

— Com licença — Peço e me levanto da mesa.

Já é a quinta ligação da minha mãe, apenas no pequeno tempo de meia hora. Vou até o lado de fora e atendo o telefone, esperando pela voz dela no meu ouvido.

"Você saiu e não me avisou?"

"Ocorreu uma emergência."

" Você já está voltando?"

"Vai demorar um pouco, por quê?"

"É problema com a escola?"

"Não. Eu estou com uns amigos aqui, então não se preocupe com o horário."

Um silêncio se forma. Fico esperando ela dizer alguma coisa.

Ela sempre foi preocupada, do tipo que exigia uma mensagem antes e depois de eu sair de alguma festa. Mas, agora, ela parece mil vezes pior. Talvez seja porque ficou muito tempo sozinha no hospital e isso a afetou de alguma forma, agora não quer ficar sozinha em casa.

"É que eu estou com um pouco de dor de cabeça."

"Tomou remédio?"

"Sim, mas não passa. Acho que vou fazer um chá, porque normalmente eles resolvem."

Olho para o vidro da janela. A Lou está sorrindo para alguma coisa que o Murphy disse, e as crianças não param de tagarelar.

"Mãe, espere um pouco, não mexa no fogão. Já estou voltando para fazer seu chá."

Desligo e volto para dentro.

A neve começou novamente.

Tiro duas notas da minha carteira, o suficiente para pagar a comida da Lou e o bolinho que pedi.

Ela me olha confusa enquanto coloco a minha cadeira no lugar.

— Preciso ir, a gente se fala mais tarde?

Ela confirma com a cabeça.

— Tchau, homenzinhos. — Eu aceno para as crianças, então saio.

POV. LOUISE( Set Fire To The Rain - Adele)

Troco um olhar com o Murphy. Ele está juntando os guardanapos da mesa e colocando todos dentro da xícara usada. Quando termina, está tudo organizado, pronto para a garçonete recolher.

— Vamos? — Pergunto.

— Sim, deixa eu pagar a conta.

— Não, eu pago. — Fico de pé.

— O Levi deixou dinheiro, mas eu pago.

— Eu não ia pagar com o dele, vou usar o meu. — Digo animada.

Ele parece entender, então cede.

Voltamos novamente andando e conversando, o assunto está se desenvolvendo melhor agora. O Murphy não é a pior pessoa do mundo, parece alguém decente. Ele pode parecer aterrorizante por fora, mal educado de primeira, sem noção com as palavras no começo, mas ele tem um bom coração.

— Entregues. — Murphy anuncia.

Edu e Luize saem correndo para dentro. O frio deve ter os torturado o bastante.

— Obrigada por hoje.

— Se precisar, é só ligar.

Ele se vira para ir embora, mas eu o paro.

Antes de você dizer adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora