- Quarto do Levi

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POV. LEVI

Preparo o café da minha mãe enquanto decoro a letra de uma música que eu e os meninos vamos gravar. Ela está sentada assistindo TV, no colo tem uma revista recém folheada, e está um pouco chateada por eu ter ficado até tarde ontem na rua sem avisar.

— Coloquei apenas uma colher de açúcar, a senhora não pode ficar digerindo muito doce durante o dia. — Entrego a caneca.

— Acha que eu não sei? — Levanta uma sobrancelha. — Precisamos trocar por adoçante. Vamos ao mercado mais tarde.

— Vou precisar abastecer o carro antes, acho que a gasolina está pouca.

— Você passou semanas saindo, é claro que está pouca.

Ela coloca a caneca no braço do sofá, puxa a cadeira de rodas que está a sua frente e sozinha senta nela, depois vai até a porta e a abre.

Eu não tinha notado que tinha alguém tocando a campainha.

— Olá, senhora. — Ouço a voz da Lou. — Desculpa estar aqui tão cedo, mas eu poderia falar com o Levi?

Minha mãe abre a porta um pouco mais com uma expressão nada feliz e a deixa entrar.

— Oi, Louise. — Digo.

— Oi. — Acena com a mão, um pouco tímida por causa da minha mãe estar a encarando.

— Vem, vamos lá para o meu quarto.

Minha mãe não é capaz de subir as escadas, então isso me deixa um pouco aliviado com a privacidade.

Fecho a porta do quarto e espero a Lou se sentar na beirada da cama.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não... — sorri. — É que eu fiz uma coisa.

— E o que seria?

Ela matou alguém?

Fico feliz por ser a pessoa que ela procurou para ajudar a enterrar o corpo.

— Eu meio que contei da gente para a minha mãe. — Ela responde. Acho que isso é pior que enterrar um corpo, porque pode ser o meu corpo. — Ela quer que você almoce lá em casa amanhã.

— Você o quê?

— Eu sei que não temos nada ainda, mas para a minha mãe não existe essa coisa de Mais que amigos.

— E seu pai?

— Ele não sabe de nada. E nem se importa muito. — Baixa os olhos para a mão no colo. — Ele acha que eu estou próxima de você porque é rico.

— Que absurdo. — Dou uma risada.

— Ele não sabe que é você quem ficou no meu pé.

— Ei! Isso não é legal de se falar.

Ela ri.

— Você vai?

— Claro, mas tenho que me preparar psicologicamente para esse evento.

Lou começa a olhar em volta, olhar cada canto do meu quarto como se não tivesse dormido aqui outras vezes.

O meu quarto é até grande para uma pessoa sozinha. Tem apenas um guarda roupa, duas estantes de mangás, um baixo e um violão na parede, fotos com meus amigos, pôsteres da Britney Spears e outros dos Beatles.

— Seu quarto é engraçado. — Comenta.

— Por que?

— Parece um vômito de unicórnio. — Ela aponta para uma caixa na escrivaninha. — Tipo aquela caixa de glitter rosa. O que tem nela?

Antes de você dizer adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora