𝑏𝑢𝑠𝑖𝑛𝑒𝑠𝑠

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《Narrative; Shouto》

Eu me sentia estúpido por chorar. Tecnicamente falando, não tinha nenhum motivo. Eu tinha o que eu queria; os dois. Só não era um relacionamento. Seríamos amigos que transavam. Somente isso.

Talvez eu devesse me dar o valor e simplesmente sair dessa. Eles não me mereciam, não me valorizavam, queriam me usar. E eu estava permitindo.

Deixando que entrassem na minha vida e fizessem o estrago que desejassem, pra saírem quando bem quiserem também. Não sou nada pra eles, nada importante. Não fazem questão de me ter.

Eu deveria denunciá-los - Deus, eu sei que deveria. Estava traindo todas as minhas condutas ao defendê-los e esconder seus crimes da polícia. Mas eu simplesmente não podia levá-los a justiça - só imaginá-los atrás das grades já me causava arrepios.

Enxuguei minhas lágrimas rapidamente ao ouvir meu celular tocando. Levantei do chão e o peguei na bancada, ficando surpreso ao ver o nome do meu pai na tela.

Engoli completamente o choro e atendi.

— Pai.

— Oi, Shouto. — Sua voz estava terrivelmente tranquila. — Podemos esquecer aquilo? Tenho coisas mais importantes a falar.

Pensei em discordar. Pensei em dizer "Não, Enji, não podemos esquecer aquilo. É uma parte importante de mim e você simplesmente não aceita, então eu quero mais é que você vá se fuder. Pode esquecer que sou seu filho."

Mas infelizmente tudo que consegui dizer foi:

— Claro, pai. Pode falar.

— Eu andei pensando naquilo do Katsuki e do Izuku. — Meu estômago revirou quando ouvi seus nomes. — Você ainda os está investigando? Um amigo meu que mora por ai disse que fez algumas denunicas, mas que não acharam nada no bar deles. Você ficou sabendo disso?

— Fiquei. Eu revistei o bar com outros policiais, e não tinha nada lá. Eu desisti. Eles não tem nada a esconder, mesmo.

— Duvido muito. Você vai ser inútil, pelo visto. Esperava que você pudesse me ajudar nisso.

— Não vou te ajudar a levar duas pessoas que eu gosto pra cadeia, pai. — Deixei escapar, me arrependendo logo em seguida. Acrescentei: — Fiquei amigo deles no tempo que passei investigando.

— Não me importo. Tenho certeza que eles tem envolvimento criminoso.

— Por favor, chega. — Suspirei, me segurando pra não desligar na cara dele. Eu realmente interrompi meu choro pra isso? — Eu esperava um pedido de desculpas, não isso. No fundo, não esperava nada. Mas sempre existem expectativas estúpidas, não é? Olha, pai, não me liga mais. Sério mesmo. Já chega.

— Eu posso aceitar isso. — Eu podia sentir o nojo na sua voz, mesmo ao telefone. — Algum dia. Só me da um tempo. Você não pode desistir de mim, eu sou seu pai..

— O Touya já é assumido a séculos e você não teve tempo pra aceitar ele? Por que comigo é diferente?

— O Touya é outra história. Você é você. Podemos só manter contato enquanto eu me acostumo com isso?

— Você não vai se acostumar. Porra, você socou a minha cara. Eu sou seu filho. Você.. — Senti meus olhos encherem de lágrimas de novo, mas me recusei a chorar. Vi outra chamada - dessa vez de Katsuki - e me apressei em cortar meu pai. — Outra pessoa tá me ligando. Tchau.

Atendi, e escutei sua voz grave ao telefone:

— O Izuku. Cadê? Ele foi ai, não foi?

— Hã? Ele foi embora faz uns trinta minutos.

ギャング || 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐛𝐚𝐤𝐮𝐝𝐞𝐤𝐮 Where stories live. Discover now