ギャング || 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐛𝐚𝐤𝐮𝐝𝐞𝐤𝐮

𝘩𝑜𝑙𝑦 𝑐𝑟𝑎𝑝

《Narrative; Author》

Shouto estava afundando na poltrona. Era como se seu corpo ficasse cada vez mais pesado, e o couro macio o puxasse cada vez mais pra dentro feito areia movediça.

Não conseguia decidir se essa sensação era ansiedade ou se a cadeira realmente o estava engolindo ao poucos. Sinceramente, a segunda opção parecia mais plausível.

Não deveria estar nervoso. Katsuki e Izuku finalmente o passariam a informação que ele tanto queria. Sentados no sofá a sua frente, o encarando, pareciam determinados a falar.

Mas Todoroki não estava preparado. Não ainda. Não achou que fosse acontecer tão rápido. Quando saíram do hotel, Midoriya simplesmente o levou pra casa deles. Não deixou o bicolor em casa. Sentaram ali e estavam sem falar nada desde então.

— Vamos falar sobre os negócios hoje. — Bakugou falou, sua voz firme. Não tinham conversado um com o outro, e o meio a meio não entendeu como tomaram aquela decisão tão rápido.

Então tudo ficou subitamente óbvio na sua cabeça; já tinham decidido antes que contariam depois da festa. O negócio do motel foi só um imprevisto. Aquilo ali não era. Era planejado.

Todo o sangue de seu corpo congelou. As possibilidades do que iria acontecer passando como um flash pela sua cabeça.

Tinham vários problemas naquela situação. Primeiro de tudo, Izuku não sabia que ele e Bakugou transavam. Aquilo devia ser importante a ponto de ele falar pro esverdeado antes de o falarem de negócios.

Em segundo lugar, Shouto não queria prendê-los. Não queria acusá-los de nada. Enfrentá-los no tribubal. Parecia completamente estúpido e fora de cogitação agora.

Se não soubesse de nada, não estaria omitindo. Mas também não tinha como simplesmente ficar com eles. Havia mentido. Não trabalhava em empresas coisa nenhuma.

Não tinha como fugir daquilo, também. O procurariam depois e descobririam que era policial. Tudo fodido de novo. Não tinha maneira nenhuma daquilo dar certo.

— Nós somos-

— Espera ai. — Interrompeu o esverdeado, arregalando os olhos e se escorando pra trás na poltrona. — Não quero saber, não.

— Hã?! — Katsuki o olhou com uma expressão que dizia "que porra você tá fazendo?!" — Como não?!

— Ainda não. Né? Não quero. Não. Muito cedo.

— Você precisa saber. — Izuku pendeu a cabeça pro lado, arqueando as sobrancelhas. Ele parecia encarar o fundo da alma de Shouto com aqueles grande olhos verdes. Então se endireitou, a realização brilhando no seu rosto. — Você já sabe.

— Não.

— Sabe, sim. — Ele respirou fundo. — E ai? Vai trabalhar com a gente ou não? Se não for, bom, você não tem nenhuma prova sobre nada, de qualquer jeito. E não tem motivos pra denunciar nem nada. E seria estupidez. Enfim..

— Não sei do que você tá falando. — Tentou continuar se fazendo de bobo, mas o olhar tedioso que Izuku o lançou foi óbvio; ele tinha certeza que Todoroki sabia.

— Como você descobriu?

— É óbvio. — Desfez sua falsa expressão confusa, o coração martelando no peito. — Mas ainda não sei o que fazer sobre isso.

— Trabalha pra gente. — Bakugou disse, como se fosse algo simples.

— Não é tão fácil assim. Eu preciso pensar. E você precisa conversar com a porra do seu namorado. — Midoriya fez uma careta pro loiro, mas ele fez um sinal com a mão, pra que deixasse aquilo pra depois. — Não comigo aqui. Preciso ir pra casa.