— Se não der? — indaga, entrando em desespero. — Não estarei lá para te proteger.

— Não se martirize, papai... — murmuro, segurando-me para não chorar. — Vou voltar! — Ele fica me encarando, seus olhos cheios de lágrimas. — Por mamãe...

— Por ela... — sussurra, com a voz apertada.

— Eles estão chegando. — Hamlet informa. Inspiro fundo e viro-me para frente, vendo no fim da rua uma van se aproximando.

Sinto de repente, um medo absurdo e uma vontade avassaladora de pular nos braços do meu pai e dizer-lhe para me levar de volta para casa, querendo desistir de tudo.

Mas a decisão já foi feita, mamãe está sendo bem tratada e quem sabe, curada. Preciso me agarrar a esses fatos, manter-me no foco e poder dar tudo de melhor para minha família que depositou tantas esperanças em mim.

Por eles... farei por eles!

A van para rente à calçada, por um momento, nada é dito, tudo fica silencioso. Só que esse não é um adeus, é apenas uma despedida com data de retorno.

A agente sai da van e nos encara, sorrindo. Engulo em seco, assistindo-a abrir as portas da van e revelando mais garotas, que me cumprimentam com um aceno de mão, felizes com essa nova etapa de nossas vidas. Uma mais linda que a outra.

— Está pronta, querida? — A agente pergunta, seus olhos castanhos brilhando.

— Sim — sussurro.

— Se despeça, querida — diz, gentilmente.

Pigarreio e viro-me, encontrando três pares de olhos me fitando com desolação e dor. Uma lágrima solitária escorre pela bochecha do meu pai. Aproximo-me e a limpo, ficando nas pontas dos pés para beijá-lo.

— Amo-te, pai — ele segura meu rosto.

— Não confie em estranhos. Cuide de sua alimentação e de sua saúde, okay? — assinto. Ele inspira, trêmulo, e beija minha testa. — Amo-te, meu girassol, caminhe sempre na direção do sol.

— Gire para onde o sol girar. — Alyna completa, me puxando para um abraço forte. — Esperarei por ti...

Olho para Hamlet e lhe dou outro abraço antes de caminhar até a van, entregando as malas para a agente com uma beleza impressionante.

— Zuri? — Papai a chama. Ela olha para ele. — Cuide bem do meu girassol.

— Não se preocupe, senhor Viktor — Zuri o tranquiliza e me olha. — Cuidarei bem dessa menina. — Ela aponta para van. — Vamos querida! — inspiro fundo e entro, me sentando na janela.

— Bem-vinda — cumprimenta uma das meninas. — Sou a Darya.

— Yelena — retribuo o cumprimento. Todas fazem o mesmo enquanto Zuri se despede do meu pai e fecha a porta da van.

Olho para os três, parados, me observando. Hamlet e meu pai estão de mãos dadas com Alyna que chora. Aceno um tchau quando a van começa a se afastar da minha casa e da minha família.

Sempre sonhei em me tornar modelo, mas nunca imaginei que as coisas aconteceriam dessa maneira. Olho para frente, agora todos os estranhos faram parte da minha vida, onde todos os cantos terão uma história escondida, prestes a ser contada.

— Não fique triste, Yelena — Zuri tenta me tranquilizar —, vai dar tudo certo. — Retribuo seu sorriso, me mantendo calada e distante.

INTENSA CONEXÃO - PARTE UMWhere stories live. Discover now