Capítulo 6 - Despedidas 1/3

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02/12 - 08h00 a.m

Hoje será o meu último dia de aula, não apenas nesta escola, mas no Brasil também. Assim, uma reflexão assídua brotou em minha mente: "como tudo pode mudar em tão pouco tempo?"

Daqui a uma semana estarei embarcando para Tóquio, consequentemente começando uma nova vida; Aconteceu de maneira tão rápida, que mal percebi o tempo passar.

Como havia dito no dia anterior, dói muito ter que deixar a todos, especialmente minha mãe, Mimi e Tobias. Eu os amo tanto, que a minha carência afetiva irá disparar inconscientemente, literalmente um quebra-cabeça emocional.

Assusta-me ter a utilização de um novo idioma, em que eu não estou nem um pouco adaptada no meu cotidiano. Além de ter uma mudança drástica no meu estilo de vida; Todavia estou estudando muito e me preparando mentalmente para este novo acaso, em que ao menos irei com o espírito mais leve.

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Enquanto caminhava à minha sala, acabei por liberar algumas lágrimas durante o percurso, sei que posso estar com a minha sensibilidade aguçada, mas havia uma justificativa plausível para isto.

Ademais, cada vez que me aproximava da minha classe, comecei a ouvir ruídos e pessoas sussurrando numa tonalidade alta: "silêncio" ou "fala mais baixo", trazendo-me curiosidade perante a situação.

-O que será que eles estão aprontando? - Disse para mim mesma, balançando a cabeça negativamente.

Posicionei a minha mão sobre a maçaneta, lentamente abrindo a porta, então, quando tive a clara noção do que estava acontecendo minhas glândulas lacrimais se ativaram novamente.

-Surpresa, Lia! - Todos da minha sala gritaram simultaneamente, eles estavam posicionados em frente a uma faixa multicolorida escrito:

"Lia, vamos sentir sua falta, boa sorte no Japão"

Acabei de descobrir que a minha sala tem uma enorme consideração por mim, e eu achei isto incrível.

Estava me sentindo tão amada neste momento, que não sabia o quão relevante era a minha presença nesta sala.

-Obrigada, pessoal! - Falei ao prantos, o que resultou em um amontoamento sobre mim, onde todos me abraçavam fortemente.

Assim como o ocorrido com a equipe de vôlei, também ganhei cartinhas, mimos, chocolates, flores, entre outros presentes de despedidas, tal como fui tratada como uma rainha; Mas, ainda não havia processado que as pessoas realmente iriam sentir a minha falta, como isso é possível, se nem popular sou?

Posso dizer que sou um indivíduo sociável, todavia, raramente sinto que a minha presença é significativa para alguém. Isso fazia com que eu me afastasse das pessoas, resultando em isolamento comunicativo, contudo, existia uma vantagem, onde, estes períodos "emo" tinham uma curta duração.

-Lia, iremos sentir sua falta - O professor de física revelou de modo relutante, o que me causou um certo estranhamento/choque. Como o professor rabujento sentiria saudades? Era algo muito complicado de se associar.

-Por mais que eu não seja muito fã de física, também irei sentir saudades - Rebati a curta fala com um sorriso abatido, ainda estava apreensiva sobre o comunicado do docente.

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10h15 a.m

Felizmente havia chegado o último intervalo do ano, e novamente uma multidão considerável de pessoas estavam sobre mim. Eu estou com repulsa deste período de fama, só restou que pedissem por autógrafos meus. Francamente, uma fofoca muda o mundo.

𝗔 𝗡𝗲𝗸𝗼 𝗟𝗶𝗳𝗲 | 𝘏𝘢𝘪𝘬𝘺𝘶𝘶 - (𝘳𝘦𝘦𝘴𝘤𝘳𝘦𝘷𝘦𝘯𝘥𝘰) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora