O Imperdoável

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☆Nota da Autora☆

Toda vez que olho essa fanart da Kushina eu lembro da Jennifer Aniston como a Rachel de Friends, socorro

☆☆☆☆☆

Kushina não conseguiu dormir naquela noite, mas ficou deitada em sua cama, imóvel até a saída do marido. Já sozinha no quarto deles, seus olhos varreram o cômodo com curiosidade, quando foi que o quarto deles se tornou tão vazio?

Ou podia ser pelo vazio que ela via em sua vida, também.

Sem pressa, ela tomou um banho gelado, lavou os cabelos compridos e os sentiu secos ao toque. Ela sequer lembrava quando foi a última vez que fez uma hidratação decente em seu cabelo, possivelmente foi quando Naruto os visitou em um fim de semana e ela obrigou o marido e o filho a usar toucas térmicas e fazer limpeza de pele. Kushina ainda tinha as fotos em seu celular, mas não as olhava há anos.

Ela tinha esperanças que depois de hoje as coisas pudessem voltar ao normal.

Usando o roupão, ela parou em frente ao guarda roupa, tentando escolher algo quando ela viu o tecido preto captar o brilho da manhã. Kushina pegou o cabide onde estava o vestido que Naruto fez para ela há quinze, dezessete anos, ela não sabia mais. Tanto tempo passou, mas o tecido ainda mantinha sua boa qualidade, seu brilho, intacto como a lembrança de Naruto lhe entregando o vestido com os dedos cheios de curativos por ter se ferido tantas vezes com a agulha.

Ela apertou o vestido em seus braços, quis chorar e liberar um pouco a dor que ela carregava no peito, mas não o fez.

O vestido em seus braços é brilhante demais para ser usado durante o dia, então ela o devolveu ao guarda roupas e escolheu algo mais discreto, uma camisa simples e calça social, dispensou qualquer salto e terminou de se arrumar.

Todos os dias em que descia as escadas, em todas as manhãs, ela sentia falta de encontrar Naruto na cozinha, cantando uma música ou tomando desjejum sonolento, reclamando sobre como a mãe era barulhenta pelas manhãs.

Kushina sentia falta do filho todos os instantes do seu dia.

Mas Kushina é teimosa, e não estava disposta a mudar sua opinião.

Ela nunca pensou ser uma pessoa homofóbica, tinha amigas e trabalhava com marinheiros homossexuais assumidos, ela pensou que estava ok com eles, ela pensou que tudo bem, desde que não fosse o seu filho.

Cega pelo preconceito e decepcionada por causa das suas próprias ilusões, Kushina não conseguia entender qual o problema de querer uma vida normal para seu único filho. Ela pensou que só queria o proteger de toda a negatividade, todas as críticas e dificuldades, sem toda a dor.

Sem perceber que ela causou tudo isso ao filho.

Kushina ainda tinha esperanças de voltar a uma época mais fácil quando entrou no tribunal, cada passo decidido pelo corredor a deixava mais esperançosa. Hoje Naruto perceberia que Itachi o manipulou todo esse tempo, pois para ela ainda não era tarde demais.

Ela não respondeu perguntas das pessoas com câmeras e microfones, não era deles que ela queria atenção. O que não esperava era encontrar Minato no corredor e que ele a puxasse para uma sala vazia, batendo a porta.

-Mas que porra é essa?

Esfregando o pulso, Kushina perguntou sem olhar para o homem à sua frente.

-Eu que te pergunto, mãe. Que porra é essa?

Kushina parou de se mexer e olhou para o filho parado entre ela e a porta fechada. Quando Naruto ficou tão alto ao ponto dela o confundir com o marido? Não só isso, Naruto não tinha mais o rosto infantil e jovial das suas memórias, não mesmo. O homem parado na sua frente, elegante e belo no terno azul escuro, não era mais o mesmo garotinho com quem ela brincava sentada no chão da sala.

A Estrela da SolidãoWhere stories live. Discover now