O Imprevisível e o Carma

970 145 51
                                    

☆☆☆☆☆

Quando o aniversário de dez anos de Naruto chegou, seus pais o levaram para um parque de diversões, finalmente o menino tinha a idade e a altura necessária para realizar um dos seus desejos infantis - a montanha russa.

Ao chegar no parque, Naruto correu puxando as mãos dos seus pais, mirando o brinquedo com o quão tanto tinha sonhado, sem se importar com as pessoas no caminho ou as broncas da sua mãe por sua falta de educação. Ficar na fila interminável ao seus olhos foi a maior tortura que ele já tinha passado até o momento, Naruto pulava no lugar e andava em círculos ao redor dos seus pais para que o tempo passasse mais rápido. Seus pais, conhecendo bem o filho que tinham, escolheram um dia menos movimentado para irem, então a espera não foi tão longa quanto da perspectiva do Naruto. A vez deles chegou em menos de cinco minutos de espera e Minato achou que os olhos do seu filho estavam brilhando mais do que a lua em todo o seu esplendor.

Naruto se lembrava bem das sensações que experimentou naquele dia, pois as imagens estavam confusas na sua cabeça. Ele se lembra do carrinho subindo devagar, as mãos do seu pai segurando forte a sua até que eles chegassem ao topo. O carrinho se moveu bem devagar e ele pôde ter uma visão panorâmica da sua cidade, desde os vales verdinhos que circulavam até o mar intensamente azul no leste. Naruto jura que conseguiu enxergar até mesmo a base onde eles moravam, mas ele não podia dizer isso com certeza pois assim que ele fechou seus olhos, tudo ficou preto, o sangue no seu corpo se assustou e gelou e um grito queimou sua garganta quando eles caíram.

Naquele dia Naruto gritou por experimentar pela primeira vez a intensidade assustadora e apaixonante que a adrenalina correndo nas veias pode causar. Sua memória daquele dia era um misto de consciência e imagens com preto e sensações, e assim também aconteceu após o acidente.

Sem conseguir controlar seu corpo, Naruto só podia contar com os sentidos e percebeu que o lugar onde ele estava era frio, até mesmo o ar que ele estava respirando estava gelado. Sua boca estava amarga, embora a visão ainda lhe faltasse. De início, ele se desesperou ao pensar que estava cego mas percebeu que o problema era outro, ele não conseguia abrir os olhos, estava fraco demais. 

Ele escutou uma porta correndo e sua atenção mudou de foco, passos ecoaram no chão, parecia o mesmo som dos sapatos bonitos que sua mãe usava em ocasiões especiais, e por um breve segundo ele pensou que sua mãe estava ali para lhe acordar e dizer que eles iriam sair para algum lugar chique e ele teria que usar as roupas incômodas de sair, porém logo descobriu estar errado.

-Primeiro você precisa checar os níveis de…

Naruto teve certeza que nunca ouviu a voz cansada daquela mulher antes, nem da mulher irritada que a respondeu.

-Eu sei, deixe comigo.

-Tsk!

Naruto ouviu alguém bufando e barulhos metálicos vindos do seu lado esquerdo, papel farfalhando e outros barulhos desconhecidos. Ele tentou encontrar forças para abrir os olhos ou para falar, talvez por ser ações tão corriqueiras e naturais que Naruto não soube ao certo quais os músculos ou comandos eram os certos.

-Pobre criança - A mulher irritada falou - Como ele conseguiu se machucar tanto num acidente tão bobo?

-Você diz isso porque não viu o estados dos pais dele…

Seus pais? Seu coração bateu acelerado e o sangue pulsou tão forte nos seus ouvidos que ele não conseguia ouvir direito como seus estavam.

-... Que tragédia - A segunda mulher, a que parecia cansada, falou - Teria sido melhor se os pais nunca tivessem tido essa criança ou se ele tivesse morrido logo cedo. Criar alguém como ele é atrair o infortúnio!

A Estrela da SolidãoWhere stories live. Discover now