Uma promessa não ouvida

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-Quer saber? Eu vou te treinar para me substituir no futuro.

Durante uma noite cheia de imprevistos, no auge do inverno, palavras solenes transbordando confiança não puderam ser levadas a sério, pois quem a disse tinha uma latinha de batatinhas em mãos e o rubor do álcool na face. Itachi sentiu que toda aquela situação era um pouco miserável, um pouco engraçada e não soube o que responder.

Ele não levou em conta os motivos por trás dessas palavras, como a sua percepção em notar que havia algo errado, seu pensamento rápido e lógico sobre que passos seguir. Itachi pensava, ao invés disso, que Minato era um pouco como seu pai, fraco diante do álcool e um pouco honesto demais. Ele não quis se aproveitar das especulações de uma pessoa sobre efeito do álcool, então ele não se aprofundou no assunto.

-Como quiser, senhor.

O que Itachi não percebeu foi que as intenções de Minato eram verdadeiras, e que ele tinha passado em mais um teste. Não era como se um simples copo americano com vinho pudesse alterar seu julgamento, ele tinha bastante orgulho da sua resistência ao álcool, ele estava consciente se cada palavra. Minato queria saber qual seria a reação dele - Ganância por poder? Arrogância por suas habilidades? Covardia para não assumir responsabilidade? Ao invés disso, o jovem sorriu e mostrou humildade.

Esse não era o primeiro teste que ele impunha a Itachi, na verdade seu objetivo inicial era saber mais sobre a pessoa secreta dele. No começo Minato estava motivado apenas com preocupação paternal. Mas com o passar do tempo ele notou que esse jovem na sua frente tinha um coração puro como o ouro: firme em seus valores, maleável em diversas situações, que não reagia às provocações como maioria das pessoas, mas que ainda tinha a sua sensibilidade.

Minato também não era cego, ele sabia muito bem que não eram todos que tinham patentes superiores que pensávamos nos outros, e não em si. Ele viu várias pessoas quebrarem seu juramento por egoísmo e sabia também que pessoas altruístas e dispostas a sacrifícios eram raras, então mesmo que Itachi não o tivesse levado a sério, ele decidiu iniciar o treinamento dele imediatamente.

-Vou te mandar em mais missões, daqui pra frente - Minato ponderou - Você já aprendeu bastante sobre a teoria, mas existem coisas que só a prática pode ensinar.

-Tudo bem.

-E isso também vai ser bom para você ganhar o respeito dos mais velhos... fazer o seu próprio nome.

-Sim, o senhor tem razão.

Itachi entendia bem a necessidade por trás disso. Não que ele quisesse fazer um nome e ser conhecido, ele queria que no futuro, seja quais forem suas conquistas, elas não fossem acompanhadas por comentários como 'foi fácil porque o pai e o avô também eram da marinha'.

Eles tiveram uma longa conversa naquela noite, os salgadinhos e doces duraram até o momento que o azimute atingiu o ângulo certo e a lua passou a refletir a luz do sol, dando início a noite.

Como Minato se recusou a mudar sua folga, Itachi aproveitou esse tempo extra para zelar pelo sono do seu irmão e de Naruto. Sasuke estava na cama mais baixa que normalmente ficava guardada embaixo da cama de Naruto, a estrutura de madeira e o colchão grosso o protegendo do frio do chão, as pernas dobradas para perto do seu corpo. Naruto estava todo esparramado na cama, os pés e mãos caindo para fora da cama independente de quantas vezes Itachi os colocasse de volta debaixo dos cobertores.

Itachi sentou na cama onde Sasuke estava, encostado na de Naruto, ora afagando o cabelo escuro do irmão, ora colocando o braço caído no lugar. Itachi riu quando viu o braço dele sair das cobertas pela sétima vez - ou seria a nona? Ele não tinha mais certeza. Ele segurou a mão dele, dessa vez beijando as costas da sua mão antes de a colocar de volta no lugar. Nessa hora, Naruto resmungou alguma coisa, deitou de lado e puxou as mãos unidas para perto do seu coração, segurando os dedos de Itachi enroscados com os seus, um sorriso pequeno em seu rosto. A mão de Naruto estava fria, mas o coração de Itachi parecia pulsar chamas no seu rosto.

A Estrela da SolidãoWhere stories live. Discover now