CONCLUÍDA
Jeon Jungkook é um gay medroso que, inegavelmente, é a pior pessoa para carregar o fardo de ser um mediador: uma espécie extremamente poderosa de médium, que não só é capaz de ver os desencarnados, como pode ouvi-los e tocá-los, exatamente...
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JIMIN
Acordei com uma certa falta de ar. Eu não estava acostumado a isso. A respirar. Passei mais anos como um fantasma do que como uma pessoa viva que precisava dos pulmões para alguma coisa. Então abri os olhos, tentando adaptá-los à penumbra, para aí me dar conta de que tinha algo muito pesado em meu peito: o corpo de Jungkook.
Com muito cuidado, o afastei pro lado, podendo finalmente puxar o ar pra dentro. Ele soltou algum resmungou incoerente e virou-se de costas pra mim, deitando-se todo encolhidinho no colchão, só faltou chupar o dedo.
Poderia parecer um bebê, se Jungkook não fosse um cara de um metro e oitenta de altura, músculos aparentes, cintura fininha, pernas longas, coxas grossas e uma bundinha pequenina e malhadinha, bem gostosa, que cabia perfeitamente na palma da minha mão. É. Era difícil não pensar em sexo vinte e quatro horas por dia, vivendo com esse pirralho, ainda mais agora que sou um demônio incubus.
Deixei um beijinho suave em seu ombro — não sei exatamente o porquê, meu beicinho só se sentiu muito impelido a se colar naquela pele macia e cheirosa dele —, antes de me levantar cuidadosamente da cama e sair do quarto tendo que pular por cima dos montes de caixas espalhadas pela casa.
Jungkook finalmente tinha parado de titubear e fechado o contrato da venda do imóvel. Então estávamos todos encaixotando as coisas — e com todos, quero dizer eu, Jungkook e Taehyung. Jin até tentou vir aqui outro dia, mas isso fez com que eu tivesse que passar cerca de três horas esfomeado, escondido no quarto, pra que ele não me visse.
Pelo que Jungkook andou me contando, todo mundo pode facilmente reconhecer minha cara nesses dias. Além de ter um rostinho lindo e inesquecível, meu cabelo preto e laranja flamejante não é exatamente discreto. A única pessoa que parece totalmente alheia a quem eu possa ser ou deixar de ser, é Kim Taehyung. Taehyung às vezes parece mais perdido na própria mente que vivendo aqui na Terra. E ele também não é fã de telejornais, o que provavelmente o impediu de ver meu rosto espalhado pelos noticiários nos últimos meses.
Eu pensava que provavelmente teria que arrumar um emprego, já que Jungkook não ganhava tão bem assim, pra que pudesse bancar o tanto de comida que eu vinha consumindo. Mas com a venda da casa, o sortudo vai guardar todo o dinheirinho pra ele, enquanto o apartamento novo será dividido entre nós dois, Taehyung e SeokJin — e tudo pago por Kim Taehyung e sua herança gorda.
Mas bem, como vou fazer pra que Seokjin não me reconheça?
O pirralho deu a ideia de que eu fizesse uma cirurgia plástica. Eu neguei veementemente — esse garoto tem uma cabeça de vento.
E então sua segunda ideia, foi a que eu fizesse alguma transformação radical no cabelo — além de passar longe do meu antigo estilo de roupas grunges. Sobre isso, ainda estou pensando cuidadosamente. Mas provavelmente terei que fazer algo assim, se não quiser que o irmão mala saia por aí dizendo aos quatro ventos, que Park Jimin ressuscitou dos mortos. Isso não seria nada bom, manja?
