Desço do jipe e observo o prédio residencial na parte nobre de Kiev com as mãos nos bolsos do
L sobretudo. Portas de carros batem, não preciso me virar para saber que é Alexey.

- Danys Havryil - diz ao parar do meu lado, estendendo o mandato -, filho do deputado Vitaly Zhuravsky, tem 25 anos e algumas passagem pela polícia por porte de arma de fogo e agressão.

- Por isso a demora do mandato? - pergunto, analisando o documento.

- Vitaly tentou nos barrar.

- Ele tem que proteger a imagem de político de merda - resmungo, olhando para trás ao notar uma movimentação. - Como souberam? - pergunto.

Jornalistas se aproximam prontos para registrar toda a movimentação, são irritantes muitas das vezes.

- Não faço ideia. - Alexey responde, inspiro fundo e com um comando direto, alguns dos policiais barram os jornalistas de chegarem mais perto.

- São como baratas, aparecem quando menos se espera - balbucio, voltando a olhar para Alexey. - Não permitas que se aproximem.

- Darei um jeito. - Ele me lança um olhar tedioso.

- Denys terá que contar-nos uma boa e perfeita mentira. - Alexey sorri, me instigando a ir em frente.

Sem esperar por mais nem um segundo, entro no prédio com policiais me seguindo, rumo ao apartamento 850 no 26º andar atraindo olhares de moradores que cruzam nosso caminho.

Cada passo que dou, é a certeza que não tenho um lugar para chamar de meu e que meu futuro é incerto, mas
tenho em mãos o poder de garantir a ordem em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância, porque fui treinado para mostrar como é que tem que ser feito.

Ansiedade toma conta do meu corpo, meu sangue queima, pulsante em minhas veias no instante em que as portas do elevador do andar se abrem. O maior erro de qualquer malfeitor é cair em minhas mãos, porque vou até o fim em busca de respostas.

Encaro o número 850 do apartamento antes de bater. Espero alguns segundos e bato.

- Denys Havryil, aqui é a SSU, precisamos conversar. - Minha voz reverbera pelo corredor, repito as palavras e bato à porta mais uma vez, quando não obtenho resposta, inspiro fundo e sorrio por saber que terei que fazer do modo agressivo.

Retiro a arma do coldre axilar e recuo dois passos, lançando um sinal para dois policiais que imediatamente avançam e arrombam a porta. Adentro no apartamento com a pistola apontada, me guiando pelo caminho.

- Danys, é a SSU - meus olhos percorrem toda a extensão da sala em busca de sinal de sua presença, com dois dedos erguidos, lanço um comando para que verifiquem a cozinha enquanto vou na direção dos quartos.

Todo o local está silencioso, poderia afirmar que Denys não está presente, se não tivesse conseguido a informação do porteiro de que ele não saiu do prédio desde ontem, quando chegou por volta das três da tarde.

Seguro a maçaneta do quarto principal, giro-a e a empurro para que me mostre o interior do cômodo. Dou um passo à frente e congelo no instante em que meu olhar se prende no corpo estirado na cama de bruços.

Franzo a testa, fitando Denys vestido com roupão de banho, lábios roxos e olhos arregalados encarando os meus, vidrados e sem vida. Abaixo a arma, em sua mão esquerda contém um copo com alguma bebida e um frasco caído no chão com vários comprimidos espalhados em volta.

Me aproximo com cautela, trincando os dentes quando um dos policiais confere sua pulsação e balança a cabeça, confirmando sua morte.

- Quero a perícia nesse lugar imediatamente. - Exijo para Adam, que com um aceno de cabeça sai do quarto e faz o que ordenei.

INTENSA CONEXÃO - PARTE UMWhere stories live. Discover now