Capítulo 14

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Poderia estar ficando maluco. Com certeza era isso. Só isso para poder explicar o que ele estava fazendo. Felipe não bateu, entrou de uma vez no escritório da Catrina. Rayra estava agarrada a um homem alto, ele pensou se deveria interromper o beijo, e decidiu que sim. Tossiu alto, e eles não escutaram, tossiu mais alto até que Rayra olhou para ele e sorriu. A princesa de Rubres sorriu.

"Estou interrompendo algo?". Perguntou, mesmo sabendo que sim.

O homem o olhou com raiva, como se isso fosse mudar alguma coisa, ele não se abalaria com cara feia.

"Não, ele já estava de saída". O homem encarou Rayra incerto, mas ela sorriu com desdém.

"Fora". Ela ordenou fazendo movimentos com a mão. Ela estava o fazendo esquecer que estava com ela, então com isso o homem saiu sem olhar para trás.

"Por que fazê-los esquecer?". Perguntou.

Felipe não entendia os motivos de Rayra, sabia que ela estava sempre tentando se provar para seu pai, mas pelo o visto tinha desistido.

"É divertido". Felipe revirou os olhos, claro que ela diria isso.

"Onde está Catrina?". Perguntou.

"Você interrompeu minha foda por conta disso?". Ela estreitou os olhos. Felipe riu.

"Essa é a sala dela". Apontou. Rayra rodou na cadeira. Ele nem sabia o que ela estava fazendo alí.

"O que veio fazer aqui?". Catrina perguntou entrando na sala. Felipe se sentou.

"Por acaso está falando dela ou de mim?". Catrina apontou para o Felipe.

"Ela eu já sei".

"Conversar". Catrina sorriu, nada das asas dela, nada. Ele queria saber o porquê, mas nunca tinha insistido em perguntar, não era coisa dele. Rayra se levantou limpando sua boca borrada de batom.

Catrina abraçou sua amiga, Rayra veio até ele, bateu em seu ombro e saiu.

"Conversar com uma amiga ou um cupido". Ele pensou.

"Os dois?". E com isso, Catrina se ajeitou em sua cadeira, mantendo-se em um perfil profissional. Isso não seria bom.

"Vamos lá". Catrina tirou uma caneta de dentro do potinho. Felipe arqueou uma sobrancelha.

"O que está fazendo?". Ele perguntou.

Catrina estava com um cabelo amarrado em um coque bagunçado, seus olhos azuis brilhando através de seus óculos de ler. Isso era outra coisa que ele não entendia, ninguém da família Ament tem olhos azuis.

"Você disse que queria conversar com um cupido". Na verdade, ele disse as duas, mas não ia discutir isso com ela. Então, apenas assentiu.

"É possível alguém ser apaixonado por uma pessoa desde de criança?". Catrina congelou. Sua mão parada perto do papel, seus olhos encontraram os dele.

"Eu não sei". Isso saiu tão baixo, como se ela também estivesse nesse mesmo dilema.

"Estamos falando da Priscilla, não é?". Ele gostaria que não estivesse, que não estivesse gostando dela, isso seria arriscado, seu pai saberia onde atacar, ela seria sempre seu ponto fraco. Felipe assentiu.

"Não foi só pela Melissa que você foi procurar por ela". Ela constatou. Ele achava que era somente para ajudar sua amiga, ajudar Delamanth. Mas não era. Você só perguntava por uma gêmea.

Era verdade que sua mãe, Selena, era melhor amiga da Anelise, mas ele achava que o motivo pelo qual gostava tanto de Delamanth fosse Priscilla. Pelo amor de Deus, ele só tinha um ano de vida.

"Você está apaixonado por ela". Felipe riu, mas riu com vontade.

"Está errada". Ele se levantou indo em direção a porta. Isso tudo era bobagem. Quando estava para sair, Catarina chamou seu nome.

"Eu nunca erro Felipe". Catrina falou com uma certa tristeza em seus olhos.

→←

Jogou uma pedra no rio, nada na água. Priscilla respirou fundo e concentrou seu poder na pedra. Era uma pedra qualquer do chão, deveria resultar em alguma coisa. Congelou novamente a pedra e a jogou no rio. Enquanto a pedra pulava na água, ia congelando ao redor. Funcionou! Priscilla usou novamente o poder para formar pedras de gelo.

"Está ficando boa". Errou o movimento e a pedra de gelo se quebrou em sua mão com o susto que levou de seu padrinho.

"Não o vi chegando". Joseph se aproximou e ela pôde notar que seu cabelo já estava apresentando sinais de sua idade. Diferente de Rosário.

"Está treinando muito ultimamente". Ele observou. Ela respirou fundo, estava sendo cuidadosa com os treinamentos para que sua madrinha não notasse. Mas diferente dela, Joseph notou.

"Padrinho não vai contar para ela, vai?". Havia medo em sua voz.

"Não se preocupe com isso". Ele sorriu. O cubo de gelo em sua mão voltou a forma.

"Por que voltou a treinar?". Priscilla avaliou se conseguiria responder essa pergunta sem se entregar.

"Eu achei que já estava na hora". Era verdade. A única verdade que ela poderia dar.

"Então, minha menina, se divirta". Ela sorriu. Seu padrinho seguiu até sua casa. Era divertido usar seu poder, mas ela ainda tinha medo.

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Espero que tenham gostado desse capítulo curto.

Até logo, bjs. Ana

Delamanth - Uma parte de mim - 1° da sérieWhere stories live. Discover now