Capítulo 11

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Sempre há uma luz no fim do túnel, bem, é o que eu gosto de acreditar
- Esmeralda

Se perguntasse para ele mais uma vez como ele estava, ele iria enlouquecer. Felipe caminhou silenciosamente até ouvir um choro baixo. Tinha uma pequena garotinha sentada na frente da porta de seu apartamento. Ele a reconheceu de imediato. Randra.

"Ei". Ele se abaixou ao lado dela, a menina levantou a cabeça e os olhos dela encontraram os dele.

"Lipe". Algo estava errado, Edward nunca deixaria ela sair do castelo, ele conhecia seu pai.

"Vem, vamos entrar". Ele ajudou ela a se levantar e os dois entraram no apartamento. Felipe pegou uma garrafinha de água e entregou para Randra.

"Agora quero que me conte o que aconteceu". Ele pegou na pequena mão de sua irmã. Randra aprendeu desde pequena a nunca chorar na frente de ninguém, não é um ensinamento muito bom para uma criança, mas era assim nesse mundo.

"Eu vi papai batendo na mamãe". A raiva invadiu com força, Felipe tentou manter sua raiva controlada porque Randra começou a chorar novamente. O desgraçado tinha prometido, Felipe iria embora e ele cuidaria e protegeria Selena. Não iria bater mais nela..era um simples acordo.

Tão simples. Felipe puxou sua irmã para um abraço. Tinha prometido cuidar dela, mas não tinha feito nada. A campainha do apartamento tocou e ele se levantou para ver quem estava o chamando. Assim que abriu a porta, sua mãe entrou despreparada procurando alguém. Ela encontrou Randra sentada com os olhos vermelhos, o cabelo um pouco desarrumado.

"Meu amor". Sua mãe se aproximou da pequena. Felipe virou a cara quando viu o pulso dela vermelho, e uma mancha roxa em seu braço. Procurou no armário algo para beber, e se lembrou que jogou tudo que tinha álcool no lixo. Merda. Selena deixou Randra na sala e foi até Felipe.

"Eu não sei como ela decorou o caminho até aqui". Sua mãe forçou uma risada, mas ela também estava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

"Não finja mãe, para mim não". Ele balançou a cabeça, sabia muito bem como seu pai era, tudo começou por ele. Filho meu não perde. Felipe afastou as lembranças.

"Desculpe". Ela abaixou a cabeça. O mais engraçado, era que ela vivia alegre e sorridente, andando pelo o reino de cabeça erguida. Antes, isso tudo era antes, quando ele não sabia que tudo era fingimento.

"Não me peça desculpas, você não fez nada". Ela sorriu, e seu coração quebrou um pouco mais.

"Eu tenho que ir". Ele se assustou.

"Você vai voltar para o castelo?". Não, ela não podia.

"Vou". Ele se afastou, claro que ela iria voltar. Ela sempre voltava.

"Mãe".

"É assim que as coisas funcionam, ninguém deixa Edward Darles". Ela ironiza. Não, ninguém deixava. Faltava poucos meses, e ele deixaria. Felipe deixaria de ser um Darles, faltava pouco tempo.

"Fica aqui, eu posso protege-la". Ele estava a ponto de implorar.

"Tá tudo bem, Felipe". Não, não estava. Mas ela não iria ouvir.

"Vamos Randra, vamos para casa". Casa, era uma palavra estranha vindo da boca dela.

"Não quero ir mamãe". A pequena criança chorou mais ainda. A campainha tocou novamente.

"Tá aberta". Ele gritou. A surpresa tomou conta dele quando Priscilla entrou.

"Olá". Ela parou no lugar vendo a criança no sofá.

"Melissa!". Randra correu até Priscilla e a abraçou. Ela abraçou a criança meio sem jeito. Randra achava que a Priscilla era a Melissa. As duas eram gêmeas idênticas, totalmente parecidas, fazia qualquer um se confundir.

"Por que está chorando anjinho?". Priscilla perguntou tentando parecer com sua irmã. Randra riu.

"É a primeira vez que você me chama assim". Priscilla e Felipe se espantaram. Selena notou e encarou os dois.

"Quis inovar, não gostou?". Priscilla falou criando uma desculpa.

"Gostei, é que você sempre me chamou de pequena Darles". Priscilla beijou a testa dela, e Felipe se pegou sorrindo.

"Vamos querida, temos que chegar antes do jantar". Sua mãe pegou a mão de Randra, mas a criança correu e abraçou Felipe e depois novamente Priscilla. Ele ficou observando as duas saírem do apartamento e se jogou no sofá, Priscilla se sentou ao seu lado.

"Ele bate nela". Ela arregalou os olhos.

"Eu vi as marcas". Ele fechou os olhos por um momento.

Sua mãe era tão feliz, bem, era o que os diários dela diziam, não era para ele ter lido mas foi mais forte que ele. Selena era a melhor amiga de Anelise, ela foi madrinha de casamento da Anelise com Alessandro, assim como Anelise no casamento de Selena. Agora com o maldito acordo, as duas não podem se ver.

"Ela não pode deixá-lo, não é mesmo?". Ela perguntou, ele apenas balançou a cabeça. Ninguém deixava Edward Darles.

"Pensei que o problema fosse eu". Felipe falou.

"Como assim?".

"Fiz um acordo com ele, eu iria estudar fora, e ele pararia de bater nela ele tinha prometido fui um idiota por confiar nele". Priscilla pegou na mão dele.

"As vezes nos culpamos por coisas idiotas que gente idiota faz, e não podemos ser assim, uma pessoa assim pode ser que sempre será assim, não é culpa nossa". Ela falou sem soltar a mão dele. Felipe ficou sentindo o calor da mão dela.

"E as vezes ficamos em dúvida se devemos ir embora, ou se damos mais uma chance". Ele a encarou e lembrou do que o Lucas disse. O ex dela era um cretino completo.

"O que Sebastian te fez?". Perguntou, mas logo se arrependeu ao vê-la se afastar.

"Não precisa contar, se não quiser".

"Nosso namoro não estava indo bem, era complicado, até que ele começou a falar das minhas roupas, do jeito que eu usava meu cabelo, ficou abusivo, mas nunca tinha passado disso". Ela solta um suspiro.

"Até que um dia, em um evento da escola, fiquei conversando com um amigo, apenas um amigo, e Sebastian surtou, quando chegamos no apartamento dele, ele me empurrou contra parede e me bateu no rosto". Felipe cerrou os punhos. Uma lágrima solitária caiu em seu rosto.

"Porque não o denunciou?".

"Sebastian é filho de um general, muito importante para Edward, ninguém acreditaria em mim". É por isso que ela também não consegue se afastar dele.

"Seus padrinhos sabem?". Ela negou.

"Seu pais vão saber?". Era estranho perguntar isso. Até pouco tempo, Priscilla não sabia sobre seus pais, e agora….

"O que eles fariam se soubesse?". Felipe deu de ombros, Alessandro era um homem justo de bom coração, totalmente diferente de seu pai, Felipe pensou.

"E Melissa?".

"Melissa saberá". Era incrível a conexão das duas, quando ficavam juntas em um só lugar, era como se o lugar ganhasse um novo tipo de energia. Ele a puxou para um abraço.

"O que veio fazer aqui mesmo?". Perguntou rindo.

"Raul mandou recado, dizendo que teríamos que ir no galpão, Pérola está de volta, queria saber mais sobre ela". Pérola, doce de menina. Perdeu a mãe quando tinha 8 anos de idade e é muito apegada ao seu pai. Sua tia só a visitava em ano e ano. Pérola nasceu com alguns resquícios de sereia, e é "prima" da Patrícia.

"Você vai adora-la".

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Pérola Perez, a princesinha

Sebastian um cretino, assim como Lucas disse. Até Suzana é melhor do que ele.

Edward ainda vai aprontar muita coisa...

Espero que tenham gostado.

Até logo. Bjs. Ana

Delamanth - Uma parte de mim - 1° da sérieOnde histórias criam vida. Descubra agora