Bom dia flor do dia

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-Bom dia flor do dia- ele disse exibindo um sorriso em sua face, eu diria que bem cara de pau.

- O que significa isso?- pergunto meio receioso com toda aquela situação. Não isso não poderia estar acontecendo. Aquele garoto na minha frente era um dos seres mais desprezíveis que eu já havia encontrado naquela universidade. E agora eu acabei aqui assim com ele?

-O que você acha que significa?- ele pergunta com seu tom debochado de sempre.- Não se preocupe Eren, eu não costumo dormir com alfas bêbados. - ele diz me estendendo a xícara de café.- Bebe isso antes que sua ressaca piore. Você tá um trapo.

Que ódio, além de toda a humilhação eu ainda tenho que escutar esse tipo de coisa, espero que ele fique sabendo que eu sou lindo até de ressaca. Minha frase morre antes do fim quando eu olho meu reflexo no celular que estava na mesa de centro ao lado. Eu realmente estava acabado.

-Se quiser um banho eu recomendo.

-Por que você tem que ser tão desprezível assim?- pergunto irritado com seu jeito.

-Que graça teria te tratar bem?- ele diz rindo mais um pouco da minha cara. - Mas eu gostaria de lembrar que você me beijou ontem.

Logo várias cenas invadiram minha cabeça, lapsos de memória rápidos que passavam diante dos meu olhos mostrando das cenas mais humilhantes. Se eu ainda tinha uma vida social e uma imagem perante algumas pessoas da faculdade tudo havia se pedido naquela noite. Fora meus amigos e o Levi que assistiram tudo de camarote.

-Sabe Eren, sempre achei que você fosse ficar com a Mikasa ela era caidinha por você. Mas seu professor?

-O que você tá falando?

-Logo no início do período eu vi vocês dois. Meio patético se deixar ser usado por ele. Todo mundo ali sabe que ele tinha um caso com o coordenador loiro forte mas aí eles viviam brigando.

-Para de falar merda antes que eu te quebre. Eu não estou de bom humor.

-Você mal pode se levantar sabia? Enfim, ele te deu um toco não foi? Acho que eles dois finalmente se resolveram, ouvi falar até de noivado.

Minha cabeça quase explodiu, eu já sabia de tudo isso, não precisava desse inútil jogando esse tipo de coisa na minha cara.

-Qual o seu problema? Por isso ninguém gosta de você. Te chamam de cobra do campus.

-Você não está muito atrás de mim.- ele diz soltando um suspiro e indo para dentro, mas ao longe ele ainda grita. - Tem toalha e roupas limpas no banheiro, tome um banho logo é sério.

Quando eu finalmente consegui sair do banheiro para mais um punhado de humilhações encontrei um Floch totalmente diferente ao qual eu estava habituado. O garoto ruivo possuía um semblante calmo diferente daquela sua cara de deboche que carregava por aí, para cima e para baixo. Ele estava sentado a mesa enquanto mexia no seu notebook, usava um óculos de hastes pretas e quadradas que o deixava bem mais sério.

-Que demora.- ele diz sem perder sua concentração.- Refletiu bem sobre sua vida lá?

-Por que você tá me falando essas coisas? Que liberdade você acha que tem?

-Estou te falando porque pelo visto só restou eu para esse papel.

-Eu não preciso que você tenha pena de mim, logo você...- ele não deixa eu terminar a frase.

-Logo eu o chato do campus.- ele diz irritado agora me encarando.- o mesmo chato que vem te acompanhando esses dias para não ser excluído, o que te leva para os bares para se animar ou sei lá afogar essas suas mágoas de corno. O mesmo chato que você beijou ontem.- ele diz a última parte mais baixo.- Esqueça, dê o fora daqui, cansei de ser bonzinho e de tentar te ajudar, vou me unir aos seus amigos no bonde anti eren.

Eu odeio seu jeito áspero de falar as coisas, e como ele faz piadas com isso, não gosto como ele trata as pessoas, e das fofocas que ele faz, o Floch não é um alecrim. Mas ele tem razão, pelo menos para mim ele vem sendo uma boa companhia ultimamente, e até que tem me ajudado bastante a sair dessa merda que eu me atolei.

-Desculpa.- digo sentindo minha garganta secar.

-Tudo bem, essa é nova, eu não estava esperando por isso.- Vou em direção ao sofá e sento lá sendo apenas seguido pelos seus olhos atrás daqueles óculos.

-Eu venho sendo um babaca com todos ao meu redor, devo tá acostumado a agir assim e acabei entendendo isso a você, que como disse só tentou me ajudar, por mais que você não seja lá um exemplo de bondade em pessoa, eu também não sou então não posso te julgar.

-Muito bem, estou ouvindo.- ele disse.

-Acho que minha relação com o Levi era tóxica e errada de ambas as partes e ele está certo em terminar. Mas eu estava cego e sendo egoísta demais. Talvez eu tivesse apenas uma leve obsessão por ele. Sabe eu não sei mais dizer se gostava dele, eu nem sei se conheço esse sentimento.

-Eren, as vezes quando a gente se apaixona ficamos cegos a realidade, e então quando acaba e passa o tempo nós acabamos vendo que as situações que estávamos não eram boas e realmente não eram para ser, acredite foi melhor assim. E sobre seus amigos tenho certeza que nem tudo está perdido. Ontem eles pareceram bem preocupados então acho que basta você se abrir para eles e pedir desculpas assim como fez agora comigo, eles te amam o suficiente para entenderem a situação.

-Obrigada Floch, acho que você realmente tem razão. Obrigada por me ajudar ontem e hoje também com essa conversa e por deixar eu dormir aqui.

-Tudo bem Eren, não precisa agradecer tudo, eu já entendi. Não foi nada.

-Mas eu ainda não entendo por que você fez isso por mim, assim, você não é muito amigável...

-Eu não sei, notei que você tava precisando, posso parecer egoísta, mas nem sempre sou.

-Entendi, obrigada mesmo de verdade.

-Olha só tenta resolver tudo com calma, procura eles e qualquer coisa da espaço para eles também. Volta a ser aquele Eren chato para eu brigar na biblioteca.

-Você lembra disso?- pergunto, de certa forma agora me sinto confortável e até mesmo feliz naquele ambiente que nós dois havíamos construído. O Floch é um beta, talvez por isso ele passe segurança, ele age mais racionalmente e tem esse olhar meio que de fora das coisas.

-Lembro. O grande Eren, mais popular do campus era um pé no saco, imagine como foi para um calouro como eu ter esse tipo de contato com você. E toda vez que alguém te endeusava perto de mim eu me sentia na obrigação de revirar os olhos.

Começo a rir lembrando da discussão boba que tivemos e como desde aquele dia nós claramente não nos dávamos bem. De repente a memória do nosso beijo veio bem fresca a minha mente, cheia de detalhes que eu julgava que não seria capaz de lembrar. Agradeci por ele ser beta, por que meu corpo começou a esquentar de um jeito que não sei explicar. Provavelmente eu estava soltando algum feromônio que ele não iria sentir. Fico um pouco constrangido com isso e começo a agir estranho.

O que faz ele notar que há algo de errado me deixando ainda mais nervoso. O Floch não é meu tipo, ele não tem nada de fofo, ele lembra até mesmo o Jean cara de cavalo. ele é grande apesar de magro e tem traços marcados, mas olhando bem para seu rosto ele tem algumas sardas nas bochechas e seus olhos são de um castanho amarelado bem penetrantes quando está com sua armadura, mas agora com a expressão calma eles ficam diferentes, parecem distantes.

-Aconteceu algo? -ele pergunta quando me vê levantando.

-Não eu só tenho que ir.- digo nervoso indo em direção a porta mas ele me impede segurando meu braço.

-Posso ser um beta, mas tem coisas que nós notamos sem precisar de instintos.- ele diz me encarando e se aproximando cada vez mas, reduzindo a distância entre nossos corpos de uma forma que eu não consigo me afastar. É diferente quando se é encurralado, mas nem tive tempo de pensar nisso quando nossos lábios tocaram novamente pois a partir dali eu, ou talvez meu alfa, assumimos o controle.

Viva por vocêWhere stories live. Discover now