Aposta idiota

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Eu estava tão triste e cansada. Era um pouco frustrante ficar naquela gravadora apenas ouvindo ordens. Mesmo assim eu me mantinha forte. Minha primeira música foi lançada a um tempo. Estava terminando o cd para lançar ele e depois finalmente os clipes.

Era um rotina exaustiva. Engraçado pensar que eu me sinto mais aliviada e feliz nessa loja de discos, ou vendo bandas pouco conhecidas para abordar no meu Twitter, do que realmente cantando. Eu sempre gostei tanto de música.

Ouço aquele sino avisando que alguém entrará na loja. Por curiosidade levanto meu olhar em direção a pessoa em questão. Essa loja não é muito frequentada, ainda mais essa hora da noite. Para minha surpresa lá está ela. A Ymir, vocalista da banda Attack.

Me aproximo por curiosidade vendo o disco em sua mão. Eu gosto dessa banda. Imaginei que teríamos gostos parecidos. Ela parece um pouco nervosa, deve ser por não gostar desse tipo de contato, mas mesmo assim ela não me trata mal e nem tenta se afastar, o que me deixa feliz.

Conversamos um pouco sobre bandas e realmente tínhamos o gosto parecido. Ficar com ela quase me fez esquecer a semana cansativa que eu vinha enfrentando. Quando ela quis me acompanhar eu tive que negar. O que ela pensaria se eu dissesse que havia um carro com motorista me esperando lá fora?

Vi ela sair da loja e caminhar até sumir de minha visão até finalmente entrar no carro e pedir para o motorista da gravadora me levar até minha casa. Essa proximidade com a vocalista desde aquela festa tem mexido um pouco comigo, eu já tinha uma queda por ela que só o Jean e o Marco saberiam.

Mas eu imaginada que era um crush bobo. Entretanto, não sei, tem algo que me interessa muito. Mesmo com seu jeito fechado e bruto. As pequenas brigas com o Jean. Seu cheiro. Nossas conversas confortáveis. Eu sinto uma paz ao seu lado. Mas nós nem nos conhecemos direito o que é estranho.

Chego em casa, mais uma vez sozinha. Minha mãe faleceu a um tempo e meu pai tem estado bastante ausente. Preparo um jantar, uma salada simples com um suco de laranja. Como na bancada finalmente pegando meu celular. A gravadora não permite o uso e eu também não sou tão ligada nas redes sociais.

Dou uma olhada no meu Twitter, a Ymir não deve ter entendido o que eu quis dizer com pesquisa de campo. Sorrio ao lembrar disso. Eu estava querendo achar algum conteúdo, faz tempo que não escrevo nada. Escrever essas resenhas me faz bem.

Noto algumas notificações de mensagens. Marco perguntando como eu estava, ele é um amigo muito bom e atencioso. Jean perguntando sobre uma possível saída amanhã. Respondo logo eles.

Eu e Marco participamos da alcatéia do Jean pelo mesmo ser nosso amigo de infância, mas não interagimos muito com os outros membros, é como se fosse duas alcatéias em uma e nós três formamos a nossa própria. Nós cuidamos um dos outros e compartilhamos tudo, ou quase tudo.

Subo para o meu quarto. Meu teclado e alguns papéis antigos estão jogados em um canto. Me jogo na cama de casal suspirando. A imagem de Ymir sorrindo vem em minha mente assim que fecho meus olhos. Sinto minhas bochechas corarem e as aperto com as mãos. Não pode ser, eu não teria chances com ela. Mesmo assim, ainda sinto meu coração esquentar, dou um pequeno sorriso antes de tentar dormir.
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A pior coisa que eu poderia ter feito foi essa aposta com o Jean. Eu não sou uma pessoa considerada fraca para bebidas, mas ele é um cavalo. Perdi a conta de quantos shots já demos. Eu não iria durar muito mais, porém a ideia de ter que contar para Mikasa que ela teria que ir a um encontro com o Jean fez eu criar forças para virar mais um copo.

Jean se mantinha inabalável, nossos amigos estavam todos ao nosso redor gritando coisas que eu já nem ouvia mais. Eu soava frio e o próximo shot tremia em minha mão. Olhei para o copo já sentindo minha cabeça girar e decidi que não conseguiria mais. Tive que engolir todo meu orgulho quando botei o copo de volta na mesa olhando para o Jean que debochava.

-Já não aguenta mais Ymir?- Ele disse sorrindo e depois comemorando sua vitória. Só pude notar como Historia sorria ao lado com Marco. Ele se aproximou apertando minha mão e depois dizendo baixo para que ninguém ouvisse.- Não esqueça nossa aposta.- Aquela aposta idiota me renderia uma bela de uma surra.

Sentei no banco acolchoado vermelho e por ali mesmo apaguei durante muito tempo da noite. Acordei com alguém segurando minha mão e falando próximo ao meu rosto.

Eu realmente não lembrava de nada depois que o show se encerrou e nós fomos a mesa, lembro de conversar com meus amigos, com a Hange e depois ver o Jean me chamar para nossa aposta.

Abro os olhos lentamente associando ainda tudo que havia acontecido e onde eu poderia estar. Me surpreendi primeiro com a garota loira chamando meu nove e então levantei de supetão, vendo que estava em algum quarto que não era meu.

-Onde eu tô?

-Certo,- ela disse se sentando ao meu lado havia uma xícara com algum conteúdo não identificado em suas mãos.-você apagou pelo resto da noite e sua irmã Sasha havia sumido. Não sabia bem o que fazer então acabei tendo que te trazer para a minha casa. Você está no meu quarto.

A ideia de está agora mesmo no quarto de uma ômega que já me deixava nervosa acabou fazendo não só eu, como meu alfa surtar. Levantei rapidamente proferindo diversas desculpas mas quando fui sair senti uma fraqueza quase caindo.

A ômega pequena me apoiou até que voltássemos para a cama onde ela me colocou sentada, logo em seguida me entregou a xícara que estava em suas mãos.

-Você bebeu muito e precisa descansar para não ter ressaca, toma esse chá vai ajudar.- Como eu poderia negar tal pedido? E ela tinha razão eu não tinha condições de ir embora agora.

-Não se preocupe comigo, eu posso dormir no quarto de hospedes essa noite.- Ela disse sorrindo amigável e eu apenas me senti bem cuidada e grata por tê-la ali. Eu não costumo aceitar esse tipo de cuidados mas com ela parecia natural.

Me encolhi dentre os lençóis, sentindo o cheiro doce da ômega muito forte, quase solto um rugido que precisei conter proferindo alguns sons esquisitos. Por sorte a ômega só sorriu, provavelmente achando fofo, melhor do que achar esquisito, mas mesmo assim corei violentamente e me escondi mais ainda debaixo das cobertas.

Vendo que eu não levantaria ela apenas pegou a xícara e deixou o quarto. A saída dela fez meu coração doer e eu senti vontade de chorar por algum motivo, eu devo estar realmente muito bêbada ainda então decidi apenas dormir.

Viva por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora