Extra: Sempre a mesma coisa

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Era engraçado como eu sempre voltava para a mesma estaca com ele. Agora sentado nesse sofá pouco confortável de um couro vermelho horrível, encarando aquela sua face fechada e de poucos amigos.

A maneira como seus olhos semiabertos percorriam o papel sem me dar a mínima atenção. Era horrível e torturante sempre passar por essa ansiedade do que ele pode fazer a qualquer momento com minha sanidade.

Engulo em seco quando seus olhos finalmente sobem de encontro aos meus, seriamente, como sempre faz. Sua sala emana seu cheiro omega provocativo. E como eu odeio esse odor. Odeio ser um objeto de desejo e distração para o outro.

Um alfa como eu, sendo usado dessa maneira por um omega. O pior de tudo é que eu gosto, gosto de ser tratado assim. Gosto desse ômega que pouco se importa com minhas necessidades. A quem não posso encontrar um lar e muito menos proteger. Quem não me pertence.

Ele brinca com minha ansiedade, prolongando esse momento um pouco mais.
Se levanta e faz aquele seu velho teatro, falando sobre comportamento e notas, mas aquele cheiro de chá e campo me garantem quais suas intenções. Tento me controlar, queria poder fugir disso. Mas quem eu poderia enganar? Eu não consigo e muito menos quero fugir.

Minhas mãos suam um pouco mais, quando ele sorri já notando meu descontrole, seu cheiro inebria todos os meus pensamentos, respirar se torna cada vez mais difícil.

-Algum problema Eren?

Ele me questiona se divertindo com minha expressão, quase rosno indignado para o mesmo. Professor Levi. Quando imagino seu corpo de pequena estatura colado ao meu noto que o suor já escorre meu pescoço. Mas preciso manter a pose, para não dar-lhe esse prazer de me ver avançar.

-Por que faz isso?- Ouso perguntar, recebendo um olhar cansado do mesmo.

-Do que está falando?

-Se você me quer tanto assim Levi é só pedir.- Falo irônico finalmente despertando sua raiva.

Ele deixa os papéis na mesa e desabotoa o primeiro botão da sua camisa social branca. Seus passos são lentos e calmos em minha direção. Não ouso mexer nenhum músculo quando ele se inclina sobre mim para falar em meu ouvido.

-Acho que no momento não sou eu quem deseja algo aqui.

Ele diz audaciosamente lambendo minha orelha devagar. E depois posicionando-se sobre meu colo. Um joelho em cada lado. Apenas para ver eu demonstrar o quanto o quero.

Levi pode ser muitas coisas, cruel é uma delas. Eu nunca vou entender essa nossa relação. Como ela começou, nem como irá acabar. É improvável a nossa combinação, e é por isso que é tão prazeroso.

Não acho que interesse amoroso seja algo presente aqui. Mesmo que algumas noites meu alfa interno suplique para eu o levar a força até minha casa. Toda vez que deixo sua sala, sinto um vazio que não sei explicar. Mas tento controlar isso, afinal nunca será recíproco.

-Meu diga Eren, o que você quer?

Ele continua suas provocações baratas. O couro do sofá já cola em minhas costas desnudas. Suas mãos passam por toda e extensão do meu tórax. Seguro em seus cabelos me aproximando de seu pescoço antes de depositar um beijo, digo.

-Você.

Sinto seu pequeno sorriso convencido sobre meu ombros. Antes de afasta-lo, o puxando pelos cabelos lisos e extremamente macios. Olho sua cara com desdém. Esse homem, não me traz nenhum bom sentimento e mesmo assim o quero por perto.

Finalmente tomo seus lábios em um beijo fervoroso. Essa química inexplicável, talvez seja pela adrenalina que causa essa relação tão sem sentido. Segurar sua cintura enquanto o mesmo bagunça meus fios com as duas mãos faz meu baixo ventre esquentar de uma forma que até hoje não sei por em palavras.

A sala que já explorei com Levi de todas as formas possíveis se torna cada vez mais abafada. A falta de ar logo nos atinge. Separo nossas bocas e o encaro, seu olhar agora é um mistério para mim, não é mais provocativo, mas mesmo assim não sei dizer o que ele quer, muito menos o que sente.

O deito no sofá, eu odeio muito esse sofá, por mim faria isso no chão. E é com esse pensamento que o ergo novamente, dessa vez levantando. O coloco com certa brutalidade sobre a mesa, não ligando para os papéis e coisas importantes ali colocadas.

-Eren.

Ele diz meu nome quase como um pedido, uma súplica para que eu o apeteça com o que ele queria. E assim o faço. A mesa de madeira range com o movimento que início. É bom que ela aguente até o fim pois não quero ter que me preocupar com isso.

Levi já joga a cabeça para trás, completamente entregue ao ato mais inconsequente que o mesmo poderia se prestar a fazer. Consequências, pouco importam agora, quando sinto sua cintura se movimentar em um perfeito rebolado que faz eu diminuir o ritmo.

Preciso me concentrar um pouco para me controlar e retornar aos movimentos. Ele coloca sua cabeça entre minha cabeça e ombro passando sua língua vagarosamente pelo meu pescoço.

Não sei mais quanto tempo isso pode durar. Mas queria prolongar o máximo, pois finalmente me sinto vivo. Quando passo minhas mãos por sua cintura até as costas, acariciando levemente. Sentir seu corpo é a melhor coisa do mundo.

Seu rosto leve de prazer é a visão mais linda de todas, sem aquela carranca, sem aquela postura toda, nesse momento ele é meu, pelo menos é assim que meu alfa se sente. E isso de certa forma me deixa feliz.

Já estamos provavelmente na décima terceira vez disso. Já foram salas de aula, sua própria sala, banheiro. Um dia foi seu carro. E aquele mais surpreendente quando veio até minha casa no cio durante a madrugada. Também foi o mais problemático. O desastre que poderia ter acontecido naquela noite se o Armin não estivesse presente.

Mas o tanto que meu alfa ficou feliz com aquilo, o meu ômega necessitado de mim em um cio, só de lembrar disso sinto que estou próximo do meu limite. Finalmente chegando a atingir meu prazer. Levi a essa altura também já havia atingido o dele, eu só não saberia dizer quando.

Me afasto do seu corpo a protestos do meu alfa, era sempre assim nessa hora. Eu queria limpa-lo, cuida-lo, levar para dormir em meus braços. Eu odeio esses pensamentos. Visto minhas roupas sem olha-lo, seria mais difícil sair dali sem um escândalo ou lágrimas, e eu não queria que ele visse isso.

Para minha surpresa seus braços me cercaram e ele colou sua cabeça em minhas costas. Apenas senti o quente de suas lágrimas em minha camiseta então meu alfa se descontrolou.

-O que houve Levi? Eu te machuquei.

-Não Eren, maldito. Apenas ignore, estou perto do cio e meu ômega fica carente.

Mais uma vez senti meu coração aquecer e um sorriso que quase não pude esconder. Me sentia inteiro quando sabia que seu ômega buscava conforto em mim.

-Como eu posso, ajudar?

Perguntei baixo, sentindo ele me soltar, seu afastamento subido fez meu peito doer, e eu quase me virei para encara-lo com olhar de cachorro sem dono antes que ele pudesse falar algo.

-Apenas vá embora, esse é o tipo de interação que eu não quero ter com você.

-Não é o que seu ômega faz parecer.

Falo já perdendo o controle, meu alfa se sentiu extremamente ofendido com a última parte. Eu qria gritar e gritar e depois força-lo a me aceitar do seu lado. Mas obviamente eu não poderia fazer isso. Respirei fundo, Levi não dizia nada, apenas vestia sua roupa íntima me olhando com seu olhar frio novamente.

Pronto, o pouco de tempo que eu conseguia vê-lo de outra maneira já teria acabado, e ele voltava a ser o grande filho da... Respirei mais uma vez. Já estava arrependido de tudo, era sempre assim, mas quando eu o via novamente, não conseguia negar. Porém com a raiva que eu estava agora tudo que eu queria era ir embora e nunca mais ver sua cara. Saí do escritório batendo a porta, mas fui seguido.

-Você ficou louco. Ainda estamos na universidade, e de dia por sinal.

-Se é assim você não deveria falar comigo.

-Tem razão.

Ele diz passando na minha frente e descendo as escadas, eu o segui até o final delas. Vendo-o dobrar a direita rumo as salas de aula, fui para a esquerda, rumo ao refeitório.

Viva por vocêWhere stories live. Discover now