XVII

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Hoseok

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Hoseok

Não lembro exatamente o momento no qual eu me dei conta de que era uma pessoa, não sei ao certo qual a minha lembrança mais antiga, ou o que era de fato uma lembrança minha ou apenas uma projeção do que me contavam de quando ainda não tinha ciência de ser alguém. Agora tentando olhar para trás e ir fundo nessa caixinha de fotos antigas no meu cérebro talvez eu descreveria a minha visão como bebê como um grande borrão colorido, fogos de artifício sem forma, vez o azul claro do céu, vez o azul escuro com pontos cintilantes do céu estrelado a noite, vez a luz branca do teto do quarto, apenas cores.

Mas de uma coisa eu era certo, desde que sabia que existia, quando tudo começou a ter sons e formas e não mais apenas cores, eu era feliz. Eu lembro da alegria, a sensação quente que nunca deixou meu peito, o sentimento que me fazia sorrir para todos, ser gentil, o sentimento que era a base do meu ser. Eu sempre tive tudo que uma pessoa pudesse ter, pais que me amavam, uma irmã que cuidava de mim, amigos incríveis que eram verdadeiros anjos na minha vida, saúde. Eu era completo.

Mas vez ou outra nas estradas durante viagens, encarando o céu azul, as nuvens passando se desfazendo em outras menores até desaparecerem na aurora do pôr do sol, eu queria mais, eu queria algo que não sabia o que era e queria saber de mais. Por que o céu era azul? Se as nuvens são apenas água em uma de suas formas físicas aglomeradas, por que conseguimos ver? Sempre encarei como curiosidade de criança.

A grande maioria tinha respostas, como o oceano ser azul por ser reflexo do céu, a água do mar ser salgada pela forma como as ondas batiam nas rochas pouco a pouco levando uma parte delas, a luz que a lua emite nada mais é do que um reflexo da luz do sol. Mas quem ou o que criou todo o mundo que vivemos? Era uma resposta que eu não tinha, assim como a resposta para o pontinho vazio que existia em mim que me fazia querer algo mais, pequeno o suficiente para não me incomodar tanto mas presente o bastante para sempre me lembrar que estava ali, como a ervilha da história da princesa.

Big bang, Deus ou deuses, pensar nessas coisas faziam minha cabeça doer, minha família nunca fora religiosa mas assim como a maioria eu sabia da existência da história cristã, uma força maior que ministrava tudo e todos, mas isso fazia minha vida parecer um tanto sem graça e insignificante, eu seria assim só mais um dentre milhares, o que me destacaria aos olhos do tal criador? Talvez daí tenha nascido meu ceticismo, da angústia que sentia em pensar que eu era tão pouco, quase nada.

Cheguei a pensar em anjos antes de chegar na conclusão do destino ocasional, mas aí qual seria o propósito deles? Seres poderosos semelhantes a nós com asas? Alguns diziam que podiam nos dizimar a pó, outros diziam que eram amigáveis e calorosos espalhando bênçãos por aí, e eu? Dizia que não existiam, afinal meu ceticismo e minha cabeça com pensamentos a mil sempre achavam uma razão lógica mesmo que muito besta. Mas eu acreditava em algo, no destino, no mais puro acaso, na sensação de que eu estava seguindo um caminho traçado e que algo estava planejado para mim.

Falling ❧ Myg + JhsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora