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Uma semana depois

Com as mãos dentro dos bolsos da calça moletom que eu usava, eu andava lentamente olhando em volta daquele lugar que mesmo de dia com a luz do sol batendo nas diversas lápides que haviam ali ainda sim era um lugar macabro.

Parei em frente a lápide da minha mãe e suspirei olhando pro nome e a homenagem gravados nela. Mesmo que não houvesse ninguém por perto e meus pais e Fanny estivessem a centímetros de mim eu comecei a falar baixinho;

- Oi, mamãe...Como você está? Espero que esteja tudo bem. - Suspirei tirando uma mão do bolso colocando em cima de sua lápide. Eu quase nunca sabia o que dizer nessas horas - Fui diagnosticado com depressão. É... uma merda, eu sei. Depois que a senhora foi embora tudo ficou muito complicado, mas muita coisa deu certo também. Pessoas maravilhosas cruzaram meu caminho e fizeram eu me sentir especial novamente. Lorena - Olhei pra trás vendo os três encostados no carro que estava estacionado a alguns centímetros dali. Suspirei voltando a falar mais ainda olhando pra eles que me olhavam de volta - Lorena fez muito bem o papel de mãe pra mim, não que eu tenha a colocado em seu lugar, não. Ninguém jamais chegará a seus pés. Mas ela me recebeu de braços abertos e mesmo sem me conhecer me acolheu e cuidou de mim.- Voltei a olhar pra sua lápide e soltei mais um suspiro- Lorenzo me aceitou muito bem. Apesar de você ter me falado diversas vezes que ele era uma pessoa maravilhosa ainda sim eu temia pelo pior, mas ele me amou desde o primeiro momento, obviamente depois de ter desmaiado claro e a Lorena tendo que ameaça-lo.

Soltei uma risada baixa antes de prosseguir;

- Eu ganhei duas irmãs maravilhosas que eu daria a vida. Tudo bem que uma delas tiraria minha vida sem mais nem menos, mas isso é apenas um detalhe. Eu realmente morreria por elas e mataria também. A vida não foi muito boa pra mim, mamãe, mas eu juro que tô tentando ser forte e ficar bem. As vezes é difícil manter a calma e a positividade, mas sempre que eu desanimo eu olho pra Taylor e minha família e sinto minhas forças renovarem, eles são meu combustível... Eu encontrei uma pessoa legal mãe, encontrei uma pessoa que cuida de mim e que me ama mesmo quando eu acordo na madrugada gritando por causa de pesadelos, mesmo tendo que manter a sanidade a base de remédios ele me ama e tá sempre ao meu lado me ajudando e sendo minha âncora. Eu o amo com todo meu coração e pretendo continuar o amando.

Suspirei sentindo meus olhos encheram d'água e coloquei ambas as mãos nos bolsos do meu casaco. Olhei pra lápide novamente sentindo meu peito afundar mas eu estava mais satisfeito dessa vez.

Durante os dez anos que eu vinha aqui eu não falava absolutamente nada e ficava apenas horas a fio olhando pro seu nome e homenagem com mil e uma coisa pra falar mas nunca de fato dizendo nada por que eu simplesmente não sabia como.

- Eu te amo, mamãe. E só queria dizer que apesar de tudo... estou bem.

Me virei de costa andando em direção ao carro com mil lágrimas prontas pra cair.

Assim que cheguei perto deles Fanny foi a primeira a me abraçar fungando com o rosto em minha barriga, passei a mão em seus cabelos como o sol e os beijei sorrindo fraco pros seus olhos e nariz vermelhos com lágrimas secas.

Abracei meus pais e entramos no carro já indo em direção ao aeroporto por que eu tinha uma pessoa me esperando e queria encontra-la o mais rápido possível.

[...]

Desci do Avião e entrei no carro junto com meus pais e Fanny.

Não avisei Taylor ainda que já estou na Itália e pretendo avisa-lo apenas quando eu estiver em casa.

Depois de alguns minutos cheguei em casa e me despedi dos três que me deram sorrisos triste e seguiram seus caminhos.

Entrei no prédio puxando minha mala de rodinha atrás de mim e peguei o elevador subindo pra casa.

Será pra sempre você - Livro 1 DaTrilogia: Filhos Ricci's  Where stories live. Discover now