28. Susan Gilbert - o retorno!

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Nota: sei que demorei um pouco mais dessa vez pra atualizar, mas direi o motivo lá embaixo.
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Sue

— E então? Como vai ser a partir de agora?

Estava com as duas mãos sobre a mesa e o corpo inclinado para frente, encarando meu pai. Pela minha postura intimidadora, pode até parecer que eu estava exalando autoconfiança e determinação, mas a verdade é que meus dedos apertavam a madeira do móvel com força a fim de que não ficasse visível minha tremedeira.

Eu estava nervosa. Muito. Mas sabia que se deixasse transparecer eu perderia tudo aquilo que estava tentando reconquistar desde o começo do mês.

Meus olhos estavam fixos nos dele, não desviei em momento algum, minha expressão com certeza era a mais rígida e fria possível, do jeito que eu sei que ele gosta que eu esteja. Eu fazia uma contagem mental para respirar. Um, dois, três, inspira. Um, dois, três, expira. Porque sabia que se não me controlasse eu abriria a boca mostrando minha falta de ar e toda a ansiedade que me acometia.

Podem trazer o Oscar de melhor atriz para mim, porque acho que estava fazendo um ótimo papel.

— O que exatamente significa a sua pergunta?

Não ficando por baixo, é óbvio que Thomas também retribuiria meu tom desafiador. Mas ele era muito melhor nisso, porque sabia que ainda era meu superior e eu estava sob suas ordens. Provavelmente seus pés não pareciam flutuar instáveis sobre o chão, ele até sorria como se eu fosse uma piada. E talvez eu fosse, mas hoje ele não riria da minha cara, hoje eu não me deitaria no chão para que ele pisasse em mim. Não hoje.

Meu pai sempre deixou claro que gostava quando seus filhos demonstravam força e atitude, e eu sempre fui a que mais indiquei ter esses atributos — pelo menos no começo —, mas de uns tempos para cá eu perdi meu ímpeto e ele se aproveitou de meu período de fraqueza para me humilhar e me manipular.

Precisava dar a volta por cima, era uma questão de sobrevivência.

— Eu fiz tudo o que você queria nessas últimas semanas — eu comecei meu argumento, controlando tanto minha voz para ela não denunciar minha tensão, que incrivelmente ela não falhou em nenhum momento, e eu me orgulhei do meu desempenho. — Eu saí em missão todas as noites, fui sua isca ideal até encontrarmos e matarmos aquele homem. E agora que tudo isso acabou, eu quero minha liberdade de volta.

Fui incisiva com minhas palavras, ainda tentando controlar a respiração e sustentando o olhar naquele que me encarava de volta com os cotovelos sobre a mesa e as mãos cruzadas. Ele era meu pai, eu não deveria ter medo de uma conversa séria com ele, mas ele não era um pai comum, ele era poderoso e sabia disso. Como chefe da Máfia G, ele conseguia ter tudo nas suas mãos, inclusive seus filhos. Se eu quisesse jogar de igual pra igual, tinha que tentar meus próprios meios.

— Está falando da faculdade? — ele perguntou sem exaltar a voz, e eu tinha mais medo dele aparentemente sereno do que raivoso. Sabe lá o que pode se estar passando nessa cabeça maquiavélica.

— Sim — eu não dei para trás. — Você mesmo sempre disse que não era favorável manter seus três filhos sempre trancafiados dentro de casa, e que deveríamos tentar viver como os outros da nossa idade para não levantar suspeita. Acho que já fiz o que deveria ser feito, e, reconhecendo meu erro e me comprometendo a não baixar mais a guarda, eu mereço um novo voto de confiança.

Quem me visse de fora com tanta firmeza até se surpreenderia, mas por dentro eu estava segurando minha vontade de sair correndo — apesar de que seria mais provável que eu desmaiasse no meio do caminho.

Crime & Recompensa - EmisueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora