40. Sessão de terapia

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Nota: caramba, capítulo 40. Às vezes nem eu acredito que já escrevi tudo isso, fico impressionada. Estou feliz por ter chegado até aqui, e principalmente feliz por estar viva já que passei a última semana chorando pensando que ia morrer porque estava doente. Mas graças a Flávia, que me deu assistência no twitter repetindo a cada dois minutos que eu não ia morrer eu estou aqui para entregar essa atualização pra vocês.
Obrigada, Flávia, por ter sido minha enfermeira particular e me ajudado. Por favor, sejam educados e agradeçam a ela também!
É isto, podem ler.
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Emily

Sexta-feira, 11 de março.

Susan Gilbert, nós temos um problema.

Já se passaram dois meses e treze dias desde que você foi embora, e mesmo com as vinte e quatro horas virando e reiniciando todos os dias, o tempo não é meu amigo, ele não cura minhas feridas, ele não me ajuda, não faz aliviar em nada a dor que eu sinto. Continuo cheia de aflição, me perguntando se você aparecerá de repente como uma surpresa anunciando que chegou.

Queria te abraçar, Sue. Eu sinto saudade do seu cheiro e do seu toque. Sinto saudade de te beijar. Nossa, como sinto saudade de beijar você... Por que as coisas tinham que ser assim? Se eu soubesse que aquele beijo no meu carro seria o último, certamente teria te beijado muito mais, te agarrado comigo e não te solto por nada.

Tantos meses sem teu abraço me deixaram em abstinência. Sinto como se tivesse me viciado nos teus carinhos e agora que não te tenho para me dar, um vazio engole meu peito e me faz chorar. Por quanto tempo mais eu terei que existir sem eles? Não sei se consigo sobreviver, Sue.

Definitivamente não sei se consigo.

[...]

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Era sexta-feira, dia de consulta. Não que eu tivesse estabelecido uma rotina do "dia da terapia", mas com a insistência da Lavinia e meu sentimento de culpa pelo jeito como nossa conversa terminou da última vez, eu concordei em continuar conversando com a Anna Bailey - sim, eu dei uma olhadinha na ficha da psicóloga depois da primeira consulta para confirmar seu sobrenome.

Eu ainda não me sentia confortável com isso. Mudanças geralmente não me incomodam quando sei que são boas para mim. Eu sinto receio, é claro, mas se algumas coisas precisam mudar para melhorar, eu não quero ficar estagnada. O problema era que eu não sabia para onde essas consultas me levariam.

Eu poderia sair dali hoje me sentindo muito melhor ou pior do que quando entrei. Era como um sorteio, não fazia ideia do que estava por vir e meu nervosismo só estimulava a psicóloga a ficar me avaliando com aqueles seus olhos atentos, como se eu fosse um mistério que ela deveria desvendar.

Bom, eu não queria ser desvendada.

Sentada na minha cadeira, hoje não havia uma mesa entre nós duas. Anna estava na minha frente e ajeitou os óculos no rosto antes de começar a falar:

- Bom te ver aqui de novo, Emily Dickinson. Não parecia muito animada na última sessão para um retorno, mas fico feliz que tenha mudado de ideia.

- Eu não mudei de ideia - respondi. - Só vim porque minha irmã pediu.

- Então acho que devemos aproveitar o tempo que temos, quem sabe assim você não se sinta mais confortável, e se não funcionar, eu posso conversar com a sua irmã e indicar outro profissional.

Não era bem isso que eu queria, outra indicação. Se bem que uma conversa com a minha irmã para ela desistir de me levar eu aceitaria, mas com certeza não seria isso que Anna diria para a Vinnie.

Crime & Recompensa - EmisueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora