Magia

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A pena de Harry seria capaz de hipnotizar Hermione com sua velocidade se a garota não estivesse tão absorta em seus próprios relatórios naquela tarde. Os dois não ouviam nada além do arranhar das penas nos pergaminhos, focados em terminar as inúmeras pilhas que – magicamente – acumularam em suas mesas nas últimas semanas, pensando em inúmeras maneiras de, além de resolver os próprios problemas, terminar a pilha antes que o outro, tornando aquele silêncio quase suportável. O rapaz, que havia recém chegado da lua de mel, trabalhava em um caso de prisão de um dos últimos comensais ainda soltos, e praticamente não piscava enquanto lia os relatórios dos aurores alemães que, até então eram responsáveis pelo caso, enquanto Hermione trabalhava em seu último caso para o Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, o último dos casos nos quais trabalhava desde Buenos Aires e o único que lhe separava de uma conversa com o Ministro da Magia, como haviam combinado. Conversa essa que determinaria seu futuro dentro do Ministério, e o departamento em que atuaria.

— Eu realmente não entendo o que leva uma pessoa a tudo isso. — Harry suspirou, o que pareceram horas depois, fechando e encerrando mais um relatório. — Esse comensal vem deixando rastros e mais rastros durante as fugas, como se quisesse ser encontrado, sabe?! O problema é que esse... Monstro não deixa rastros através de mensagens ou, não sei, uma casa destruída. Ele simplesmente mata elfos domésticos, e o pior, sem usar magia. Tortura, Hermione. Em que ano estamos, Idade Média? É frustrante.

A garota parou por alguns segundos, analisando as palavras de Harry. Crueldade não era o suficiente para a situação, e precisavam de uma solução para aquilo e, principalmente, prender o maldito comensal. Porém antes que ela pudesse concordar ou responder o amigo, sua mente fez um click, ligando todos os pontos que ela analisava aquele tempo todo: os sumiços de elfos nos mais diversos lugares do globo, as mortes inexplicáveis e todo o resto que ela estudava desde que chegara a Buenos Aires, e tudo isso se conectava ao mais novo caso de Harry, para o qual ela já tinha mil e uma teorias e planos articulados.

— Conheço esse olhar. Você teve uma ideia, não teve? — o moreno suspirou, sorrindo mesmo que sem querer.

— Vai ter que me desculpar, Harry. Eu sei que você fez o ministro em pessoa me proibir de atuar em campo de batalha, mas acho que esse caso agora é nosso e eu tenho o que você precisa para pegarmos esse cara.

(...)

— Eu não acredito!

— Como se alguém tivesse dúvidas de que Hermione é brilhante. — Harry sorriu, largando o copo na mesa e sorrindo para a amiga. Era sábado à noite e, como sempre, eles estavam reunidos na casa dos Weasleys, a pedido de Molly. 

— É claro que ninguém tem dúvidas disso, Harry. Mas você tem noção de quantos aurores estavam nisso antes?! Quer dizer, eles precisaram de ajuda para resolver algo que Hermione fez em o quê?! Cinco minutos. — Rony sorriu, enfiando mais uma garfada na boca antes de continuar. — E eles ainda têm coragem de dizer que são os melhores.

O trio comemorava a resolução do caso, enquanto Hermione tentava não se distrair tanto. Sabia que agora teria que decidir o que vinha adiando por quatro anos, mas ainda não se sentia pronta para uma troca de departamentos. Ou apenas não estava segura sobre isso. Ignorando os deboches de Rony, serviu a filha mais uma vez e voltou sua atenção para o próprio prato, quase vazio: depois de quase três semanas, podia voltar a saborear as delícias da Sra. Weasley sem se preocupar com olhares ameaçadores ou com ter que cuidar com quem conversava.

Assim que terminaram de comer, Gina e Hermione expulsaram Molly da cozinha, alegando que podiam cuidar da louça enquanto eles poderiam ir conversar na sala, e que, de preferência, fizessem Harry e Rony parar de comentar sobre a tarde no campo de batalha que o trio tivera. Depois que conseguiram liberar o ambiente e enfeitiçar a louça para que se limpasse sozinha, tudo o que Gina e Hermione fizeram foi sentar à mesa e colocar os papos em dia, falando sobre tudo e nada enquanto riam bastante, parando somente quando Molly invadira a cozinha para servir a sobremesa que havia esquecido, levando a dupla para a sala com ela. Reunidos, agora com os gêmeos, desfrutaram de mais uma das delícias culinárias da matriarca.

Como se ainda fosse real - fremione   //Concluída //Where stories live. Discover now