Primeiro de abril

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― Se você não se mexer em meio minuto, vou te levar de volta para o hospital. ― Draco olhava para a amiga há longos minutos e começava a se preocupar: a garota estava imóvel, sentada na bancada da cozinha, ainda de casaco e olhando para o chão. O loiro não sabia quanto tempo ela havia ficado assim, mas suspeitou do motivo quando Hermione finalmente o olhou, os olhos brilhando com as lágrimas que segurava.

― No que eu estava pensando quando voltei pra cá? ― a garota perguntou, levantando e ligando a cafeteira, virando as costas para o amigo. ― Quer dizer, estávamos tão bem lá. Rose estava bem, e o trabalho não era ruim, claro que eu sentiria muita saudades de Harry, Rony e Gina, mas pelo menos eu saberia que tudo estaria tranquilo e bem, nada disso estaria acontecendo, essa confusão... E eu teria você. Então, por favor Draco, por que eu resolvi voltar? ― sentiu as lágrimas caírem ao mesmo tempo em que o rapaz a abraçava, trazendo-a para bem perto de si e sentindo a garota o apertar de volta. Pegou a amiga no colo e a levou até o quarto, colocando Hermione na cama impecavelmente arrumada e deitando com ela depois do pedido silencioso da garota. Milhares de perguntas enchiam sua cabeça, mas sabia que não era o momento para fazê-las, assim como não era momento para conversarem sobre o ataque sofrido por ela; teriam tempo e tudo o que ela precisava agora era um amigo.

...

―Eu deveria voltar.

―O que quer dizer com isso, Hermione?

―Você entendeu. ― a garota respondeu, largando a xícara no criado-mudo ao lado da cama. ― Eu lhe disse, Draco. As coisas eram mais fáceis lá, tudo estava bem. Deveríamos voltar. Eu, você e Rose, como no começo.

― Eu realmente não sei o que aconteceu com você, mas provavelmente esqueceu de tomar algum remédio. ― o rapaz respondeu, arrancando uma risada da amiga. Ponderou tocar no assunto no momento, mas não podia deixar a garota no escuro por mais tempo. ― Por falar nisso, precisamos conversar.

― Eu sei. Você nunca voltaria atrás tão cedo depois de uma briga se não tivesse um motivo. ― ela suspirou e se soltou do abraço do loiro, olhando para ele. ― O que tem a me dizer, doutor Malfoy?

― Imagino que você saiba que não era necessário ficar todo esse tempo no hospital, não é?! ― ele perguntou, preparado para o acesso de raiva da garota. ― Mas foi preciso fazermos mais alguns exames porque, bem, ninguém fazia ideia do que estava acontecendo com você. Tinham noites que você parecia bem, quase pensávamos em lhe dar alta, e então, era como se seus pesadelos se tornassem reais. Como se você os vivesse dentro da sua mente, mas as consequências aparecessem fisicamente. Sua cicatriz sangrava e alguns machucados surgiam do nada.

―Magia negra, não é?

―É o que achamos. ― o loiro suspirou. Não queria entrar em detalhes porque, acima de todos os problemas, não saberia explicar. ― Procuramos em todos os livros possíveis, e não encontramos resposta alguma, então imagino que saiba que daqui pra frente...

― Você vai ser minha babá. ― Hermione sorriu, revirando os olhos. Suspeitava que essa seria a reação do amigo de qualquer jeito, então não fora tão surpreendida. Tão. Afinal, não esperava todas essas reações por causa de um feitiço, por uma breve distração em campo de batalha.

Tratou de mudar de assunto depois de mais algumas tentativas de entender o que o amigo dizia, e Draco a convenceu de aproveitarem bem a tarde antes de buscar Rose com os ruivos, embora os dois soubessem que Hermione não aguentaria muito mais tempo longe da filha.

...

A semana passou na mesma velocidade de uma lesma. Hermione agora trabalhava trancada no escritório - sob ordens de Harry e do ministro - analisando pastas intermináveis, cheias de papéis. Sentia que sua cabeça explodiria a qualquer momento, e ainda estava controlando - ou tentando - a própria boca para não argumentar com o amigo sobre a decisão. Sentia-se como uma pessoa má pagando pena, mas não precisava de outra briga com um amigo. Suspirou e olhou para o relógio na parede pela milésima vez na tarde e ficou feliz ao ver a coruja branca do lado de fora da janela.

Como se ainda fosse real - fremione   //Concluída //Where stories live. Discover now