[6]. I will get a girlfriend

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No sábado eu mal pude dormir direito.
Meus pensamentos eram todos sobre Rosé e o segredo que ela sabia.
Eu era tão óbvio assim? Eu sei que às vezes era inconsequente e encarava-o demais, mas para não ser mal interpretado encarava outras pessoas da mesma forma.
Sempre fui muito cauteloso em relação aos meus sentimentos quando não estávamos sozinhos. Aliás, até mesmo quando éramos só nós dois eu tentava esconder tudo, ele amava Heather e certamente nunca mais olharia na minha cara se desconfiasse que eu ia dormir imaginando histórias entre nós dois.

Ao mirar a janela em busca de raios solares meu humor despencou igual as gotas de chuva que caíam do céu.
Chuva significava ficar preso em casa e ficar preso em casa significava apenas uma coisa.

ㅡ Changbin! ㅡ Eliot entrou no quarto correndo e Daisy surgiu logo após, estava de chupeta e calçava as pantufas de alguém três vezes maior que ela. ㅡ Veja, ela está andando! Não vamos mais precisar carregá-la no colo, agora ela está independente!

A irmã caiu logo após ele apontar em sua direção e o choro alto que deu início me fez querer chorar também, de frustração.
Eram sete e meia da manhã, deveriam ter sido acordados pelos trovões.

ㅡ Acho que ela deve praticar mais. ㅡ  Levantei-me esticando as costas e o bebê veio até mim choramingando. Apoiou-se em minhas pernas e levantou. Só então notei que as pantufas que usava eram minhas.

ㅡ O que vamos fazer hoje? ㅡ Eliot me puxou pelo pijama enquanto eu pegava Daisy nos braços. Ela estava chorando novamente, pedia colo. ㅡ  Uno? Dominó? Karaokê? Podemos fazer biscoitos! E se você me ensinar a falar coreano?

ㅡ Podemos brincar de o mestre mandou. O mestre mandou arrumar minha cama.

ㅡ Okay! ㅡ O garoto correu até os lençois e começou a organizar tudo velozmente. Aquilo sempre funcionava.

Escovei os dentes com Daisy ainda nos braços. Ela ficava manhosa naquele horário, chorava por praticamente tudo e não dormia de jeito nenhum.
Eliot veio avisar que terminou de arrumar minha cama e saltitou de irritação quando disse um "o mestre mandou brincar com o Eliot" e eu não obedeci.
Descemos as escadas em uma confusão só. Daisy choramingava sem motivo aparente e ele choramingava por eu não aceitar que ele era o mestre da vez.

ㅡ Mãe, o Eliot está irritando a Daisy. ㅡ Coloquei o bebê na cadeirinha e sentei-me na cadeira ao lado. A mulher, que ocupava-se na fritura de alguns ovos, virou-se em direção ao filho e ele se calou imediatamente, ainda emburrado.

ㅡ Hoje é dia de faxina. Vamos todos ajudar a mamãe. ㅡ Lembrei.

Thomas, que até então eu não havia notado, soltou um muxoxo de onde estava.
Pela posição que segurava o celular, deveria estar jogando alguma coisa.
Os olhos fixos na tela do aparelho não notaram quando eu roubei uma uva do seu prato.

ㅡ Amanhã vamos fazer um picnic para recompensar quem trabalhar duro hoje e quem não ajudar em nada vai ficar de castigo no porão. ㅡ Ela piscou enquanto colocava ovos no meu prato e eu ri porque Eliot era o único que acreditava no "castigo do porão".

ㅡ Mãe! O porão não!

E assim passamos o resto do dia.
Limpei meu quarto e o quarto dos meus irmãos, Eliot colocou os pratos pra lavar e limpou a estante da sala, Thomas passou aspirador pela casa e mamãe lavou nossas roupas.
Era o mais trabalhoso visto que as roupas de Eliot eram encardidas de lama e comida, ele não parava quieto nem um segundo sequer, estava sempre se sujando.
Cuidei de Daisy quando terminei minhas tarefas e durante a tarde, almoçamos torta de frango.
A chuva ainda caía.

Após o almoço, Thomas sugeriu um filme da Marvel e sentamos na sala para assisti-lo.
Aproveitei que estavam todos quietos e peguei o celular para checar as mensagens que tinha recebido.
Haviam duas de Heather e trezentas e trinta no grupo do clube de teatro.
Ainda estavam tentando decidir quem seria a protagonista do musical que estávamos organizando.
Eu não atuaria, estava encarregado de puxar as cortinas.
Não achei essa tarefa ruim, era mil vezes melhor que fazer papel de bobo no palco.

i wish i were heather.Where stories live. Discover now