27. Whalien 52 (parte 2)

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Os olhos do doutor cintilaram em minha direção, e foi então que notei o brilho sutil de preocupação neles, iluminados pelas luzes fluorescentes, e a forma como os cantos pareciam tensos e injetados, ainda que estivesse tentando esconder tudo com educação. Eu desconfiava que ele entendia pelo menos um pouco do quanto os horários de visita com Chung-hee eram importantes para mim, e mesmo em meio à sensação estranha arraigada em meu estômago e ao calafrio que percorreu meu corpo ao encarar as emoções em seus olhos, assenti rapidamente, apreciando o gesto e o respeito do doutor Seo antes de segui-lo.

Foi quase impossível impedir meu corpo de se encolher enquanto seguíamos pelos caminhos até a sala ao passarmos pelo balcão central dos enfermeiros, que olharam em minha direção para me cumprimentar com seus sorrisos mínimos nos olhos outra vez. Estando mais perto, pude encontrar até mesmo olhares pesarosos em minha direção, como se estivessem com verdadeira pena de alguma coisa.

Senti mais uma onda de calafrio arrepiante me estremecer dos pés à cabeça ao passar por eles, o suficiente para me deixar tonta por alguns segundos com toda aquela sensibilidade que com certeza não estava ali antes, me sentindo muito exposta, de repente. Minha visão só voltou a se ajustar à minha frente quando quase esbarrei com as costas do jaleco do doutor Seo muito próximo ao meu rosto enquanto ele abria a porta de sua sala e dava um passo para o lado, indicando que eu poderia entrar primeiro.

Apesar do ambiente particular do doutor Seo Eojin ser muito mais aconchegante e receptivo com seus tons de laranja e marrom que todo o resto do décimo terceiro andar, parecia estranhamente errado avançar pelo tapete para além do sofá em direção às cadeiras em frente à sua mesa muito bagunçada e de aparência muito formal que não combinava nem um pouco com a energia gentil que ele emanava, o que fez minhas pernas rígidas ficarem imóveis pouco depois de passar pela porta, ainda de pé, enquanto esperava que o doutor se virasse na minha direção outra vez, assistindo em um silêncio ansioso e quase ensurdecedor enquanto ele revirava alguns dos muitos papéis sobre sua escrivaninha, os ombros largos parecendo muito mais tensos do que a postura da costura de seu jaleco deveria salientar.

Quando finalmente se voltou para mim — depois de longos segundos que eu podia sentir que serviram para que ele se preparasse e se compusesse o suficiente para o que quer que estivesse prestes a fazer —, o brilho súbito das muitas emoções em seus olhos e em todo seu semblante, que ele civilizadamente escondia por trás de máscaras higiênicas, cintilou tremulamente em minha direção, fazendo mais um calafrio percorrer minha espinha em direção às pernas, e meus joelhos bambearem, abalando todo o meu corpo ao não encontrar a simpatia e a polidez costumeiras em seu rosto.

Foi preciso um esforço quase inumano para lutar contra todas aquelas sensações inconstantes para reunir força o suficiente para fazer as palavras rolarem pela minha língua com um mísero fiapo de voz:

— O que aconteceu?

Os ombros tensos do doutor Seo murcharam debaixo do jaleco quando seu olhar se tornou muito pesaroso, quase como se ele já não aguentasse mais suportar o esforço para tentar esconder aquilo.

— Chung-hee hyung teve uma parada cardíaca durante a madrugada — disse, e a fraqueza de suas palavras e de sua voz fizeram meu peito apertar ao redor dos pulmões no mesmo instante, roubando todo o ar com um arquejo dolorido. Meus joelhos bambos perderam as forças e vacilaram totalmente, me fazendo cair sentada sobre o sofá. Os olhos do doutor se arregalaram e ele pegou alguma coisa em sua mesa, tateando cegamente antes de se apressar em minha direção. — Eu e a equipe conseguimos estabilizá-lo a tempo. Ele continua estável desde então, e nós ajustamos um pouco a dose dos sedativos, e estamos monitorado-o o tempo todo para que possamos cuidar dele o mais rápido possível se isso voltar a acontecer.

Spring Day // Butterfly: segunda temporadaWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu