Capítulo 180

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Petra Pritchett
Abbottabad, Paquistão
26 de maio de 2011 | 16:09

 São quatro horas da tarde. Meus meninos cuidaram de tudo. Acabo de passar pelo segundo portão de ferro. Eles nem devem ter percebido que a luz foi cortada ainda. Os hábitos dele vem sendo estudados há meses. Até a TV só é ligada a noite. Nada de rádio, celular ou internet. Foi isso que chamou nossa atenção. Como alguém multimilionário que vive em uma casa como está não tem nenhuma tecnologia em casa? Nem mesmo a mais mediana? Bem, a resposta é simples. É alguém que está se escondendo

 Nós investigamos todas as casas. E a única que nos deixou intrigados foi essa. Como eu também escutei muitos gritos e risos de crianças, bem, optei por entrar sozinha. Minha missão aqui é matar Osama sem alarde

 Para que as crianças não se assustassem com minha presença até deixei a maior arma no carro e trouxe comigo apenas uma pistola com silenciador. Burrice? Sim! Mas, andei pensando. Se eu tenho filhos pequenos e um cara entrar na minha casa para me matar, eu prefiro que ele seja o mais discreto possível e que não assuste meus filhos

 Devagar ando até a porta. Está entre aberta e daqui escuto crianças gritando e sorrindo nos fundos. Também escuto vozes de mulheres. Ótimo, todos estão fora de casa. Vai ser melhor e mais fácil assim

 Passo pela brecha bem devagar. Deus. Essa casa é enorme. Ando em linha reta. Olho para todos os lados a todo o instante. É uma casa sem acabamento. Sem dúvida foi construída as pressas e nunca passou por uma reforma sequer

 Não é uma casa com muito luxo, na verdade, é tudo muito simples e desorganizado. Tem lixo para todos os lados fazendo com que meu lado mais organizado entre em um choro copioso dentro de mim

 Escuto passos firmes. Ele. Corro para de baixo de uma mesa que tem no cômodo que parece ser uma sala de jantar. Não está na hora de agir. O cara tem quase dois metros de altura e eu tenho menos de 1.60 de altura. Tudo tem que ser feito com muita tranquilidade da minha parte! Não posso cometer nenhum erro

 Encaro os pés do homem. Não é Osama. Talvez seja um dos guardas. O resto já deve ter morrido por ter ido tentar arrumar os geradores. O homem volta a andar na mesma direção de onde ele veio. Saio devagar debaixo da mesa e ando bem lentamente até ele. Tiro meu punhal no bolso

— Amal! Já alimentou a americana? — ele berra e outra pessoa o responde em um tom alto do outro lado da casa — É sempre eu! TOME RESPONSABILIDADE AMAL! — ele grita e se vira de uma vez. Assim que me vê seus olhos se arregalam e ele puxa sua arma para atirar em mim

 Em um movimento rápido passo a lateral do punhal por seu pescoço. Uma pequena quantidade de sangue cai sobre mim. Ele tenta parar o sangue com às duas mãos sobre o pescoço, mas ele não consegue. Se ajoelha em minha frente e logo após seu corpo cai sobre o chão

— Já alimentei a americana! — um deles com uma fala enrolada diz se aproximando. Ele aparece de uma vez na porta e assim que me vê aponta sua arma na minha direção. Puxo minha arma da cintura e dou dois disparos que acertam seu olho direito e o centro de sua testa o fazendo cair instantaneamente

— REFORÇO! — um homem grita. Droga! Viro-me para corre em direção a cozinha que seria meu próximo passo. Dou de cara com um homem alto que tenta me acertar com algo que ele tinha nas mãos, mas desvio e efetuo mais dois disparos, um em seu queixo e outro em seu peito

 Dou meia volta novamente e corro para a direção de onde vim. Três homens entram pela porta principal que foi onde passei e mais cinco descem as escadas. Eles estão todos com semiautomáticas em espenduradas em seus pescoços

 Paro e olho para todos os lados. Eu preciso agir rápido. Deve ter muito mais de onde vieram esses. Olha o tamanho dessa casa, sem dúvida deve ter um mini exército morando aqui. Eles o protegem por isso não o pegam tão fácil

 Meu celular em meu bolso vibra avisando que já se passaram os vinte minutos. Em seguida escuto um barulho infernal de vários helicópteros militar tirando a atenção de todos de mim. Puxo minha segunda arma que fica do lado direito da minha cintura e usando às duas atiro em cada um sem pensar. Um por um cai

 Assim que todos já estão no chão corro em direção as escadas. Os corpos estão esparramados sobre os degraus. Passo com cuidado por eles na escada. Os degraus são de ladrilho escorregadio, mais escorregadio ainda por causa do sangue. Cada degrau é precário. Acelero e desacelero meus passos

 Completamente atenta ao fim da escada eu sigo com minha arma em punho a altura dos olhos. Minha cabeça está a mil e a única coisa que consigo pensar nesse momento é que com todo esse barulho Bin Laden tivera tempo de sobra para vestir um colete suicida ou simplesmente pegar sua arma. Meu coração está a milhão

 Meus sentidos estavam completamente alerta. Os ouvidos esforçam o máximo que se pode para captar os ruídos de um cartucho sendo carregado, ou os passos de alguém que se aproximava. Qualquer coisa que fosse

 Finalmente chego ao fim da escada. Ao longe escuto vozes e gritos. São gritos masculinos. O que gritam sempre quando morrem pelo que eles acreditam ser o certo. Os gritos vêm do lado de fora. Ótimo, o restante ainda está concentrado do lado de fora

 Olho para cima para os lados! O corredor é estreito, e ele acaba numa porta que leva sem dúvida à sacada. Eu tenho observado bem essa casa de longe e sei que esse corredor leva exatamente pra lá. Mais ou menos a um metro e meio do último degrau da escada havia mais duas portas, uma à direita e outra à esquerda

 Ando em direção a porta do lado direito do corredor a cerca de dois metros e meio à minha frente. Lentamente me aproximo da porta. Abro de uma vez. O que vejo me deixa completamente sem reação. Fora de mim. Como se o chão houvesse saído dos meus pés.

 Osama está com uma mulher... essa mulher é tudo para mim. Ele está tentando a fazer de escudo. Não pode ser. Como... Completamente tomada pela irá. Sem pensar eu apenas atiro instintivamente. Efetuo vários disparos o fazendo soltar a mulher e em seguida cair no chão. A mulher cai de joelhos e com dificuldade corre para mim e me dá um abraço que eu pensei que jamais teria novamente. Deus. O que está acontecendo? Como é possível Patrice estar viva se eu a vi ser enterrada?

Altivez | Michael JacksonWhere stories live. Discover now