31.1 - Eu te amo

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"Quando olho o pôr do Sol
Sinto tanto sua falta
Nos dias que o vento é bom
Eu, você, você, você
Quando eu ouço uma música boa
Eu sinto tanto sua falta."
I Miss You - Mamamoo

Duas semanas depois

Não houve uma única ligação do meu pai, ou mesmo um sinal de que estava arrependido. Aquilo doía todo dia, sempre como se fosse a primeira vez. Eu ainda assistia aos programas culinários e lembrava de quando víamos juntos. Nunca havia pensado que um dia o amor do meu pai seria substituído por desprezo, e por algo tão banal como amar outro garoto. Amor não deveria ter gênero. No meu braço ainda havia algumas das marcas que ele havia deixado quando me bateu. Marcas de um amor paterno que se partiu em milhares de cacos pelo chão e foi substituído por desprezo.

Mesmo que eu tenha procurado ficar bem, todas as noites eu chorava. De tristeza, angústia, medo. Por causa do amor que eu sentia por outro garoto, eu fui afastado de todas as outras pessoas que eu amava. Queria minha família, meus amigos, meu namorado, eu, todos juntos novamente. Eu amava todo mundo, não havia jeito errado de amar, o amor é sentido de várias formas. Tem o amor que eu sinto pelos meus pais, tem o amor que eu tenho pelos menos amigos — são vários tipos de amor. Ora, eu amava o Fluffy, mas se eu amasse outro garoto era errado. Mas por que era errado se só era outra forma de amar? Não conseguia entender, achava que amor era amor em qualquer lugar, com qualquer pessoa.

Busquei me conformar com o fato de estar longe de todos. Era um pouco difícil, mas estar na casa dos meus avós, sendo acolhido e muito amado, ajudava. Meu avô tomou conta da papelada da escola, me comprou roupas e um novo celular, já que o antigo meu pai havia espatifado no chão em meio ao seu acesso de fúria.

— Aqui, agora pode conversar com seus amigos e sua mãe. Ah, e com o seu namorado também, claro. Adolescentes precisam de um celular hoje em dia.

— Obrigado, vô. Parece que estou aqui há 1 ano.

— Muita saudade, não é?

— Muita. Sinto muita falta do Fluffy, o senhor deixaria ele ficar comigo? — pedi.

— Podemos providenciar. Tem muito espaço aqui pra ele brincar, o que acha?

— Jura? — Um sorriso apareceu em meu rosto levemente molhado pelas lágrimas que escorreram sem que eu percebesse. Já havia chorado tanto que minhas lágrimas criaram vida própria.

— Faço tudo pra ver você feliz. Inclusive, você deveria tomar banho, ficar cheiroso.

— Por quê?

— Uns amigos meus virão aqui, quero apresentar meu neto a eles. Vai logo.

— Seus amigos virão jogar Omok?

— Sim. Esteja aqui para jogarmos juntos. Ah e já falou com o seu namorado para vir no feriado?

— É, acho que a mãe não o deixou vir. — Dei um sorriso triste. Doía dizer aquilo. — Vou logo tomar banho, volto logo.

Ainda estava no banho quando ouvi a campainha tocando. "Bom, a visita não é minha, pode esperar", pensei, dando de ombros. Continuei tranquilamente com meu banho demorado de sempre.

Ao sair, vesti uma roupa que oscilava entre o "arrumado para ficar em casa" e "desarrumado demais para sair de casa".

Enquanto secava meu cabelo, ouvi uma batida na porta. Antes que eu pudesse dizer algo, o rangido da porta se abrindo tomou minha atenção e logo vi uma bola de pelos adentrar o quarto.

— FLUFFY! AI. MEU. DEUS! É VOCÊ!

Bati em minhas coxas, indicando para que ele subisse, e ele, sem demora, escalou minhas pernas e começou a me lamber desesperadamente enquanto abanava seu rabinho.

Beautiful Love • Jikook •Where stories live. Discover now