Uma noite alucinante

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— Eu vou reconquistar o Caio. — Lucas para com o cigarro a maio caminho dos lábios e Pedro explode um gargalhadas escandalosas, com o rosto enrugado pelo riso e mão batendo na perna.

— Essa foi muito boa — permaneço calmo, olhando para os dois, esperando. — Pera aí, você tá falando sério?

— Não, não está. — Lucas apaga seu cigarro e o rosto, antes descontraído, se torna uma carranca irreconhecível. — Ele está fazendo uma piada daquelas bem merda.

— Eu não estou, faz um tempo que eu tenho pensado nisso e eu gosto dele, eu realmente gosto dele.

As palavras pareciam solidificar meus pensamentos ao longo da semana.

Eu gosto dele.

Pronto, eu disse.

— Você gosta de muita gente, eu sou seu amigo, Damien, e eu te amo, mas quem passou as últimas semanas ajudando o Caio a sair dessa foi eu. Sempre achei que ele devia ter esse embate contigo porque depois que você soubesse só haveria dois caminhos; vocês juntos ou não e meu amigo poderia sair dessa, agora, por algum capricho torto você simplesmente muda de ideia?

Eu esperava por essa resposta. Eu realmente gostei de muito gente na vida. Era justo que ele questionasse.

Mas eu aquele era Caio, eu não faria um movimento em falso, não sem saber que eu realmente o queria.

— Eu não mudei de ideia, eu sei o que você está pensando, eu pensei nisso, pensei que não tinha direito de retornar a esse assunto, mas... Mas eu sinto falta dele todos os dias, eu sinto falta de fazer janta com ele resmungando sobre o dia sentado na cozinha, sinto falta de dormir com ele, de olhar o rosto dele, de ouvir a voz dele. Eu sinto falta disso todo dia. Você não acha que eu pensei que isso pudesse ser passageiro? Que fosse algum tipo de medida desesperada? Não é. Eu fui um babaca por não notar, mas o Caio sempre foi parte essencial da minha vida desde o primeiro dia. Eu só quero uma segunda chance, só isso.

— Eu... — Pedro começa depois de um longo silêncio. — Eu entendo, vai Lucas, você também entende.

— E o que me garante que você não vai magoar o Caio de novo?

Lucas falava sério.

— Nada — digo, honestamente. — Eu não posso oferecer a vocês mais do que estou dizendo agora. Eu realmente o amo, posso ter demorado para realmente perceber, mas eu quero muito tentar.

Os dois ficam em silêncio e me pergunto se consegui.

— Me dá seu celular?

— Para? — pergunto entregando na mão estendida de Lucas.

— Eu quero ver seu WhatsApp.

Bufo e desbloqueio a tela, Lucas olha atentamente por alguns minutos e franze a testa.

— Você deixou sem resposta a Ângela de administração? Caralho, Damien, o que você passa nesse pau?

— Me deixe ver. — Pedro puxa o aparelho. — Nem fodendo, esse não é o Otávio de artes? Lembro que você disse que a bunda dele era incrível.

— Vocês podem parar de brincar e focar? Eu tô falando sério aqui.

Puxo meu celular.

— E a Lola? — Dou de ombros.

— Eu não cheguei nem a ficar com ela, não vejo a garota desde a festa uma semana atrás.

— Ele me parece honesto — Pedro intervém, mas Pedro pouco importava ali, meu alvo era Licas, é da ajuda dele que preciso.

Oblíquo Where stories live. Discover now