Cap 15

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Helena

Os dias tem passado e eu ando meio angustiada, estou divida entre sentimentos que desconhecia. Sinto medo de perder a Maria por mais que sei que a essa altura do campeonato não tem mais oque fazer a não ser ir me preparando com a dor, mas quero me manter firme porque sei o quanto Beatriz vai precisar.
E também do quanto me importo com essa pequena que tem mexido com todo meus neurônios, que me causa arrepios, que mesmo não percebendo me mantém firme. Essa que tem causado inúmeros efeitos em mim, inimagináveis, uma coisa surreal, jamais achei que pudesse ter tanto afeto, carinho e admiração por uma única pessoa, mas ela tem isso de mim. Tenho sentido falta da sua boca, mas como eu mesma disse a ela, não vamos rotular e acho que esse também não é o momento em que ela vai ter cabeça para ficar de pegação, por mais que não sou mais criança, sou uma mulher madura o suficiente para separar as coisas, e no momento oque mais quero é o bem dela.

Tenho me mantido sempre por perto, sempre que lhe acho sozinha ela está pensativa, distante, sempre com lágrimas nos olhos. Se desmancha as noites porque sabe que Maria não vai ver por estar descansando.
Eu a consolo, lhe dou abraço e, carinhos, acolho minha menina, pois não tenho muito oque fazer a este respeito, apenas me manter ali mesmo que em silêncio. Sei que ela está demostrando ser forte na frente da sua mãe, mas ninguém é obrigada a ser forte o tempo todo, muito menos ela que já aguentou muita coisa.

É sexta a noite, já estou em casa cedo, olho no relógio do meu quarto e são 20:10 Beatriz provavelmente está na faculdade, tomo meu banho, desço e peço para Leandra a nova empregada preparar algo para mim e Maria comer, vou até o quarto para fazer o pedido e vejo ela descansando, observo ela um pouco, me escoro na porta e suspiro força dizendo baixinho " vida injusta", vou até ela, cubro seu corpo com uma manta, acendo o abajur do seu criado mudo, indo para porta para apagar a luz vejo Beatriz escorada na porta me observando. Chego perto dela apago a luz fico ao seu lado olhando Maria também em silêncio, até que ela se vira pra mim, me abraça forte, fica na porta dos pés e encosta seus lábios nos meus, me dando um selinho, olho bem nos seus olhos e ela diz :
- obrigada por cuidar tão bem dela... puxo ela mais ainda para mim e olhamos mais um pouco Maria descansando até que digo para deixarmos ela dormir em paz. Ela concorda então me solto dela, encosto a porta e caminhamos até a cozinha conversando.
- oque faz em casa a essas horas ? Achei que estava em aula.... ela concorda com a cabeça prontamente respondendo:
- é e eu estava, mas um dos professores parece ter ficado doente e deixou tarefa para fazermos em casa... concordo com a cabeça enquanto chegamos na cozinha onde a empregada nova fazia a janta.

Acho que esqueci me mencionar que Leandra é uma mulher de 27 anos, muito apresentável, algumas vezes notei ela me olhando, sempre que fala comigo não sendo assunto de casa ela tenta me conhecer e várias vezes já colocou suas mãos em meus braços.
Uma vez até já ameaçou me dar um abraço mais me esquivei, tenho Beatriz no meu coração e estou sem cabeça para chavecos, ainda mais dentro de minha casa. Mas Leandra nao é uma má pessoa, na verdade tem um papo muito agradável.

Me escoro no mármore e fico olhando seria a morena que me olha confusa pedindo " oque foi ?", balanço a cabeça perguntando :
- então você ainda está afim ?.... ela me olha mais confusa ainda pedindo :
- de você?.... fiz um sim com a cabeça,  como sempre não usando muitas palavras. Ela sorri sem mostrar os dentes e se aproxima de mim, aproxima sua boca da minha e sussurra "delegada achei que você soubesse o tombo que tenho por você ", da um beijo no canto da minha boca e sai dizendo que ia tomar um banho antes da janta. Observo aquela figura a minha frente indo para seu quarto e balanço a minha cabeça para afastar os pensamentos impuros que tive ao ver o rebolado dela.

Assim que me viro me dou de cara com Leandra que estava parada me olhando, franzo o cenho e acredito que minha cara de poucos amigos fez ela despertar falando:
- queria que você provasse de sal, eu tenho medo de salgar muito a sopa e você não gostar.... concordo com a cabeça indo com ela até o fogão, ao provar disse que poderia colocar mais um pouco de sal e me sentei na cadeira da ilha na cozinha para responder algumas mensagens, verificar os emails de Heitor e analisar as planilhas do caso de Beatriz que ainda estou investigando.
Passou um tempo e a loira me chama novamente para provar, separa em uma colher uma quantidade e antes de eu por na boca ela se aproxima assoprando para esfriar, observo aqueles olhos cor de mel perto de mim e analiso seus traços, durmo meu olhar sério nela, que resulta em ela virando a sopa quente na minha blusa, pego rápido o pano de prato sentindo minha pele queimar enquanto ela me pedia mil perdões.
Corre e pega o kit de emergência na gaveta e pede sem graça:
- posso ?... olho ela com cara de poucos amigos concordando com a cabeça, ela começa desabotoar o início da minha camisa e engole em seco olhando meus seios. Pega a pomada para queimadura e começa a passar no vermelhão, fecho meus olhos com o contato do frio na minha pele e quando abro ela está chegando perto da minha boca, que quando me dei por conta já estava encostando sua boca na minha.
Nem deu tempo de reagir já escuto a voz da minha menina dizendo :
- atrapalho, ou a janta ainda vai demorar muito ?... a Leandra fica sem jeito dizendo que já estava pronta e que iria por a mesa, mas Beatriz responde :
- nao precisa por prato para mim, vou comer aqui mesmo.... suspiro forte, conheço aquela carinha que ela está, mal me olha está se direcionando a palavra apenas para loira. Sempre assim, quando ela sente raiva de mim ela tenta evitar contato comigo. Abutou a camisa e me sento ao seu lado na ilha, vejo ela mexendo no seu celular. Olho pra Leandra dizendo:
- pode ir para casa, a louça eu termino.... ela fez menção de responder algo mais sou mais rápida dizendo :
- fui bem clara senhorita Leandra, está dispensada por hoje.... a mulher concorda dando um boa noite e se retirando, suspiro e vejo Beatriz se levantando, pegando um prato para se servir enquanto dizia :
- que babaca você foi agora... esfrego meu rosto com uma mão sem ânimo nenhum, sabia oque isso significava. Sem querer arrumar briga apenas respondo:
- hum, sei. Nem ligo! Ela precisa entender que está contratada pelo serviço e não pelo corpo.... neste instante ela se vira para mim me encara, caminha com seu prato até na ilha, solta seu prato, senta ao meu lado, se vira para mim e diz :
- talvez você não tenha deixado isso bem claro ne... faço uma cara de quem não está gostando do que está ouvindo e pergunto :
- oque está querendo dizer ?.... ela da de ombros dizendo :
- que toda mulher que conheço que se aproxima de você, você ja beija, você ja quer. É demostrar um pouquinho de interesse que você já pega sua presa.... sorri sem humor, cruzo os braços e me escoro na cadeira falando :
- tá me chamando de que exatamente?... olho fixo séria para ela que engole em seco, mas solta sua colher dizendo :
- tô dizendo que você não pode ver uma mulher a sua disposição, tô dizendo que você não se comporta, tô dizendo que.... interrompo ela antes que escutasse demais. Mas sem querer acabo maguando ela com minhas palavras :
-beatriz eu sou solteira, tenho liberdade para me relacionar com quem me der na telha... a carinha que ela fez, eu jamais na vida vi igual. Ela engole em seco concorda com a cabeça e diz :
- você tem toda razão !... levanta e eu tento segurar ela dizendo :
-Não pera aí, não é pra tanto, eu não quis dizer isso para parecer algo agressivo ou ofensivo ... Mas ela consegue sair dos meus toques dizendo :
- nao precisa se justificar não é minha namorada, não temos nada mesmo, Boa noite.... e antes que eu pensasse em fazer algo ela acelera o passo e pela primeira vez tranca a porta de seu quarto.

Me sinto mentalmente por realmente ser uma babaca como ela mesma me chamou.

Não dormi nada aquela noite e cada vez me sinto mais assustada do efeito que ela tem sobre mim, queria encher ela de beijos e pedir desculpa,  mas eu não sou esse tipo de pessoa, e cada vez mais eu acho que não sou para ela, cada vez mais vejo que toda bagunça que já tive dentro de mim pode acabar estragando ela que é tão doce, sonhadora e real com os sentimentos.
Eu sou uma pedra de gelo que Beatriz está aquecendo, mas eu não sei lidar com isso, eu não sei se posso fazer isso. Eu sempre estrago tudo.
Sou mulherenga mesmo, mas depois que conheci essa morena eu tenho sonhado com ela, até mesmo acordada, desejo ela, quero ela, necessito dela, mas ao mesmo tempo me recuso a aceitar que quero tanto uma pessoa assim para mim.
Até onde podemos comandar um sentimento? Eu quero que pare pelo bem de nós duas.
Mas desde o beijo eu não tiro definitivamente Beatriz da minha mente . Quero aquela boca colocada somente na minha, mas para isso acontecer eu preciso começar a mudar. Não ela !

Meu destino mais lindo !Onde as histórias ganham vida. Descobre agora