Deixo meus cabelos longos claros caírem sobre minhas costas. Termino de finalizar minha maquiagem e por fim, aplico um gloss em meus lábios. Então, digito pra JJ, avisando que estava saindo de casa. Sou respondida com uma foto do mesmo, fazendo suas típicas caretas que me fizeram, mais uma vez, sorrir feito boba. Estar apaixonada era um título que me assustava um pouco. Meu foco nunca foi procurar um namorado ou esperar dia após dia por alguém. Preferi focar nos meus estudos, no meu trabalho e na minha família. Se sobrasse tempo, beber com as amigas sempre me parecia ser o programa mais que perfeito.

Mas o ar que JJ emanava parecia ser diferente. Desde a primeira vez que o vi, senti que se eu tentasse, nada seria por acaso. Desde então, não o tiro mais da cabeça. Só de pensar nele, um certo frio na barriga familiar me atormenta. Talvez eu seja boba demais, ou só no início de uma suposta paixão. Merda, isso é mesmo sério.

Tento me desvencilhar dos meus delírios melancólicos e românticos descendo as escadas para entrar no meu carro. Tranco todas as portas de casa e desligo as luzes, então, me direciono calmamente até o meu Civic preto na porta de casa. Dentro de minutos, estou dirigindo até o prédio de JJ. Cantarolo a melodia de Gimme More da Britney que toca na rádio enquanto batuco os dedos contra o volante, acompanhando a batida. Cada vez mais que me aproximava de onde JJ morava, eu sentia um certo aperto no peito e meu estômago revirando. Efeitos do meu possível e extremo apego à sua presença. Isso me assustou muito de começo, mas já fazia tanto tempo que estava acostumada. Os sintomas de estar apaixonada se pareciam os das drogas. Li isso num artigo uma vez.

Ao parar o carro em frente ao edifício que ele mora, digito uma mensagem avisando que havia chegando. Então, aproximadamente cinco minutos depois, a cabeleira loira e os olhos azuis invadem meu campo de visão, fazendo com que minhas pernas bambeassem um pouco. Consigo ver JJ passando os dedos pelos fios dourados enquanto se aproxima do veículo. Está trajando uma camisa justa, calças jeans surradas e tênis nos pés. Carrega seu inseparável colar de dente de tubarão e um relógio de pulso. De longe, meu coração acelera. Deus... eu não tinha mais um pingo de maturidade para lidar. Inevitavelmente, um sorriso cresce em meu rosto.

Estava apaixonada. Genuinamente apaixonada.

Quando dá a volta no carro e abre a porta do mesmo, seu perfume inebria toda a parte interior do veículo. Fico surpresa dos vidros não embaçarem. Respiro fundo, deixando que o aroma forte tomasse conta dos meus pulmões. Se havia algo que ele sabia fazer muito bem, era ficar cheiroso e me fazer querer enterrar o rosto no seu pescoço toda bendita vez que nos víssemos.

⏤ Ei. ⏤ sorriu assim que se aconchegou no banco do passageiro.

⏤ Oi. ⏤ praticamente sussurro, feito uma adolescente apaixonada.

É como se meu corpo desmanchasse quando o toque de sua mão repousa em minha coxa e seus lábios selam os meus. Tão fácil. Incrivelmente fácil.

⏤ Então, pra onde vamos mesmo? ⏤ me olhou. Franzo a testa, ainda com um sorriso no rosto.

⏤ Naquele restaurante japonês, esqueceu? Falei sobre isso a semana toda. ⏤ o lembro.

⏤ Ah, é verdade. ⏤ ele levanta as sobrancelhas.

Volto à dirigir pelas ruas da cidade. O movimento realmente estava louco hoje. Provavelmente, dentro desses incontáveis carros nos engarrafamentos, deveriam ter mais de mil casais indo pra lugares diferentes, ou até para os mesmos, na busca de curtirem um dia à sós. Ou nem isso. Lembro que, uma vez, Sarah foi a um encontro com um carinha que conheceu pelo Tinder. Ele literalmente levou mais dois amigos e, durante todo o tempo que durou aquele show de horrores, os caras só sabiam falar de futebol e até mesmo de outras mulheres na presença dela. Com só meia hora de "date", minha melhor amiga pegou sua bolsa e foi embora sem dizer uma palavra. Bloqueou o cara de tudo. Diz ela que, até hoje, ele liga pra ela por números desconhecidos. É estupidamente hilário.

𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂, 𝗰𝗮𝗺𝗲𝗿𝗼𝗻. ✓Where stories live. Discover now