Capítulo 25

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...

Era perto da uma da manhã quando saímos do restaurante.

Alicia cambaleava, rindo e murmurando coisas em francês, um pouco mais a frente. Eu e Kelsia estávamos logo atrás dela, as mãos nos bolsos e as pontas de nossos narizes vermelhos do frio:

-Ainda bem que você nos avisou para pôr casaco. -murmurei- Eu nunca iria adivinhar que ia ficar tão frio assim, do nada.

Ela sorriu, fazendo um gesto descontraído:

-Estou aqui de guia turístico, não estou? -eu assenti, rindo. Alicia parou:

-Pessoal, eu... tenho que vomitar. -Alicia falou.

-Entra naquele bar e vai no banheiro. -a mais alta apontou para o pequeno restaurante próximo à margem do rio em que estávamos. A morena assentiu e correu para dentro, deixando nós duas sozinhas.

Eu olhei ao redor, nervosa. A luz da lua estava forte, e os postes das ruas que pareciam saídos de um filme completavam o cenário mais bonito que já havia visto.

No bar em que Alicia entrara, um grupo se apresentava, tocando baladas românticas. Os assisti, quieta, olhando de canto de olho de vez em quando para a morena ao meu lado. Ela, depois de me encarar por um momento, soltou:

-Puxa, você deve estar mesmo com frio.

-Ué, porquê? -perguntei.

-Suas bochechas estão muito vermelhas. -eu arregalei os olhos, e ela deu um risinho. Andou até mim e parou à minha frente.

Ela tirou o gorro preto que estava usando e o esticou até minha cabeça:

-Toma, pra você não ficar com tanto frio. -ela sorriu, ajustando o gorro na minha cabeça.

Eu sorri com um suspiro, e encarei o chão, tímida. Levantei o olhar novamente, e vi que ela me encarava. Nossos olhares se encontraram, o corpo dela próximo ao meu, e o tempo pareceu congelar.

Não me lembrava de onde estava, não me importava se estava frio, nem se Alicia estava morrendo em um banheiro de bar. Os olhos castanhos escuro dela pareciam imãs que me chamavam para perto.

Ela, hesitante, colocou a mão no meu queixo, e lhe dei um suspiro em resposta. Ela se dobrou, se aproximando cada vez mais, e me deixei levar no momento.

As luzes da rua, o cenário de filme, a garota perfeita, a música de fundo...

Que música era aquela? Conhecia aquela música...

Oh, my love, my darling
I've hungered for your touch
A long, lonely time
And time goes by so slowly
And time can do so much
Are you still mine?

Zule. Zule... Minha Zule.

Finalmente retomei a consciência, arregalando os olhos:

- Melina! -eu sussurrei a empurrando de leve, quando nossos lábios estavam à centímetros de distância. Olhei para ela, suplicante por perdão- Eu não posso....

-Ei, tudo bem! -ela sorriu. Eu suspirei, aliviada. Ela apertou meu nariz- Você é uma ótima amiga, de qualquer forma. Não vou te perder por besteira. - me mostrou a língua, e eu ri, também lhe mostrando a minha.

Mais alguns minutos depois, Alicia voltou, com uma nova garrafa de bebida, a qual confiscamos da ruiva animadinha.

Resolvemos ir para o bar do hotel, porque já estava tarde. No caminho, Alicia vomitou em mais duas latas de lixo e rolou rua abaixo pelo menos mais cinco vezes.

Chegamos na porta do hotel e Kelsia falou:

-Vocês têm certeza de que ainda querem ir para o bar?

Roommates - ZURENA (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now