Capítulo 23

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(roi, leitorxs né?
Mais um capítulo pra vocês.
Pela milésima vez não me matem, se não vocês no vão saber a continuação ❤️
Boa leitura.)

-Ai, amiga, que bom que você veio comigo! -Alicia comemorou, sentada ao meu lado na lotada área do assento econômico do avião.

Eu simplesmente sorri, tentando parecer animada e afastando o sono. Então, me virei de volta para a janela, assistindo às nuvens passarem.

Três semanas antes -para ser exata três semanas e dois dias atrás-, toquei no assunto de ter filhos. Ter filhos com Zulema.

E no fim, foi uma péssima idéia, acabamos brigando, e estragamos nossa amizade. Uma semana depois da idéia ruim, reatamos nossa amizade, mas deixamos de lado nossos sentimentos românticos uma pela outra.

Pelo menos eu escondi os meus. Reprimi cruelmente. Torturei a mim mesma, sorrindo como se tudo estivesse bem.

Isso durou mais ou menos uma semana.

Até quatro dias atrás, quando Alicia veio me contar que ela estava indo para Paris para uma conferência e algumas reuniões, e disse que a chefe adoraria se eu fosse junto. Óbvio que aceitei.

Eu aceitei pelos seguintes motivos:

1) Uma viagem de dois meses em Paris com tudo pago! Não sou louca de negar o convite.

2) Sempre quis ir para a conferência, e já que finalmente tenho a chance, aceitei!

3, e mais importante) Me dará dois meses para acalmar meus sentimentos por Zulema. Dois meses para deixar aquilo para trás.

Precisava daquele tempo para me curar. Ia ser bom para nós duas.

-Estou tão ansiosa! -ela bateu palminhas- Eu organizei todos os melhores restaurantes da cidade aqui na minha pasta maravilhosa.

Ela me esticou uma enorme pasta de plásticos, repleta de imagens, mapas, endereços e informações.

-Uau, quanta coisa... -passei pelas páginas.

-E mais: nós teremos nosso tour pessoal! -ela sorriu. Com minha cara de desanimo, se sentiu obrigada a explicar- Minha melhor amiga desde a infância, Mel, mora em Paris. Alta, cabelos curtos, linda de morrer. Ela é super engraçada e acho que vocês vão se dar super bem. E você vai se dar bem... -ela balançou as sobrancelhas, um sorriso no rosto.

Eu ri, negando de leve. Alicia sabia que eu e Zule tínhamos "terminado". Quando eu contei, privei a parte dos "sentimentos que, assim como ela tinha dito, acabei criando e que agora tenho que reprimir, por que estou completamente apaixonada e não estamos mais juntas", e tal, e tudo o que ela fez foi me olhar por um momento e dar de ombros:

-E, pelo visto você estava certa sobre o lance de "só sexo" mesmo.

Não consegui desvendar se ela estava sendo sincera e não desconfiava de nada ou se tinha sido sarcástica e sabia toda a verdade.

-Juro, Maca! -ela riu- Ela é incrível, e assim como você foi traída pela namorada!

Eu franzi o cenho, confusa e brava. Como assim traída? Zulema tinha me traído?!

- Fábio, e a garota lá..? -ela franziu a testa, um sorriso nervoso no rosto.

-Dã-a, eu sei, tava brincando. -eu ri, disfarçando o fato de ter me esquecido completamente da existência de Fábio Martinez, quem eu até pouco tempo atrás acreditava ser o maior amor da minha vida.

Acho que estava enganada.

-As senhoritas precisam de alguma coisa? -uma aeromoça alta e esguia parou ao nosso lado.

-Uma água, por favor. -Alicia pediu.

-Duas. -sorri para a moça super bem maquiada.

Eu estava mulamba. Calça de moletom, regata velha, tênis antigo e confortável, nenhuma maquiagem, o cabelo preso em um coque.

Mas não era um daqueles coques estilosos e sensuais, desfiado e etc que as mulheres elegantes e estilosas usam. Parecia um um cocô de cachorro loiro no topo da minha cabeça, uns fios esticados para o lado que parecia que eu tinha levado um choque.

Pensa numa pessoa arrumada!

Devia também estar com bafo. Antes de entrar no avião eu e Alicia tomamos um remédio para dormir, porque era um voo noturno e não tinha televisão.

Acabei capotando antes mesmo do avião decolar. Eu e ela parecíamos bêbadas enquanto atravessávamos o finger, rindo e cambaleando.

Nem me lembro de muita coisa, só de flashes. De um deles eu me envergonho profundamente:

"Alicia trombou contra um homem alto e gordo, cabelo preto e camisa social listrada. Ela se virou para pedir desculpas e eu gritei:

-Ahhh! Você é o Faustão! Minha amiga que é de família brasileira, a Melissa, ama seu programa! O LOOOOKKKOOO MEU! TÁ PEGANDO FOOOOGGGOOO BICHO!

Seguimos cambaleando e rindo para dentro do avião, nos sentamos e depois disso abri os olhos, quando acordei alguns minutos antes, e fiquei encarando o céu pensando em nada."

-Atenção, passageiros, em meia hora estaremos aterrissando. Agora serviremos o café da manhã.

Me ajeitei na cadeira, toda dolorida. Odiava aviões. Nunca conseguia dormir, as cadeiras eram apertadas, e a comida me deixava enjoada. Só comia o pão com manteiga e bebia água, pra não passar mal de ficar sem comer.

As aeromoças chiquérrimas trouxeram nossa comida, comi como sempre só o pão, mas dessa vez tomei também o suco de laranja.

Descemos do avião, agradecendo às aeromoças e atravessando o finger. Alicia pegou o celular e começou a mexer, enquanto caminhávamos até a esteira de bagagens.

-Mel já chegou, ela se ofereceu para nos buscar e levar até o hotel.

-Beleza. -pisquei para ela.

Peguei minhas malas e Alicia as suas, e descemos a escada rolante. Ela sorriu:

-Já consigo ver ela. Ali! -ela apontou
- Mel! - Ela começou a acenar loucamente lá para baixo. Comecei a procurar a tal menina, até que vi um braço acenar de volta.

E meu deus, que mulher era aquela.

Um metro e oitenta de altura, ombros totalmente alinhados, e um puta corpo gostoso. Que  mulher linda!

Coloquei a mão sobre a boca, lembrando do bafo. Ainda na escada rolante, fucei na bolsa procurando por um chiclete.

-Achei! -peguei uma pequena caixa de TicTacs e virei na boca.

Meu cabelo! Minhas roupas! Que merdaaaaa!

A escada acabou, e Alicia correu arrastando sua mala. Pulou na amiga, a escalando como uma montanha:

- Mel, que saudade! -ela riu.

-Ali, que saudade! -ela suspirou.

Eu andei até elas, meio constrangida. Esperei que elas se soltassem:

-E como vai minha Raquel preferida?

- Infantil como sempre, mas uma maravilhosa policial. Amo tanto aquela idiota... - elas se separaram, e ela se virou para mim - Mel, essa é a Maca, a amiga de quem eu te falei.

-Uau, ela é ainda mais linda do que você contou! -ela elogiou, e eu ri- Prazer!

-Prazer! -nos cumprimentamos com aquele beijo-na-bochecha-que-não-é-um-beijo-e-sim-um-high-five-de-bochechas.

-E esse, Maca, é a Mel.

- Mel? Ali, quantos anos temos, cinco? -ela brincou- Pode me chamar de Kelsia. É como todos -Alicia pigarreou- É como todos, menos Alicia, me chamam.

Eu ri:

-Certo, Kelsia it is. -ela sorriu.

-Falei que vocês iam se dar bem! -ela. brincou- Vamos logo!

Saímos pelo aeroporto, e Kelsia se ofereceu para levar nossas malas.

É nos demos bem mesmo. Será que eu vou me dar bem?

...

Roommates - ZURENA (CONCLUÍDA)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum