Capítulo 19

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( CHEGUEIIIIIIIS.
Boa noite minhas sapas, minhas bis e minhas héteros.
Junho mês do orgulho lgbt e eu só queria agradecer mais um dia por nascer sapatão. Enfim, tenham orgulho da sexualidade de vocês, qualquer coisa estou aqui, podem chamar.
Boa leitura amores, amo vocês!❤️)

Pov Zulema

Quando cheguei em casa, logo percebi que Maca não estava bem. Uma garrafa de vinho inteira vazia na bancada. Silêncio total no Mic. Só a luz da sala acesa.

Chamei por ela, e a garota respondeu de dentro do meu quarto. Lentamente, andei até lá, e abri a porta. Ela estava deitada no canto da cama em que eu deito, encolhida.

Senti um leve dejavu, da noite em que ela e Fábio terminaram. Será que teria algo a ver com ele?

-Você chegou. -ela murmurou, ainda encolhida- Que bom, eu estava com saudade.

Eu engatinhei na cama até ela, a abraçando por trás. Ela soluçou, curvando ainda mais o rosto.

-O que houve?

-Eu bebi uma garrafa de vinho inteira. -ela sussurrou.

-Antes disso. O que aconteceu?

- Fábio Martinez aconteceu.

Eu cerrei os punhos, com ódio. Entre dentes, rosnei:

-O que ele queria?

-Foder com meu psicológico. -ela deu um risinho. Se deitou de barriga para cima, meu braço por baixo de suas costas. Ela brincou com as mãos, distraída- E me pedir uma segunda chance.

-O que? E o que você respondeu?

-Respondi que não daria outra chance para ele nem morta. Que ele era um verme, insignificante para mim.

Eu sorri:

-Essa é a minha garota! -beijei a ponta de seu nariz, e ela sorriu sem descolar os lábios. Conhecia aquele sorriso. Ela ainda estava mal- Loira?

- Zule? -ela franziu os lábios, segurando a dor. Eu suspirei, acariciando o braço dela pacientemente:

-Vamos Loira, nós já tivemos essa conversa uma vez, lembra? Fábio Vinte Segundos? O machista com pau nota cinco? Aquele que te fez sofrer por ser um babaca e que não deve ser considerado como ser humano e sim verme? Se lembra disso tudo?

-Sim, eu me lembro. -Maca deu um risinho, dolorida. Eu assenti:

-Então, combinamos antes e combinaremos novamente agora: você tem que esquecer tudo isso.

Ela fez um barulho com os lábios, assentindo contrariada:

-Infelizmente, esquecer não é o meu forte. -ela suspirou, passando as mãos pelo cabelo- Isso é uma bosta, sabe? Eu não o amo mais. Também não o odeio. Como disse, e falei sério, ele é insignificante. Mas, ah... eu não consigo apagar as lembranças que criamos. Não consigo deixar para trás. Eu não consigo me impedir de lembrar dos momentos bons. Das sensações. Das memórias. As nossas promessas. E o que me dói mais é lembrar que aquelas promessas todas eram falsas. As memórias ruins tomam conta. E... -ela deu um risinho ressentido, secando a ponta dos olhos - não vou chorar. Não. Não por ele.

- Maca, chorar não te faz indefesa nem frágil, tenha isso na cabeça. Apenas mostra que você tem sentimentos, mostra que você é superior a ele. Você tem coração, e ele não.

-Certo.

-É pra você ficar melhor agora! Ou eu te bato! -lhe dei um tapa na coxa, e ela riu. Então a encarei, um sorriso amigo no rosto- Você não tem que ser forte o tempo todo, ok? Mas ele não merece toda essa sua atenção. Você está tornando ele um personagem bem mais importante do que ele realmente é. É só ignorar. Pisa na barata. Ou melhor, chuta pra longe. Pra Saturno, de preferência.

Ela riu, finalmente deixando uma grande parte da dor de lado. Então me encarou, um breve sorriso no rosto.

-Eu estou aqui para te proteger. Até de si mesma e suas paranoias descontroladas.

Ela simplesmente alargou o sorriso. Eu franzi a testa:

-Ok?

Um pouco mais animada, ela se esticou:

-Ok... - ela assentiu, secando uma lágrima- E o seu dia?

-Não tão dramático quanto o seu, mas ainda assim bem ruim. Preciso de cuidados. -fiz beiço, e ela riu.

I wanna be alone
Alone with you - does that make sense?

-E eu preciso ficar sozinha. -ela falou, se sentando. Preocupada, me sentei também, a analisando. Mas seu olhar se alegrou, e ela sorriu maliciosamente - Sozinha com você.

Ela engatinhou até mim, me dando um beijo calmo e longo. Posicionou a mão na minha nuca e ficou sentada nos joelhos, os lábios grudados aos meus.

I wanna steal your soul
And hide you in my treasure chest

A puxei para meu colo, uma mão na base de suas costas e a outra acariciando sua perna. Aprofundei os beijos ainda mais, tomando a menina para mim.

Eu amava seu cheiro. Sua voz. Seu toque. A sensação de tocar sua pele, acariciar seus cabelos. Ouvir sua risada. Sentir seu beijo. Ah, seu beijo. Aqueles beijos eram mágicos. Era como se pudessem invadir minha mente e ler minha alma.

Eu queria roubar a alma dela. Ter ela só para mim. Por que aquela menina era viciante. E eu não queria perder ela de vista.

I don't know what to do
To do with your kiss on my neck

Desci beijos pelo seu pescoço, sentindo seu suspiro de alívio. Ela sabia que podia ser livre comigo. Ser ela mesma. E não precisava se preocupar com nada.

Ela deu um risinho, levantando minha cabeça de seu pescoço. Ainda sorrindo, se aproximou lentamente, o sorriso se esvaindo em câmera lenta, conforme seus lábios se aproximavam dos meus.

I don't know what feels true But this feels right so stay a sec
Yeah, you feel right so stay a sec

Antes que eu acabasse com aqueles centímetros que separavam minha boca da dela, ela segurou meu rosto com as duas mãos, em um toque delicado. Encarou fundo nos meus olhos, analisou todos os meus traços.

Me deu um selinho. Depois outro. E mais um. Eu a deixei tomar o controle. Me sentia bem com ela. Ela me fazia bem. E eu adorava aquela sensação que ela me proporcionava.

Um último selinho, que se tornou um beijo denso, que se aprofundou de forma tenra e doce. Delicado. O beijo evoluiu, se tornando mais necessário, excêntrico. Mas ainda havia aquela delicadeza inicial, que tornava tudo ainda melhor.

And let me crawl inside your veins
I'll build a wall,
give you a ball and chain

Ela subiu uma das mãos pelo meu cabelo, me puxando para mais perto. Eu a puxava para mim, mas não parecia perto o suficiente. Eu queria estar dentro dela. Não no sentido sexual.

Eu queria ela cada vez mais perto, até que fossemos um só. Dividir o mesmo coração. Estar dentro de sua pele, ser parte dela. Como se nos fundíssemos.

E aqueles milímetros impossíveis de atravessar que nos separavam eram uma tortura.

You're all I wanted
Just let me hold you

Após um longo último beijo, aquele beijo que só ela sabia dar. Aquele me derrubava por inteira, me tornava vulnerável. Após um beijo desses, eu a deitei na cama.

Me deitei ao seu lado, e a puxei, a colocando deitada de bruços sobre mim, e ela riu ao ser carregada, logo então se aconchegando. A cabeça dela encaixada na minha clavicula, nossos peitos encostados e a respiração simultânea em uníssono, eu a segurava apertado.

No escuro, em silêncio, encarei o teto, escutava a respiração da loira se embalar no sono. Enquanto acariciava seus cabelos, assisti-a adormecer, deitada sobre mim.

E a segurei ainda mais apertado. Eu não a deixaria ir tão fácil. Não ia soltá-la naquele momento.
A manteria próxima ao meu coração, presa a mim.

Like a hostage.

...

Roommates - ZURENA (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora