Capítulo 38

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    Segunda-feira. Seis horas da manhã. Sonolenta, ainda deitada em minha cama penso em tudo o que aconteceu no dia anterior. Subitamente fico sentada na cama, mais acordada que nunca, tudo vem em minha mente, Nathan e eu, nosso beijo, nossas mãos unidas. Passo minhas mãos pelos meus cabelos despenteados, nervosa e ao mesmo tempo contente. Saio de minha cama e vou me arrumar para a escola com o coração eufórico.

    Quando desço as escadas, me assusto ao ver Nathan em pé na sala. Assim que me vê, ele se aproxima sorrindo e me dá um selinho rápido.

— Só queria me certificar se tudo ontem à noite não foi apenas um sonho — ele diz sussurrando, e eu sorrio.

— Eu também estava com essa dúvida.

— Vamos? — Nathan ajeita a alça de sua mochila nos ombros.

— Vamos.

— Então quer dizer que eu estava certa. — Olhamos na direção da voz e encontramos minha mãe escorada no batente da porta, de braços cruzados.

    Me sinto envergonhada por sua presença.

— Não comece, mãe — digo e ela levanta os braços em rendição.

— Vamos conversar mais tarde, mocinha — ela diz semicerrando os olhos e depois some para a cozinha. Percebo Nathan segurar um sorriso. — E com você também, Nathanael — ela diz mais alto e agora sou eu quem tenho vontade de rir da cara de preocupado de Nathan.

— Desde que cheguei aqui, ela meio que ficava me encarando desconfiada — ele diz. — Não queria dizer nada sobre nós sem você estar.

    Saímos de casa.

— Tenho uma leve impressão de que ela não vai te deixar em paz — digo. Nathan e eu seguimos o caminho para o colégio.

— Isso é ruim?

— Não. Eu quis dizer que ela vai tentar de tudo para te agradar.

     Demos risadas.



Chegando no colégio, Nathan teve que ir se encontrar com o pessoal do time, a mando do treinador. Enquanto ando pelos corredores, vejo Sophie em seu armário, que fica perto dos banheiros. Eu preciso conversar com ela, não quero estragar a pouca aproximação que temos.

— Oi — digo, assim que chego perto da mesma.

— Ah, oi Chiara — ela diz sorrindo.

— Eu queria pedir desculpas.

— Pelo quê? — Ela me olha confusa.

— Por não ter sido sincera com você naquele dia. Eu gosto do Nathan e...

— Está tudo bem. Não estou chateada nem nada.

— Sério?

— Sim. Na verdade... é um pouco desanimador para mim, mas vou ficar bem.

— É que... eu e ele conversamos e... — Tento formular as palavras, mas parece que não há como dizer isso sem parecer egoísta.

— Eu entendi — ela diz e sorri fechado. — E não se preocupe, eu estou bem com isso.

— Não queria magoá-la.

— Chiara, se vocês se gostam, o que mais vocês tem que fazer é ficarem juntos, e eu não quero ser um motivo para atrapalhar isso.

— Não está chateada? Mesmo?

— Mesmo — Sophie diz e consigo ver sinceridade em suas palavras. Apesar de seus olhos transmitirem desânimo. Sorrio mínimo para a mesma.



    Conto para Ellie toda a situação e a mesma acha graça e icônico tudo o que aconteceu.

— Meu Deus, isso é hilário — ela diz, negando com a cabeça.

— É, muito hilário — digo e espero Ellie pegar um livro de seu armário.

— Viu, não foi tão mal assim. Apesar de que foi ele quem teve coragem primeiro de dizer o que sente.

— É, mas mesmo assim estou feliz.

— Não comece a encher minha cabeça sobre como você está adorando o seu relacionamento, de que como Nathan é incrível e blá, blá, blá — ela diz com tédio e eu reviro os olhos.

— Você é insuportável — digo.

— Você já devia estar acostumada — Ellie diz e eu dou risadas.

— Quem está em um relacionamento? — Escuto alguém dizer atrás de mim e ao me virar, vejo Phillip com as mãos nos bolsos da calça, nos olhando curiosamente.

— Chiara e Nathan — responde Ellie, sem dar muita importância. Mesmo que Nathan ainda não tenha feito um pedido oficial e tal, e nem sei se irá fazer.

— Você... — Phillip me encara sem nenhuma expressão. — Fico feliz por você — ele diz por fim e sorri fechado.

— Obrigada — digo envergonhada, e um pouco constrangida com a sua presença. Phillip acena com a cabeça e logo se distancia de nós.

— Não posso negar que eu estava torcendo por você e o meu primo ficarem juntos, mas as coisas nem sempre sai como pensávamos — Ellie diz.

— Phillip é um bom amigo, só isso. — E isso é verdade, mesmo sabendo que antes eu sentia, mesmo que minimamente, algo por Phillip, mas agora o vejo apenas como um amigo.

— Mas já que você e Nathan se gostam, então você tem minha benção — Ellie diz, fingindo uma expressão condescendente.

— Oh! Fico muito grata por isso — digo, entrando na brincadeira.

    Nós rimos.

— Bom, vamos para a aula? — Ellie pergunta, e juntas nos direcionamos para a sala.



    No horário do intervalo, quando estava saindo de minha aula de química, Nathan segurou minha mão e fomos em direção a mesa que fica debaixo da árvore, o lugar que pode ser considerado nosso agora. A sombra dos galhos da árvore parecem uma grande teia desenhada sobre o chão, há poucos alunos ao redor, mais afastados, hoje o dia não está tão quente.

    Hoje quase não vi Nathan, com o torneio de basquete chegando, o treinador optou por um treinamento pesado.

    Nathan entrelaça nossos dedos e me encara.

— Como está sendo o seu dia? — ele pergunta.

— Confuso — respondo.

— O meu também, mas também está sendo muito especial.

— Especial? Por quê? — pergunto arqueando as sobrancelhas.

— Porque agora estou sentado embaixo de uma árvore bonita, com um céu muito bonito, ao lado de uma garota muito, muito bonita, que além do mais é minha namorada.

— Somos namorados?

— Não somos? — ele pergunta um pouco assustado.

— Não sei, não oficializamos nada — digo e olho para frente fingindo indiferença.

— Você aceita? — ele pergunta e eu o encaro.

— O que?

— Chiara Wright, você aceita namorar comigo? — Ele sorri e se aproxima mais.

— Talvez, não sei — digo segurando um sorriso.

— Considero isso como um sim — ele diz e me dá um beijo demorado.

— Eu aceito — sussurro. Nossos rostos ainda próximos.

    Nathan faz uma leve carícia em minha bochecha.

    Tudo que aconteceu ainda está em processamento em minha cabeça, ainda é confuso  e surreal, todos os sentimentos presentes, sentimentos calorosos e acolhedores. É estranho como tudo pode mudar, se transformar, e em tão pouco tempo, somos capazes de criar laços e momentos que serão motivos para as mais complexas e indispensáveis sensações.

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