Capítulo 10

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Nathanael

    Desde criança eu queria ter um cachorrinho de estimação, mas meus pais nunca deixaram, e isso me deixava frustrado. Quando minha mãe veio conversar comigo, no dia em que voltei da escola na segunda, ela me disse que eu poderia ter um cachorro, mas eu terei que assumir total responsabilidade por ele, é claro que fiquei contente com a notícia, mas não demonstrei, apenas concordei com a cabeça. E tinha outra condição que minha mãe impôs, a qual não gostei muito, ela disse que eu deveria pedir a ajuda de Chiara para adotar um cachorro, mesmo com minhas objeções, minha mãe disse que era isso ou nada, como é meu sonho ter um animal de estimação, deixei meu orgulho de lado e aceitei.

    Tobby corria toda vez que eu jogava o disco, pulando o mais alto que conseguia para agarrá-lo, ele corria de volta para mim soltando o brinquedo, e novamente eu o jogava. Isso é incrível, sempre que andava de skate pelas ruas de San Diego, via as pessoas correndo com seus animaizinhos, seja brincando ou apenas passeando, e imaginava eu andando de skate junto ao meu próprio cachorro.

    É a primeira vez em meses, que eu realmente me senti bem, e um pouco mais alegre, eu passava a maior parte do tempo trancafiado em minha casa, não tinha ideias do que fazer durante os dias, então não fazia nada. Eu saía de vez em quando com meus pais e Lily, mas não era algo que eu podia dizer que fazia meu dia ser melhor.

    Sento na grama já cansado.

— Já está bom Tobby — digo para o cachorro que para na minha frente. — Estou cansado.

    Tobby começa a cheirar a grama se distanciando um pouco, dou um suspiro cansado e inclino a cabeça olhando para o céu, hoje ele está recoberto por nuvens, o sol aparecendo pouco, olho agora para o lado, um pouco mais distante está Chiara, deitada na toalha que trouxe, ela parece estar lendo um livro.

    Mesmo não querendo me aproximar das pessoas, essa garota parece grudar no meu pé, sei que estou sendo muito idiota a tratando desse jeito, mas é que quando eu a vejo ser tão gentil assim, eu não aguento e acabo a tratando mal. Eu decidi me afastar de meus amigos e não fazer mais nenhuma amizade, para mim, pessoas gentis com todo mundo, que tentam ser amigas de todos, acabam se prejudicando no final.

    Me levanto e vou andando até Chiara, assim que percebe minha presença, ela fecha seu livro, voltando a ficar sentada.

— Cansou? — ela pergunta com um sorriso. Me pergunto se é tão difícil pra ela manter esse sorriso escondido.

— Sim — respondo simples. Se fosse antes, eu apenas ignoraria a sua pergunta, mas não vejo motivo para não responde-la.

— Acho que já podemos voltar para casa — ela diz se levantando começando a guardar as coisas.

    Já na ida para casa, Chiara agora é quem leva Tobby, ando mantendo minhas mãos nos bolsos de minha jaqueta. É estranho andar ao lado de uma pessoa que você não é próxima, e principalmente de alguém que você trata de forma rude.

— Por que? — A pergunta sai de minha boca sem nem mesmo perceber.

— O que? — Ela me olha confusa.

— Por que você é assim? Mesmo eu a tratando desse jeito, você continua falando comigo como se nada acontecesse.

— Eu não sei ao certo o porquê — ela começa a falar e encara seus pés. — Primeiramente eu fiquei irritada com aquelas palavras que você disse sobre mim e achei que eu poderia te mostrar que estava errado. Eu não sou gentil com as pessoas na intenção de elas serem minhas amigas. — Ela solta uma risada sem humor. — Eu acredito que para uma pessoa agir de uma maneira ruim, deve existir um motivo, como você disse outra vez, as pessoas sempre tem mais lados e mostram apenas um, e hoje eu percebi que você estava certo.

Pelos Caminhos Do Seu Coração Where stories live. Discover now