"Raiva"

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Já faziam algumas horas desde que eu havia voltado do dormitório de Draco. Mas o sono parecia não querer me atingir de maneira alguma. Me virei algumas vezes na cama, buscando alguma posição, mas nada funcionava.

Depois de diversas tentativas frustadas de uma boa noite de sono, decido me levantar da cama para dar um volta. Coloco as pantufas juntamente com um roupão, com comprimento o suficiente para tampar tudo aquilo que meu pequeno pijama não cobria.

Desço as escadas da comunal ouvindo algumas vozes, provavelmente alguns alunos com o mesmo problema de insônia que o meu.
Chego até o último degrau e as vozes se intensificam. Mas a visão a minha frente, me embrulha o estômago, não eram apenas alguns alunos sem sono.

Draco estava no sofá de couro preto sentado, enquanto Astória Greengrass estava montada em seu colo, beijando com força seus lábios.
Meu estômago se contorcia cada vez mais ao ver aquela cena, tudo que eu nunca imaginei bem ali, diante dos meus olhos e de mais quem quisesse ver.

Minha pernas me traem e começam a caminhar até a porta da comunal, assustando o casal que estava no sofá, Greengrass foi a primeira a olhar em minha direção.

— Oh, boa noite, LeClair. - Astória diz me olhando com um sorriso sínico em seus finos lábios, no momento em que Draco a tira do seu colo me olhando assustado.

— Boa Noite Greengrass, Malfoy. — Tento soar o mais educada possível, escondendo a raiva que me consumia.

— Mel... - Draco chama pelo meu nome, mas eu já estava fora da comunal, caminhando pelo corredor. — Mel, espere. - A voz de Draco soa novamente me fazendo parar, virando para olhá-lo.

— Sim? - Fria, era isso que eu estava tentando ser.

— Por favor, me perdoe, por favor... - Implora se aproximando. — E-eu não sei o que deu em mim...

— Está tudo bem Draco. - Dou um sorriso que não atingia meus olhos.

— Mel... - Pega em meu pulso.

— É sério Draco, está tudo bem. - Repito a frase com o mesmo sorriso.

— Sério? Você realmente não está brava? - O loiro se aproxima desconfiado,mas abraça meu corpo.

Não Draco, não estou brava.

Estou furiosa.

—Não estou brava...- Retribuo seu abraço, me aproximando de seu ouvido. — Mas você nunca mais me tocará novamente Malfoy. - Ronrono em seu ouvido. - Lembre-se que foi você que estragou tudo!

— Ah, aliás, eu realmente espero que tudo isso valha a pena. - Me desfaço do abraço. — Mas você sabe que Astória nunca será eu, não sabe querido?- Minha voz era doce, enquanto Malfoy me olhava assustado. - Tenha uma boa noite Malfoy. - Deixo o loiro estatístico para trás.

Eu estava destruída, mas não demostraria isso na frente de Draco, não depois de o ver com Astória horas depois de transar comigo, horas depois de me dar o maldito colar, horas depois de dizer que gostava de mim, poderia estar sentido tudo isso, mas ainda tinha um pingo de dignidade.

Me dirijo até a torre de astronomia tentando buscar o ar que me falta enquanto as lágrimas não paravam de correr pelo meu rosto. Eu não amava Draco, mas eu gostava sim dele, e aquilo estava machucando.

— Veja só quem está aqui novamente... - Mattheo diz se aproximando, por que ele sempre tem que estar aqui?

Viro meu rosto para que ele não veja o estado deplorável que estou, seria apenas mais um motivo para que ele me perturbasse.

— Não consegue me encarar LeClair? - Puxa meu queixo com as mãos me fazendo olhá-lo.

Seus olhos travam em meu rosto parecendo captar em câmera lenta cada lágrima que rolava. Suas mãos soltaram meu rosto bruscamente, enquanto ele se virava pra frente na mesma posição que eu. Espero que ele vá embora, que faça alguma piada, ou seja grosso novamente, mas isso não acontece. Mattheo permanece ao meu lado em silêncio.

De relance o vejo acender um cigarro tranquilamente e me sinto uma idiota por não ter parado de chorar ainda. Estou chorando na frente da pior pessoa de Hogwarts, na verdade a segunda pior, Draco agora ocupava o primeiro lugar. Saio dos meus pensamentos vendo sua mão em minha direção, me oferecendo o cigarro que minutos atrás estava em seus lábios. Pego o cigarro de sua mão o levando até minha boca, mas me engasgo ao tragar, obviamente nunca havia feito aquilo.

Repasso seu cigarro novamente agradecendo mentalmente por Riddle se manter em silêncio. E assim ele permaneceu durante longos minutos.

— Você não fica tão atraente desse jeito LeClair. - Mattheo corta o silêncio me fazendo olhar para ele e depois para mim mesma.

Pantufas, pijama, roupão, cabelos bagunçados em um nó e rosto inchando de tanto chorar. Céus, eu estava péssima.

— Essa não é a intenção de qualquer maneira...- Meu olhar permanecia distante quando falei: — Obrigada Riddle. - As palavras que nunca achei que iria pronunciar para Riddle, saem da minha boca como um sussurro abafado pelo choro.

— Não estou fazendo nada por você LeClair, que isso fique bem claro. - Se aproximando me fazendo dar um passo para trás, com medo. —Ainda acho você patética.

E ali estava o mesmo Mattheo de sempre.

Apenas dou as costas saindo da torre de astronomia, já estava acostumada com o seu temperamento, mas estava cansada demais para ouvir qualquer desaforo.

— LeClair... - Sua voz grossa me chama, me fazendo parar na escada. — Foi ele, não foi?

Imagino que Mattheo vá tirar sarro da minha cara ou algo do tipo, então apenas permaneço em silêncio.

— Boa noite Riddle. - Volto a descer as escadas, apertando o roupão em meu corpo.

Me deito na cama e todos acontecimentos da noite se repetem em minha mente. Como eu pude ser tão burra, Merlin, o que eu estava esperando? Um conto de fadas? Isso não existe Melinda.

Sinto novamente meus olhos se encherem de lágrimas e me permito chorar um outra vez.
Procuro em minhas memórias qualquer outra coisa que me faça esquecer tudo aquilo que havia visto horas atrás. Para minha própria surpresa, minha mente me leva até a visão daqueles olhos castanhos que me observavam como um animal. Sinto as lágrimas secarem enquanto Mattheo vagava pelos meus pensamentos.

Isso é loucura!

"Mattheo não é bom."

"Mattheo é a personificação do mal."

"Mattheo é tudo aquilo que é proibido."

Mas Mattheo tem aqueles malditos olhos que, por minutos antes do sono, me fizeram esquecer até mesmo dos cinzas que tanto me magoaram.

Be with me - Mattheo Riddle Donde viven las historias. Descúbrelo ahora