Capítulo 75 :

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ARTHUR

Depois que a Carla viajou, meio que aceitei que a nossa história tinha acabado.

Eu só não estava conseguindo seguir em frente, como havia planejado.

Passei as últimas semanas deprimido demais, bêbado demais, irritado demais.

Já era hora de parar de ser um idiota e colocar a cabeça no lugar.

Acabei comprando a casa de praia em Cabo Frio, mas passei longe da coroa gostosa, que fique claro! Sexo era uma palavra quase extinta no meu vocabulário e, por incrível que pareça, eu estava bem com aquilo.

Aproveitei o tempo que fiquei recluso na cidade praiana para descansar a cabeça.

Surfei, saí para jantar, nadei na piscina da casa, mas não comi ninguém.

Não por falta de pretendentes dispostas a fazer o Arthur aqui feliz por alguns momentos, mas porque eu não quis.

Aquele babaca que usava as mulheres apenas para o sexo não existia mais. Prometi a mim mesmo, de frente para o espelho, que, dali por diante, se aparecesse alguma mulher, só pegaria se ela fosse interessante o bastante para me fazer querer conhecê-la melhor. Isso não significava que eu só transaria se fosse com uma namorada, mas pelo menos, tentaria mudar as minhas prioridades.

Ao invés de comer e dispensar, consideraria outros encontros para nos conhecermos melhor e, quem sabe, começar algo... E, quem sabe... Esquecer a Carla.

Espera aí, eu estaria usando a garota do mesmo jeito. Saindo com ela para esquecer outra. Cara, era complicado ser correto!

Enfim, todo o meu discurso de bom moço que quer recomeçar e seguir em frente foi para o ralo no momento em que encontrei a Carla novamente.

Quando a vi, esqueci na hora de todas as promessas que havia feito. Só pensava no que mais eu poderia fazer para que me perdoasse.

Minha Pitica estava linda. Caminhava com o João na praia. Ela parecia bem, estava corada e tinha uma áurea boa ao seu redor.

Senti tanta falta daquela bondade e simplicidade que emanavam dela.

Ela era pura luz.

Ao contrário, eu era apenas a sombra do que já fui. O que era bom, de certo modo. Pelo menos já não era mais o babaca galinha e cafajeste que costumava ser. Nossos olhares se cruzaram por segundos apenas, mas foi o suficiente para derreter meu coração, que eu pensava, iludido, estar cicatrizando. Só estava me enganando.

Meu coração nunca cicatrizaria se a Carlinha continuasse longe. Eu amava aquela mulher.

No fundo, era muito grato a ela por ter me livrado da obsessão pelo chifre que a Larissa me colocara.

Por ela, vinha tentando ser um novo homem e, graças a Deus, estava conseguindo.

Os traumas do passado já nem me assombravam mais.

A única coisa que me assombrava era a certeza de que seria impossível esquecê-la, a certeza de que ela ficaria para sempre no meu coração.

Fiquei tão mexido por vê-la que, naquele mesmo dia, mais tardar no comecinho da noite, lá estava eu, parado na frente do escritório que cuida da carreira dela, esperando o momento de abordá-la.

Quando Carla saiu do escritório, despediu-se da garota da recepção e caminhou em direção ao carro, estacionado um pouco à frente.

Arthur: Carla... — chamei-a, antes que entrasse no veículo. O olhar, primeiramente incrédulo, depois gelado, que me direcionou, fez meu peito doer.

Carla: O que você quer, Arthur? — A indiferença na sua voz era surpreendente.

Arthur: Só quero conversar.

Carla: Se é pra falar sobre o que me fez, não estou interessada. — Simplesmente abriu a porta do carro, determinada a ir embora.

Mas eu não poderia deixá-la ir sem me ouvir, por isso, passei por ela e me postei na sua frente, impedindo-a de entrar.

Carla: Ei! Desencosta daí!

Arthur: Carlinha, por favor, me escuta. Estou implorando... — Toquei de leve seu rosto, mas ela se esquivou, afastando.

Carla: Então diz logo, estou esperando.

Arthur: Eu te amo. — Saiu, simples assim.

Carla arregalou os olhos, totalmente surpresa, o que era compreensível, pois aquela atitude foi inesperada até para mim.

Entre aceitar o amor e confessá-lo à pessoa amada, havia uma ponte estreita, longa e cheia de obstáculos, pelo menos para mim.

Felizmente, parecia que eu finalmente tinha conseguido atravessá-la.

E, para minha grande surpresa, foi como tirar uma família inteira de elefantes das costas.

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O Crossfiteiro Irresistível.Where stories live. Discover now