Capítulo 64 :

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Fui pega de surpresa. Os olhinhos estreitos, não tanto quanto os meus, me fitaram intensamente, me fazendo desviar a atenção para a estrada.

Bil: Desculpe — ele pediu.

Carla: Não peça desculpas. –  Por que eu estava recuando? O cara era um gato, solteiro — bem, ele não usava aliança — e iria embora dentro de algumas semanas. Por que não aproveitar, não é?

Agarrei o pescoço dele e o beijei de volta. E olha que o primo correspondeu à altura.

Foi um senhor beijão, mesmo que só nossas bocas que se mexiam, visto que ele sequer tocou em mim.

Só nos separamos quando um ônibus de viagem estacionou bem na nossa frente.

Depois daquele beijo, eu estava mais do que curiosa para experimentar todo o resto.

O caminho de volta foi bem agradável. Não teve climão por causa do beijo.

Na verdade, ficamos até de mãos dadas quando era possível.

Sem falar que ainda arriscamos uns selinhos,  quando parávamos nos sinais de trânsito.

Deixei-o na casa da minha mãe e fui para a minha me aprontar para sairmos.

Eu precisava aproveitar aquele estado de empolgação.

Desde que tinha levado um pé na bunda, eu só curtia fossa, nada mais justo do que curtir um pouquinho ao lado do gato do Bil, né?

Caprichei no visual para a ocasião. Vesti um cropped decotado preto com detalhes em pedrarias, saia bege de cintura alta e o salto mais alto que tinha. Fiz uma maquiagem leve, mas realcei com um batom vermelho.

Finalizei o look prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo.

"É hoje que eu arranco aquele cafajeste do meu sistema", era o que eu pensava enquanto esperava o Bil na porta de prédio de mamãe.

Bil: Uau! — meu primo exclamou, ao entrar no carro. — Está linda — elogiou. Fiquei babando no sotaque carregado.

Carla: Obrigada. Você também está um gato. — Estava mesmo. Todo engomadinho, mas ainda assim, lindo.

Quando chegamos à boate, fomos direto para a pista de dança.

Meus amigos já haviam chegado. Até mesmo o João. E, sim, ele estava acompanhado.

Dancei muito, me acabei mesmo na pista e Bil fez o possível para me acompanhar, coitado. Depois de um tempo, Pocah, que mal esperou por uma oportunidade, me puxou para o banheiro.

A maluca estava morta de curiosidade em saber se tinha rolado algo entre a gente na viagem.

Carla: Foi só um beijo — confidenciei. — Por enquanto. — Os olhos dela quase saltaram do rosto de tanta empolgação. — A noite promete, Poquita! Hoje eu vou dar pra aquele moreno alto ou não me chamo Carla Carolina Moreira Diaz. — Caímos na risada. A vontade era grande, mas era difícil saber se eu teria realmente coragem.

Voltamos para a pista de dança empolgadas. Dancei com o Ronan e até com o João.

Graças a Deus! Parecia que o clima tenso entre a gente havia passado. Finalmente eu tinha meu melhor amigo de volta.

Lá pelas tantas da madrugada, começaram a rolar aquelas músicas mais lentas e Bil e eu engatamos numa dança quente e sensual.

Estava sentindo falta daquilo. De sentir o incômodo no ventre, a calcinha ficando molhada, sabe? O danado me apertava toda enquanto dançávamos.

Teve uma hora em que até arriscou uns beijos no meu pescoço, sem falar que ainda se esfregou em mim, embora tenha o feito sutilmente. Gente! O cara tinha pegada! Aquela timidez toda, era pura fachada.

Claro que as muitas biritas que tomamos ajudaram e acho que do mesmo jeito que eu estava a fim de aproveitar, meu primo queria o mesmo.

Pela primeira vez desde o chute certeiro que o Arthur havia me dado, não pensei nele.

Só conseguia pensar em tirar o atraso com aquele moreno alto lindo de viver.

Depois de, sei lá, três músicas dançando daquele jeito, eu não aguentava mais ficar só na sedução.

Precisava e urgente passar para as vias de fato. E parece que foi transmissão de pensamento, porque, na mesma hora, Bil perguntou se poderíamos ir embora.

Justamente quando estava me sentindo pronta para avançar para os finalmente, vejo ninguém menos do que Arthur Picoli se materializar em carne, osso e gostoso bem na minha frente.

Minha reação... foi não ter reação. Passado o choque, pedi licença ao meu primo e fugi, deixando-o sozinho e um tanto atordoado na pista de dança.

Corri mesmo, ou pelo menos tentei correr. Aqueles saltos não estavam me ajudando.

Quando pensei que tinha conseguido escapar do olhar incrédulo de Arthur a pouco metros de mim, senti alguém segurar a minha mão.

Nem precisei olhar para saber quem era.

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O Crossfiteiro Irresistível.Where stories live. Discover now