XXXV

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É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.

William Shakespeare

— Outro? —  perguntei chocada, minha amiga só concordou com a cabeça — Eu sinto muito.

— Não sinta... Não é como se fôssemos amigos, eu só... Conhecia ele, tinha uma boa alma. Inocente, duvido muito que seja o culpado dos crimes que foram cometidos a ele.

Concordei cabisbaixa, Michael havia sido encontrado morto hoje, aos fundos de Centralia, ninguém viu ou sabe como conseguiram levar ele até lá, e isso foi chocante, já que a segurança de Howard é bem rígida. Ele apareceu lá, com o corpo cheio de machucados, tinha indício de ser torturado, um dos enfermeiros achou ele por acaso. A polícia estava toda investigando o caso, e Howard estava um caos, pacientes nervosos e com medo, e os funcionários e freiras que trabalhavam aqui não pareciam diferentes, me peguei perguntando como Camila estaria, essa situação deveria estar sendo muito complicada para ela, não era o primeiro assassinado que havia acontecido enquanto ela administrava Howard. Michael era um homem só, tinha problemas mentais e foi acusado de matar a irmã, única parente viva, que cuidava dele, a cena do crime estava toda voltada para ele, e as pessoas não costumam querer comprovar a inocência de pessoas com problemas mentais, ele foi acusado e sentenciado a passar o resto da vida em madhouse, mas mesmo assim, nunca vi ele triste nem uma vez, ele parecia uma criança mesmo, então eu me pergunto, quem seria capaz de ferir alguém assim? Que na verdade era uma criança, eu assim como Claudette duvidava que ele fosse o culpado do assassinato da irmã, ele sempre foi calmo e amava a irmã, não havia razão de um dia qualquer ele acordar, pegar uma faca e esfaquear ela, eu tentava me segurar nas palavras que Claudette havia falado para mim, que pessoas importantes ou com família não eram alvos de Serial Killers, nas ainda sentia medo, era inevitável, não havia seguer para onde correr aqui, engoli em seco com esse pensamento, nesse momento, Camila passou, falava com um policial alto, estava séria e parecia até um pouco nervosa, mas quem não estaria numa situação dessas? Assim que me viu, eu sorri em sua direção, para dar forças para ela, vi a sombra de um sorriso em seus lábios, mas logo ela voltou a falar com os policiais novamente.

— Merda Lauren, prometi não me meter, mas puta merda — ouvi minha amiga de hospício resmungar, mas só revirei os olhos em resposta.

Ela diria mais uma de suas bobagens, e não, eu não estava apaixonada pela Camila, não poderia estar e jamais estaria. Para mudar de assunto, resolvi tentar descobrir algo a mais sobre a morte de Michael.

— Pode ser qualquer um aqui — sussurrei, Claudette negou com a cabeça.

— Não, não pode ser qualquer um Lauren, tem que ser alguém com poder de circular livremente pela madhouse sem levantar suspeitas, alguém com poder aqui dentro — engoli em seco, isso tinha muita lógica, um paciente, embora todos falassem que era um dos loucos que vivem aqui, não tinha poder de circular pelo hospício, não poderia, teria olhos na sua direção, já um funcionário... As coisas eram diferentes.

— Você tem razão.

Sempre tenho — disse olhando ao redor.

...

Ainda abalada por tudo que havia acontecido, eu resolvi ir até a biblioteca, fazia tempo que não falava com a irmã Mary ou pegava um livro novo, ao entrar na biblioteca enorme, a encontrei vazia, e me surpreendi com isso, deixei o livro que eu havia pegado sobre o balcão onde irmã Mary ficava e resolvi me sentar em um sofá, esperar para ver se ela não chegava em alguns minutos. Passei um bom tempo ali, estava prestes a ir para o jardim quando senti uma mão no meu ombro, o susto foi tão grande que eu dei um pulo, caindo no chão, e descobrindo ser a mão da irmã Mary, ela ria até cair lágrimas de seus olhos.

MadhouseWhere stories live. Discover now