vigésimo terceiro.

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comentários visse... me incentivam muito...

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Harry gostava da sensação de ter Louis por perto. Gostava da sensação que o rapaz passava através de suas ações, palavras e toques. No entanto, Harry sentia-se extremamente inútil por nunca conseguir retribuí-lo. Ele nunca conseguiria, nunca. Nem mesmo caso se esforçasse o suficiente para conseguir lhe dizer que gostava dele, porém não sabia se era da mesma forma que recebia. Sentia que todo aquele carinho e afeto era extremo, o extremo o bastante para que seu interior denunciasse seu desespero e seu sentimento de incapacidade, sentia-se incapaz de receber tudo aquilo. Edward não acha que realmente mereça os sentimentos que recebe de Louis.

Era natural que ele se sentisse daquela maneira, principalmente depois de ter discutido com William por uma fala insensível de sua parte. E o acastanhado estava certo, obviamente estava, quando corrigiu Harry. E aquilo não era recente, Louis já corrigiu o garoto inúmeras vezes. Incontáveis vezes, e sequer eram necessárias porque Harry é um jovem de dezoito anos completos, não necessitava de um rapaz de sua idade o corrigindo. Embora quase nunca pensasse antes de dizer algo, sempre percebia o tamanho da besteira que estava a dizer enquanto falava, por esse motivo optava pelo silêncio.

Sabia que se ficasse em silêncio não machucaria ninguém. Ficar em silêncio o rendia momentos ponderativos, o que o incomodava, era visível que, mesmo estando em um absoluto silêncio, Harry não conseguia permanecer totalmente quieto. Ou estava desenhando, ou planejando seus desenhos, odiava passar muito tempo sem entreter-se com algo. Alguns pensamentos eram como alavancas rachadas, fraquejadas pelo tempo, mal necessitavam de um leve impulso para que soltasse toda aquela enxurrada de acontecimentos passados, que Styles odiava resgatar. Mesmo que fossem lembranças boas, ele não gostava de relembrá-las, porque a saudade o machucava, o amor que sentiu por sua mãe o machucava.

Machucava porque ele tem certeza de que seu amor não foi o suficiente para Arabella.

E porque ele tem certeza de que não seria o suficiente para Louis.

Então Edward sequer deixava a possibilidade de algum dia amar William passar por sua cabeça, porque seu amor não o faria ficar. Seu amor é fraco. Era fraco. Facilmente comparável à uma pétala solitária e murcha, tão frágil que apenas um sopro rasgou-a, mas ninguém realmente se importou com aquela pétala rasgada. Porque o fariam quando haviam outros lindos e vivos arranjos de flores postas sob um balcão de uma linda floricultura? Porque se importariam justo com a única pétala murcha e rasgada?

Às vezes, era normal que o garoto se sentisse como um imenso mar, não tão cristalino quanto das imensidões agitadas de Louis, mas bom visivelmente e suficiente para que visitantes o adentrassem, mesmo que nunca quisessem propriamente mergulhar e procurar por seus tesouros. Embora Harry também ache que, caso algum dia, alguém tenha coragem o bastante para mergulhar em suas águas, nunca encontrará um coral bonito e habitável sequer...

Seus olhos passeiam cansadamente pelo teto cinzento de seu quarto, perdendo-se nas pequenas estrelas "brilhantes" coladas na tinta. Elas já não brilhavam tanto quanto faziam no dia em que foram colocadas no local, mas mesmo que deixassem de iluminar umas as outras, Edward continuaria a admirá-las. Ele têm uma prancheta em seu colo, segurando uma folha de papel sulfite e em branco - não totalmente, pois há traços inacabados desenhados nela. Também há um biquinho em seus lábios, o garoto sente falta de Louis, por mais que tenha conversado com o rapaz por mensagens de textos há menos de três horas.

Harry também pega-se pensando sobre o quanto vêm mudando desde o início do ano letivo. Não sabe se as mudanças o fizeram mal ou bem, porém se sente estranho, não como se estivesse errado, mas como se não se reconhecesse mais... Aquilo era ruim? Ele não gostaria que fosse.

When you met me in detention.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora