O Retorno ao Labirinto O Portal Mágico

𝕮𝖆𝖕. 01 𝕺 𝕷𝖎𝖛𝖗𝖔 𝖁𝖊𝖗𝖒𝖊𝖑𝖍𝖔

Sarah havia acordado assustada. Remexeu-se na cama e sentou. Era a terceira vez que sonhava com ele, o homem alto, com sorriso malicioso que havia dançado no baile de máscaras. A história sobre o labirinto passava a invadir seus sonhos com frequência. Afinal, por mais que tentasse explicar o que havia acontecido, todos a chamavam de maluca. Ela própria cogitou essa idéia quando seu pai e madrasta a levaram a uma terapeuta e as sessões passaram acontecer. A explicação é que era uma fuga da sua realidade, envolvida no processo da adolescência, que para tentar chamar atenção, inventava coisas. Havia se apegado ao livro e sua história. E passou a vivê-la confundindo a ficção com a realidade.

O fato, é que, Sarah tinha a plena certeza de que não era algo de sua mente. Havia estado no labirinto e vivenciado tudo com total precisão. Como poderia ser? Vez ou outra se pegava pensando, mas logo mudava suas memórias, nesses momentos refletia sobre buscar novamente a terapia.

Nos últimos tempos sua vida estava tranquila. Vivia em um belo apartamento, seu trabalho proporcionava uma vida confortável, tinha amigos, viajava, tudo o que uma mulher no auge de seus vinte e poucos anos poderia querer. Materialmente tudo ia bem, a julgar por seu noivado que fora um definitivo fracasso. Descobrira uma traição. Richard como chamava-se, mostrara a ela o que é sofrer. Chorou, bebeu, lamentou se julgou idiota, nunca se viu tão perdida, no entanto, conseguira se reerguer e definitivamente decidiu dar uma pausa de relacionamentos.

Aquele dia era domingo, o Sol invadia a vidraça mostrando um dia alegre convidativo a sair. Levantou-se rápido, uma olhada ao espelho para ver sua beleza, era vaidosa amava um batom vermelho.
Foi até o closet, procurou o que vestir iria dar um passeio.

Ao vasculhar as roupas do cabide uma caixa caiu aos seus pés, derrubando papéis e o pequeno livro vermelho_ O Labirinto. Ela olhou surpresa. Não lembrava de tê-lo  colocado naquela caixa. Possuía uma vaga lembrança de ter dado a Toby, mas agora o vendo ali, achou esquisito. Ia abri-lo, mas o telefone tocou. Do outro lado da linha Kena a amiga confidente.

–"Vai dormir até que horas?"

 –"Já acordei há muito tempo" – fez ela.

Kena prosseguiu:

–Apresse-se, coloque a roupa mais bonita que encontrar. Temos companhia."

Sarah torceu o nariz com uma careta. A amiga sempre querendo apresentar a alguém.

–Devia trabalhar em uma agência matrimonial Kena. Quantas vezes terei que dizer que quero dar um tempo de relacionamentos.

–Ai meu Deus-–disse revirando os olhos—Você vai apenas conhecê-lo. Conversar.

Sarah bufou. Foi taxativa:

–Conversas e conversas. Da última vez só me meti em confusão.

–Apresse-se pois não quero me atrasar. –ignorou a reclamação e desligou o telefone sem esperar qualquer resposta.

– Alô?–fez Sarah ouvindo apenas o som da ligação caindo.– Metida.– resmungou devolvendo o fone no gancho.

Elas iriam ao Clube naquele domingo. Seria tudo perfeito se apenas as duas tivessem o privilégio de apenas bater um papo, mas não a amiga era insistente. Pensou em desistir, bobagem. No que seria bom ficar em casa? Devia se divertir, rir e se exibir um pouquinho.

Tomou de um vestido rosa moderninho, prendeu os cabelos e antes, foi à cozinha, bebeu uma xícara de café com torradas. O dia realmente estava perfeito ao ver da sacada, um misto de euforia encheu seu coração.
Ao passar pela sala, foi em direção ao quarto, intrigada ao olhar para cama viu o livro vermelho. Não se recordara de tê-lo deixado ali. Estranho. Se xingou mentalmente- mais atenção Sarah, não seja distraída- e,  um flasch de visão cortou seu pensamento. A imagem do rei Goblin, sua malícia, os olhos diferentes, a jaqueta de couro, as botas pretas e os cabelos louros com mechas coloridas espetadas...

–Eca!–fez em voz alta.

Algo na janela como um ruído a assustou, parecia um bater de asas. Era comum ter muitos pássaros por ali, não deixou sua mente terminar o lance da imagem de uma coruja. Ah, claro essa semana teria terapia nada mais justo, estava realmente tendo alucinações, esperava não ter que tomar nenhum medicamento

Passou ao toalete, decidida foi rápida na maquiagem e pegou a bolsa. Abriu a porta e  com pressa alcançou o estacionamento, indiferente as imagens que se lançaram uma após a outra em sua cabeça. Parecia mesmo que todas suas memórias tiravam sarro de sua cara. Justo no dia que queria mesmo espairecer, não ia bancar a boba logo agora, se não fosse, Kena ia fazer mil perguntas, a chamar de chata, que só pensava em si mesma e blá, blá na dúvida, não ia dar motivos, independente de seu convidado faria seu dia feliz.

Entrando no carro ligou o rádio e deu partida. Com entusiasmo, aumentou o som, não contente com o que ouviu, trocou a estação uma música batida a deixou elétrica, cantou acompanhando, logo venho a próxima, bateu palmas pisando o acelerador.

–É isso aí! Uhull!!–exclamou rindo.

Outra canção foi ouvida, era romântica , não muito seu estilo, a voz era grave, sexy e masculina. Sim, a voz não era estranha e a lembrança do baile venho com força. Jareth dançando com ela, fixado em seus olhos, cantando, aproximando-se de seus lábios, a levando como pluma pelo salão a deixando fascinada. A face avermelhou, sentiu-a quente, um arrepio subiu sua espinha, expectativa, nervosismo as pernas amoleceram como quando sentiu o corpo do rei Goblin tão próximo. Faltou o ar, um caminhão atravessou e mesmo que seus pé com força  pisasse no freio de nada adiantou.

Sem ter tempo de gritar, o estrondo foi grande, o choque assustador, batera em cheio na condução.

De olhos abertos vidrados, ficou estática ouvindo somente o ruído de pessoas, barulho, a sirene da ambulância, não conseguiu se mexer. Pouco a pouco um clarão encobriu sua visão, piscou as pálpebras e nada mais viu.

Seja Bem Vindo de coração. Se gostou ou não, deixe seu comentário. O importante é saber a opinião de vocês. E vcs curtiram o filme? Bjsss e até o próximo capítulo 😘