39 - Plano diabólico

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Max e Cassandra ficaram discutindo, dizendo que deveriam ter tentado me impedir, bom, a Cassandra estava dizendo que ele deveria ter impedido, como se a culpa fosse dele.

-Como eu iria impedir? – Max perguntou incrédulo com a acusação.

-Não sei, mas deveríamos ter tentado. – Ela se sentou na beirada do sofá com um olhar triste. – Deveríamos ter a segurado, prendido ela no quarto, sei lá. – Ela olhou para o Max que percebeu seus olhos cheios d'água. – Você e o Boaz foram imprestáveis. Se acontecer alguma coisa com ela, a culpa será de vocês.

-Nossa culpa? – Max se exaltou um pouco no tom de voz. – Ela é irresponsável e a culpa é nossa?

-Exatamente!

Cassandra foi para o quarto deixando Max sozinho e pensativo. Ela se arrumou para se deitar e ficou sentada na cama pensando se eu ainda estaria viva.

-Está brava comigo? – Max perguntou entrando no quarto.

-Não, não muito, apenas não sei o que fazer. – Ela o olhou à procura de uma ideia.

-Eu não tinha o que fazer, você sabe disso. – Ele se aproximou e a abraçou. – Quando ela coloca alguma coisa na cabeça não tem quem tire.

-Eu não quero discutir por causa disso. – Cassandra o apertou em volta de seus braços e respirou fundo. – Se ela não voltar, eu vou atrás.

-Todos iremos. – Ele acariciou seus cabelos e beijou o topo de sua cabeça.

-Agora você vai? – Ela perguntou para o provocar.

-Eu não vou discutir com você só porque ela é irresponsável. – Max se abaixou e segurou o rosto dela entre as mãos.

-E eu não vou discutir com você porque também é um irresponsável. – Ela sorriu e deu um beijo nele. – Agora pare de me dar dor de cabeça.

Ele sorriu para ela e a colocou deitada para que pudesse dormir.

***

-Estou indo atrás dela. – Alex falou ao aparecer na cozinha onde todos estavam tomando o café.

-Eu vou com você. – Boaz falou sem pensar duas vezes.

-Eu também. – Cassandra disse com um sorriso sincero e todos olharam para o Max que demorou para falar algo.

-Vocês sabem que eu vou. – Max falou limpando o café que escorreu pelo canto da sua boca.

Eles se preparam e saíram juntos, o caminho foi o mesmo que fizeram para voltar para casa, apenas o Alex que não conhecia.

Quando chegam encontram um dos meus sapatos jogados próximo a entrada da caverna, o que os deixa bastante preocupados. Cassandra vai até a parte onde teria a entrada mas encontra apenas a parede gélida.

-Cadê a porta que tinha aqui?

Depois de muito procurarem, a porta resolveu aparecer, como em um passe de mágica. Ao abrir, eles se depararam com um monstruoso guarda que estava ali para o caso de surpresas inusitadas, como a aparição deles.

Boaz assumiu a luta mandando os três correr, ele não sabia se iria vencer aquela luta, mas também não queria perder tempo com todos ali lutando ao invés de estarem me procurando.

***

Enquanto me procuravam, eu estava presa em uma espécie de redoma de vidro, sendo torturada pelo Ben. Ele intercalava em me fazer sentir como meu pai, Abe e Lex se sentiram ao morrer, e eu me sentia cada vez mais fraca por causa disso. Eu não conseguia usar minha luz, nem os outros poderes, eu estava acabada.

-Consegue ver como é bom sentir as trevas entrando pelo seu corpo, invadindo suas veias ou como é bom ser atingido em cheio por um golpe certeiro das trevas? – Ele falava com triunfo me enchendo de raiva.

- Pare com isso. – Minha respiração estava pesada por conta de tudo isso.

Eu já tinha chegado ao ponto de não saber qual dor era real e qual era a que ele colocava na minha cabeça.

-Sabe o que é melhor sobre esse tipo de tortura? – Ele se aproximou do vidro e olhou nos meus olhos. – Que ela é forte, mas não o suficiente para matar um ser humano, você pode ficar ai por dias e morrer, mas não de medo, e sim de fome. – Ele se divertia com tudo aquilo, ele estava adorando me ver ali.

-Por que você quer que eu sinta o que eles sentiram? – Perguntei ajoelhada no chão.

-Essa resposta é óbvia. – Eu queria ter forças para levantar e quebrar a cara dele. – Eu gosto de te ver sofrer.

-Quando eu sair daqui.... – Ele intensificou aquela sensação horrível.

Eu sentia como se estivesse sendo rasgada de dentro para fora e gritava o mais alto para tentar suportar aquilo. Me encolhi no chão enquanto gritava cada vez mais.

Fiquei encolhida no mesmo lugar até depois de ele ir embora, eu não conseguia me levantar ou falar, minha garganta doía de tanto gritar. Fiquei deitada observando as trevas envolta de mim enquanto eu usava minhas últimas forças para não deixarem me tocar. A aura amarela de luz flutuava à minha volta como um campo de proteção.

-Gostei do truque. – Ouvi a voz do Ben atrás de mim e estremeci. – Não vejo esse truque desde quando me chamavam de bicho papão. – O olhei quando ele ia para o outro lado da redoma, eu desejava mentalmente que ele não me torturasse. – Se você aceitar as trevas, eu juro que paro com a tortura.

Eu não sabia o que fazer, aceitar a oportunidade de me juntar a ele para acabar com a tortura era tentador, mas eu não perderia minha dignidade com isso, não poderia fazer isso com quem eu amo e com a minha casa.

-Tudo bem. – Falei baixando a proteção e deixando meu cabelo mudar de cor, assim como meu olho, tudo estava preto agora, mas não da forma que ele pensava. - Me ajude a levantar.

A redoma à minha volta já não existia mais. Ben me segurou pelos braços e eu levantei com um pouco de dificuldade.

-Você fica linda com as trevas. – Ele comentou e eu sorri tentando parecer feliz.

-Então, qual é o nosso plano diabólico?

-Então, qual é o nosso plano diabólico?

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A escolhidaWhere stories live. Discover now