28 - Por que você não dorme?

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Alertar a todos sobre o que estava acontecendo parecia não ter funcionado muito bem, a maioria dos moradores saíram da segurança de suas casa para ver o que se passava na cidade, mesmo que não conseguissem entender. Claramente, Ben tinha aprontado mais alguma coisa, coisa essa que eu não descobri pois perdi os sentidos e cai num breu.

Naquele escuro eu vi pessoas morrendo a minha volta, foram tantas mortes diferentes em questão de segundos. Mortes de pessoas desconhecidas e conhecidas, mesmo aquelas que eu só vi na rua.

Benjamin tinha passado dos limites.

Quando voltei a mim, eu estava nos braços do Alex e sentada no chão.

-Já sei o que ele fez. – Me levantei com cuidado para não ficar tonta. – E sei aonde ele está, só precisamos saber como matar essa forma dele. – Cassandra estava me olhando preocupada. – Quem quer fazer uma visitinha a casa do Ben? – Perguntei esperando que um dos dois levantasse a mão.

-Ninguém! – Max respondeu e entrou no quarto. – Você é doida mas não esperava tanto.

-Acho que vou sozinha. – Sorri para eles e vi o Max balançar a cabeça.

-Sério que vou ter que ir? – Max me encarou e eu dei de ombros. – Ninguém, além de mim, pode ir. Cassandra precisa ficar, Alex não seria útil e o Boaz não é tão burro quanto eu. – Ele não se importou nem um pouco com o que disse sobre o Alex.

-Max vai junto, você não pode ir sozinha. – Cassandra falou e eu não discuti.

Fui pro quarto colocar uma roupa boa para isso e encontrei com o Max na sala. Alex ficou nos observando ir, ele deveria querer ir junto, mas ainda é um pouco desastrado para isso.

-Ben está lá, precisamos observar a rotina dele antes de qualquer coisa. – Max falou depois de alguns minutos andando.

-Posso senti-lo daqui, e você sabe do que eu estou falando. – Falei para ele não vir com as gracinhas.

-Eu sei, e não gostei. – Falou preocupado. – Ele está mais poderoso a cada segundo. – Eu podia sentir isso muito bem. – Teremos que ser rápidos quando invadirmos, vamos pegar o máximo de coisas que conseguirmos e vamos dar o fora.

Chegamos na casa do Ben e ele parecia estar esperando pelas nossa visita, a casa estava rodeada pelos guardas sombrios, seria bem difícil passar por eles. Ficamos escondidos na floresta atrás da casa, no meio das árvores para que ele não nos visse e de uma forma que pudéssemos observar tudo.

-Está infestado dessas sombras. – Max sussurrou ao meu lado. – Temos que esperar e observar, descobrir a rotina dele, se é que existe uma.

-Isso vai ser chato. – Resmunguei e me sentei encostada na árvore.

-Sempre é.

Passamos o dia inteiro lá, escondidos e sem fazer barulho. Ficar escondidos nas sombras da floresta não era um plano muito inteligente, mas era o melhor que tínhamos. Com a chegada da noite, pudemos nos aproximar mais da casa. Ficamos horas esperando e observando, sem nada para fazer além disso. Ben só deu as caras de madrugada. Eu cutuquei o Max e me ajoelhei para ficar numa posição mais confortável para observar o que se passava.

Ele se posicionou na frente de umas flores que estavam no chão, ele falou alguma coisa que foi impossível de entender, mas logo em seguida as flores brilharam um azul e eu as reconheci, flores da lua, Ben estava absorvendo a energia delas.

Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo de verdade, Ben não estava absorvendo a energia das sombras, ele estava usando-as de portal para absorver a energia do mundo humano.

Max ficou eufórico com o que estávamos vendo e acabou fazendo barulho, o que fez o Ben olhar para onde estávamos. Minha reação foi me jogar no chão e torcer para não ter sido vista.

-Vamos embora. – Falei depois de um tempo abaixada e olhei para o Max que também estava deitado no chão.

Chegamos em casa já com o dia claro, ficamos andando o resto da noite pelas ruas tentando entender o que vimos e com medo de ter algo nos seguindo.

Entramos em casa e fomos para o quintal onde o Alex e o Boaz estavam treinando.

-Eles só fazem isso. – Max deu meia volta e se jogou no sofá.

-Eles precisam treinar. – Falei os observando por um tempo e depois segui o Max e me deitei no outro sofá.

Quando o olhei novamente, ele já estava dormindo, fiquei deitada ali até o tédio bater, depois fui para o quintal observar eles. Fiquei pensando em qual seria o futuro da cidade, se eu conseguiria salvar ou se ela acabaria em ruínas nas mãos do Ben.

-Ella, sua vez. – Escutei o Boaz me chamando e percebi que o tempo tinha passado muito rápido, foi como se eu tivesse entrado em um lapso de tempo.

Me levantei e comecei a andar, Alex vinha na minha direção, sorri quando ele chegou mais perto e me surpreendeu com um beijo, não consegui parar de sorrir depois disso, mas tive que me forçar. Ele foi para dentro de casa e eu me posicionei de frente para o Boaz, o que me fez o observar por alguns segundos.

-Boaz, por que você não dorme? – Perguntei curiosa.

-Não acho legal desperdiçar horas que poderiam ser aproveitadas. – Cruzei meus braços e o encarei.

-Você mente mal, todos que eu conheci até hoje que não dormem tem um bom motivo para isso. – Tudo bem que eu forcei um pouco, o único que eu conheci que não dormia era o Lex. – Mas não vou te forçar a dizer o seu.

Não falamos mais nada e começamos a treinar, ficamos nisso a madruga toda até o dia clarear, igual nas noites anteriores.

Não falamos mais nada e começamos a treinar, ficamos nisso a madruga toda até o dia clarear, igual nas noites anteriores

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A escolhidaWhere stories live. Discover now