36 - Viagem de casal

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Tudo estava pronto para nossa caça aos cordões começar, as mochilas com roupas e suprimentos o suficiente para dois dias ou três, isso dependeria da nossa fome. Eu não estava preparada para ir, um lado meu sabia que a Cassandra não cumpriria o acordo, e isso me preocuparia durante todo o longo caminho.

-Boa sorte. – Ela deu um beijo na minha testa.

-Dois dias. – Falei a abraçando e fui para o portão onde o Alex me esperava. – Até logo, Cass.

Alex e eu fomos em direção ao sul, foi mais de uma hora andando até sair da cidade, pelo caminho passamos por muitas pessoas que nos reconheceram e queriam saber para onde íamos com tantas coisas, nossa resposta era que estávamos indo a uma viagem de casal, o que não deixava de ser, porém tínhamos outro propósito.

Para além da cidade existiam muitas árvores, era tudo repleto de florestas, florestas mortas, você não ouvia o som dos animais, nem o canto dos pássaros, as folhas das árvores eram de um verde escuro, era um lugar assustador.

No final dessa floresta de filme de terror existia uma vila mais assustadora ainda. Peguei meu celular para ver a hora e vi que levamos mais de quatro horas para chegar até ali.

-Acho que podemos descansar por aqui. – Alex sorriu para mim. – Ótimas experiências para contar no futuro. – Nós rimos e eu parei imediatamente quando o cordão que estava no meu pescoço começou a me puxar na direção da vila.

-O que é isso? – Tirei o cordão e deixei ele me guiar, parei em uma fonte que parecia ser a única coisa funcionando naquele lugar. Vi a pedra do outro cordão brilhar no meio da fonte e sorri, foi fácil. – Eu vou entrar e pegar, você fica aqui. – Falei para o Alex e tirei meus tênis.

-Ella, não vai ser tão fácil assim. – Alex me avisou assim que coloquei meus pés na água gelada.

Comecei a andar sentindo a areia sob meus pés, achei estranho ter areia numa fonte, mas aquele lugar era todo estranho mesmo. Cheguei bem perto da pedra e olhei para o Alex que tirava a mochila das costas.

-Preparado? – Perguntei me abaixando e envolvendo a pedra nos meus dedos.

-Preparado!

Tirei a pedra da água e fiquei em pé esperando, o cordão que acompanhava a pedra pingava pela minha perna, e nada acontecia. Tentei andar, no terceiro passo a minha perna afundou até o joelho, a água subiu ficando a dois dedos abaixo dos meus seios. Tentei controlar aquela água e a terra mas nada acontecia, olhei desesperada para o Alex sem saber o que fazer.

-Não funciona. – Falei me referindo aos poderes.

Meus batimentos aceleravam cada vez mais enquanto eu afundava naquilo. Vi Alex correr a procura de algo e voltar com uma madeira longa o suficiente para chegar até a mim.

-Segura firme. – Ele falou e eu assenti.

Respirei fundo e coloquei os cordões no pescoço para não os perder. Segurei firme e fiz um sinal para ele puxar. Foi um processo bem dolorido para a minha perna atolada, ser puxada assim de uma vez. Quando finalmente estava fora da fonte, Alex me puxou para um abraço sem se importar se eu estava molhada.

-Até que não foi tão difícil. – Comentei e nós rimos.

-Vamos. – Ele falou e eu vi um ser feito de lama surgir atrás dele.

-Acho que vai demorar um pouco para isso. – Falei o empurrando para o lado na hora em que aquilo ia o acertar em cheio.

Cai rolando pelo chão após a pancada e me levantei mancando.

-Distrai ele. – Gritei enquanto olhava com raiva para aquele monstro lamacento. – Eu vou fazer um jarro de lama.

Alex gritou para o monstro e jogou pedras nele, o que foi uma ótima distração, eles seguiram por uma rua e eu fui atrás. Me concentrei em todo o fogo dentro de mim e o concentrei naquela coisa a minha frente, antes de eu o acertar, ele acertou o Alex o jogando a uma longa distância, isso foi o suficiente para me deixar com raiva, eu nunca permitiria que quem machucasse quem eu amo saísse ileso.

Bati minhas mãos uma na outra fazendo uma onda de calor se expandir, a linha de fogo foi direto naquilo, ele me olhou e ameaçou andar na minha direção, mas seus movimentos foram sendo perdidos lentamente enquanto ele virava pedra. Eu sorri ao ver o que tinha feito, fechei minhas mãos com força e a abri rapidamente, fazendo aquilo se despedaçar me deixando muito satisfeita.

O chão aos meus pés começou a vibrar, olhei em volta a procura do Alex que apareceu e me puxou pelo braço. Eu corria com dificuldade e com dor.

-Nossas coisas já eram. – Falei olhando para trás e vi a poeira que ficou no local onde estávamos.

-Precisamos de um lugar para descansar essa noite. – Alex falou.

-Não podemos. – Eu sabia que ele tinha razão, mas eu não precisava descansar, ele sim. – Mas você precisa, vamos para por algumas horas.

-Você também precisa, mesmo que não durma.

Entramos em uma casa abandonada que sobreviveu aos tremores, ela estava bem empoeirada, mas era o que tínhamos. Alex foi procurar por algo onde pudéssemos dormir, eu acendi a lareira para que o local ficasse quente e o Alex voltou com um colchão que ele deve ter pego de alguma cama por lá, o colchão parecia não pesar nada nas suas mãos. Ele jogou o colchão no chão e deitou, ignorando toda a poeira que estava nele.

Fiquei andando pela sala da casa, que era bem pequena, a cozinha ficava junto a sala, separadas apenas por um pequeno muro, seguindo o corredor tinha três portas, uma que levava a um banheiro e as outras duas que levavam para dois quartos.

Me deitei ao lado do Alex e passei a noite toda olhando para o fogo da lareira, até a luz do sol começar a entrar pelas janelas quebradas. Fiquei deitada por mais um tempo até decidir que era hora de irmos.

Sacudi o Alex e me sentei enquanto o chamava. Seus olhos se abriram lentamente e ele sorriu para mim.

-Eu só posso estar no céu para ser acordado por um anjo. – Ele falou com a voz rouca me fazendo sorrir.

-Nós temos que ir. – Falei e dei um beijo rápido nele. – Vamos.

Nos levantamos e continuamos nossa viagem, voltamos para a floresta e usamos ela como banheiro, não tínhamos muitas opções. Procuramos por frutas para comer e, felizmente, encontramos maçãs, comi quantas eu aguentei e o Alex fez o mesmo.

-Não vamos conseguir voltar para ajudar a Cassandra. – Falei quando retomamos o caminho.

-Nós nunca iriamos voltar a tempo, ela sabia disso e você também. – Ele segurou minha mão e acariciou ela.

-Sim, mas...

-Ella, você tem que parar de querer ajudar todo mundo, isso vai te destruir. – Eu sabia que ele estava certo, eu odiava isso.

-Só vamos achar as outras pedras.

-Só vamos achar as outras pedras

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