Capítulo 03

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"Todo vício é igual. Se experimenta uma vez e depois quer mais. E se não parar por aí, o desejo aumenta. Você quer mais, mais e mais até chegar à um ponto que não consegue passar um dia sem aquilo.."

JÚLIA

Estou com a sensação de estar aprisionada por ele, mas ao mesmo tempo atraída, como se soubesse do grande erro que estaria cometendo se cedesse e deixasse com que Renato fizesse o que bem entendesse comigo. Ele chega cada vez mais perto, me deixando cada vez mais sem saída e cada vez mais excitada, pronta para permitir que ele tenha o domínio do meu corpo.

ㅡ Vamos lá, Júlia, não temos tempo a perder. ㅡ Renato morde o lábio e eu fico pressionada contra a porta do carro, pensando em um jeito de sair, e de repente sinto suas mãos por baixo do meu casaco. Ele o tira, beijando a minha clavícula e brincando com a barra da minha camiseta.

ㅡ Porra, já estou tão excitado por você. ㅡ Renato pega a minha mão e a coloca na parte inferior do seu jeans para que possa sentir o volume de lá. Sinto-me mais excitada cada vez que seus beijos são dados com mais intensidade.

Por um lado quero deixar o vício vencer e deixar o Renato penetrar em mim, mas por outro se recusar agora pode ser um grande passo para vencer a minha obsessão. Empurro Renato para me dar espaço e não permito que ele se aproxime de mim novamente.

ㅡ Alguém pode ver nós aqui! ㅡ Invento uma desculpa qualquer pra sair logo desse carro e não deixar meu vício me dominar. ㅡ Quero sair!

ㅡ Claro, pode sair. ㅡ Ele abre uma fresta das duas jnaelas e o ar frio entra o carro.

Paro por alguns segundo, pensando qual movimento eu deveria executar nesse momento. Me entregar ao meu vício e ter uma foda gostosa ou vencer meu vício e sair desse carro?

Tomo minha decisão quando puxo a porta para se trancar e vou na direção de Renato que sorri quando ver que eu desisti de sair do carro.

Foda-se, só se vive uma vez.

Renato parte para cima de mim? Solto um gemido quando ele chupa a pele sensível do meu pescoço enquanto apalpa o meu seio esquerdo.

Escuto alguém bater na janela do motorista e levanto meu olhar, um garoto de cabelos castanhos e pele clara está olhando, perplexo com a situação. É o meu vizinho, Troy.

ㅡ Júlia? ㅡ Troy tenta abrir a porta, mas está trancada e resolve passar o braço pela fresta aberta e finalmente consegue abrir por dentro.

ㅡ Caralho! ㅡ Renato resmunga. ㅡ Quem é você e quem te deu o direito de...

ㅡ Que bom que você apareceu, Troy. ㅡ O interrompo e o empurro para sair de baixo dele. ㅡ Ele é meu vizinho e não podia ter feito melhor em impedir.

ㅡ Você não pode ficar aqui comigo? ㅡ Ele rosna com raiva.

ㅡ Ela vai sair desse carro e entrar na casa dela. ㅡ Troy me puxa para fora. ㅡ E você já pode ir. ㅡ Ele fecha a porta do carro e continua a encarar o Renato, que acaba rindo com sarcasmo.

ㅡ Teve sorte que seu amiguinho te salvou, com certeza já deve ter fodido com ele também. ㅡ Troy me olha confuso e eu apenas olho feio para Renato.

O Troy é a única pessoa que eu posso realmente chamar de amigo e um dos únicos com que eu controlo meu vício, não quero perder meu único amigo por culpa de uma obsessão, apesar de ser difícil resistir.

ㅡ Até mais, Júlia. ㅡ Dito isso ele fecha os vidros escuros e acelera. Me viro para o Troy e dou um sorrisinho fraco para ele, no qual sou retribuída.

ㅡ Obrigada por isso Troy. ㅡ Agradeço e lhe dou um abraço. ㅡ Se não fosse por você eu nem sei o que estaria.... na verdade sei o que eu estaria fazendo agora. ㅡ sorrio,  insegura.

ㅡ Não foi nada de mais. Queria ter chegado antes, aquele cara deixou uma marca bem feia no seu pescoço. ㅡ Movo minha mãos para a parte mais dolorida do meu pescoço onde Renato deve ter deixado uma marca feia. ㅡ Mas afinal, quem é ele e por que você estava no carro dele?

ㅡ O nome dele é Renato, ele está na terapia de grupo comigo. ㅡ O Troy com certeza sabe do meu vício, não só por eu ter falado disso com ele mas também porque minha mãe deve ter contado para toda a vizinhança. ㅡ Estava chovendo muito e eu pedi pro Ethan me buscar, mas ele ia demorar mais de meia hora e o Renato me ofereceu uma carona. ㅡ Não entro em muitos detalhes sobre a cafeteria ou sobre ter contado sobre o meu vício para Renato.

ㅡ E você não esperava que as coisas acabassem assim? ㅡ Troy franze o cenho.

ㅡ Claro que não! Nem teria pegado uma carona com ele se soubesse que ele iria pensar que eu faria sexo com ele! ㅡ Exclamo.

Não sei se minhas palavras são tão verdadeiras assim. Renato Garcia é atraente e muito sexy, e se não fosse por Troy eu com certeza teria transado com ele ali mesmo, no banco do seu Porsche.

ㅡ Tudo bem, melhor ir entrando em casa logo, parece que vai chover de novo. ㅡ Ele aponta para o céu que está nublado por completo. ㅡ Mas antes de ir, Júlia, eu vou em uma festa de um amigo que mora em uma fraternidade, você quer ir? ㅡ Troy me convida.

ㅡ Vou pensar a respeito. ㅡ Não consigo negar a ele, mas sei que não vou querer ir a essa festa. Me despeço com dele com uma beijo na bochecha e entro na minha casa, desviando das poças de água que se formam no jardim.

Entro e me aconchego dentro do calor do ambiente, estava com frio e nem me dei conta, esqueci meu casaco dentro do carro do Renato. Vou para a sala de estar de me jogo no sofá, pego o controle da televisão na pequena mesa de centro e ligo em um canal qualquer, onde está passando algum programa com homens seminus se metendo em brigas.

ㅡ Júlia? ㅡ Um voz vinda da cozinha diz e logo meu irmão surge na sala. ㅡ O que está fazendo aqui? Eu ia te buscar agora. ㅡ Ethan olha confuso para mim. Ele tem cabelo ondulados pretos da mesma cor que os meus e olhos escuros, aparenta ser um pouco mais velho do que realmente é.

ㅡ Eu peguei uma carona com um garoto do grupo. ㅡ Explico, Ethan arregala os olhos quando vê a enorme marca roxa no meu pescoço.

ㅡ O que é isso?

ㅡ O garoto que me trouxe, o Renato, ele meio que queria fazer sexo no carro, mas o Troy impediu antes que... Bem, antes que algo acontecesse efetivamente. ㅡ Fui direta com meu irmão, assim como sempre. Ele arregala os olhos com as minhas palavras.

ㅡ Júlia, você pega uma carona com um viciado em sexo e acha que isso não poderia acontecer? ㅡ Ethan solta um ar pesado e se senta ao meu lado.

ㅡ Ei, fica calmo! ㅡ Cruzo os braços brava. ㅡ Graças a Deus Troy apareceu bem na hora e impediu que o Renato e eu fizesse mais.

ㅡ Espera, então você não queria? ㅡ Ethan pergunta e eu confirmo, meio que mentindo, mas no começo eu não queria mesmo, então não é totalmente uma mentira. ㅡ Oh meu Deus, Júlia, você não percebe como isso é ótimo?

ㅡ Como assim? ㅡ Arco as sobrancelhas.

ㅡ Pela primeira vez você foi capaz de quase recusar sexo, isso prova que pode vencer seu vício! ㅡ Ethan diz todo animado. Não tinha pensado por esse lado, mas meu irmão está certo, isso foi uma prova de que posso mesmo me livrar da minha obsessão.

ㅡ Você está certo, talvez eu esteja vencendo meu vício. ㅡ Digo e me levanto do sofá. ㅡ Vou tomar um banho. ㅡ Aviso e deixo a sala, subindo as escadas até o meu quarto.
Fiquei com a única suíte da casa, mas os outros dois quartos são bem maiores do que o meu. Liguei as torneiras de água quente e fria ao mesmo tempo e deixei a banheira encher, me despi e entrei na água morna. Depois de relaxar com o banho me enrolei na toalha e voltei para o meu pequeno porém aconchegante quarto e vesti uma regata branca e calça de moletom preta e minhas pantufas, amarrei meu cabelo em uma rabo-de-cavalo e deitei na cama para ler alguma coisa.

Peguei o livro que estava em cima do criado mudo e me distrai com aquilo durante o resto da tarde inteira.


1/3 maratona
+50

Obsessão | Renato GarciaWhere stories live. Discover now