Todos escutamos as palavras de consolação do padre e quando ele terminou seu discurso, fez um pequeno sinal para mim. Tentei continuar firme, aproximando-me um pouco mais, deixando as flores no local.

Eu não conseguia entender o motivo de tirarmos a vida de algo para entregarem aos mortos, mas aqui estava eu, dando-lhe um buquê que, apesar de significativo, também morreria em breve.

Talvez fosse apenas uma tentativa de transformar esse lugar em algo belo.

- São cinco anos sem você e ainda me pergunto se poderia ter feito tudo diferente. Se poderia ter algo que eu fosse capaz de fazer para você ainda estar aqui, conosco - disse, Holden.

Ele caminhou até o meu lado e fui capaz de observar Mark e sua mãe com orquídeas nas mãos, um pouco mais afastados. Expressões frias, esquisitas.

- Estaria mentindo se falasse que sou capaz de esquecer você, Anna. Eu não sou. A mulher que você foi, a mãe tão amorosa. O seu bom coração... você era incrível. E tão disposta a tudo. Esforçada, corajosa, engraçada. Sempre consciente, sabendo a melhor forma de como lidar com as pessoas... você transformava tudo em algo bom. Você me salvou.

Suspirou, pondo as mãos nos olhos marejados.

Assim como eu, também trocaria sua vida com a dela, se pudesse. Assim como eu, seus sentimentos também eram os mais sinceros.

Outros conhecidos também falaram palavras carinhosas após nós. A maioria dizia que estava com saudades, que desejava que ela estivesse aqui, ou desejavam boas energias onde quer que mamãe estivesse no momento.

Aquelas vozes, entretanto, diferente de Holden, me faziam querer vomitar. Porque eu sabia que era mentira e detestava estar ciente de toda a falsidade.

Olhando para o céu, nuvens carregadas ameaçavam cair e pessoas começaram a deixar o cemitério lentamente. Mas me mantive ali, perto do túmulo, inerte.

Mamãe amava dias ensolarados porque traziam alegria e o tempo triste de hoje me deixava ainda mais frustrada. Deveria ser um dia brilhante. Um dia caloroso e digno de seu aniversário, mamãe.

- Temos que ir, Nalu - escutei a voz de Jaebum ao meu lado. Ele segurou meu braço com delicadeza. - Irá chover em breve.

Eu continuei inerte, sem me mover um centímetro sequer.

- Você sabe? - deixei as palavras saírem dos lábios rosados. - Ela provavelmente adoraria você. E isso certamente não iria dar certo.

Jaebum inicialmente ficou em silêncio e pensei que não fosse dizer nada. Mas então ele perguntou:

- Por que não?

Virando minha atenção para ele, fui capaz de sorrir.

- Ela iria mimar você demais, talvez mais que sua própria filha. E porque vocês seriam parceiros no crime. Anna seria capaz de persuadi-lo a me torturar de todas as formas possíveis e impossíveis.

- E se eu falasse não?

- Ninguém conseguia dizer não a ela - fiz uma careta.

- Eu conseguiria, Nalu. Se envolvesse você.

Continuei sorrindo enquanto olhava-o. Seus olhos são tão sinceros e gentis. Era reconfortante estar com Jaebum. Era mágico. E eu sentia que no momento, ele era a única pessoa que não continha segredos perto de mim. Não mais. Que ele era transparente.

E isso me fazia me arrepender de todos esses anos sozinha, fingindo não precisar de alguém, fingindo que o amor era perca de tempo, era um pensamento idiota de uma garota imatura.

New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now