Capítulo 21

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Tamara

Já está com duas semanas que cheguei em Moscou, estou escondida na casa de campo onde Ivan e eu os bastardos da família passávamos as férias escondidos , enquanto do outro lado da cidade os filhos "verdadeiros" tinham férias em família.

Passei os últimos dias lendo papéis para ter uma base dos negócios e percebi que isso é mais complexo do que eu pensava. Eles estão meio que tentando "legitimar" tudo, de um jeito errado claro, pois ainda ocorre lavagem de dinheiro e sonegação de impostos em alguns processos.

Meu pai insistiu para que eu mantivesse minha segurança e para isso tenho treinado um pouco mais de defesa pessoal.

E isso inclui aprender a atirar, até então eu nunca havia segurado uma arma.

Agora estou treinando pontaria, coisa que no início não gostei muito, mas depois passei a adorar. A sensação de segurar em uma arma gelada e sentir ela esquentar com o calor se seus mão, primeiro você carrega, depois engatilha, mira no alvo e atira. A leve vibração quando a arma é disparada e a sensação gratificante de acertar o alvo.

"Essa sensação me excita."

Carrego a arma novamente, miro no alvo e atiro, mas o latido cachorro me faz errar o alvo, me viro em direção ao barulho e vou até o cachorro.

__ o que foi amigo __ acaricio o pelo macio do pastor-alemão __ o que você está vendo aí __ olho na direção em que ele está latindo e não vejo nada __ vamos...

Voltei para dentro de casa e as lembranças do que vivi aqui me atormentavam e pela segunda vez senti a saudade de Dimitri meu pai biológico.
Eu podia ver ele sentado na varanda da casa fumando aquele charuto horrível que minha mãe sempre me fazia levar pra ele de presente.

Ao lembrar disso fui até o escritório e peguei a chave do compartimento secreto que tem na sua mesa, que só Dimitri e eu sabia.

__ Esse é nosso segredo __ Dimitri me dizia sempre que colocávamos os seus charutos horríveis no esconderijo.

Abro o compartimento escondido na mesa e pego a caixa de charutos e até o maldito cheiro dos charutos de alguma forma me agradava. Abro a caixa e não acredito no que vejo, volto a fechar a caixa e saio a procura do meu celular e quando o acho logo para meu pai.

ON

__ oi minha filha.

__ quando o senhor chega em Moscou? __ pergunto sem cumprimentá-lo.

__ acabei de chegar em Moscou, algum problema?

__ sim... há, mas eu prefiro falar pessoalmente, me espere aí.

Off

Peguei minha bolsa e segui para fora onde chamei um dos seguranças para me levar a casa do velho aqui em Moscou.

No caminho eu olhava para a caixa de charutos e um misto de sentimentos gritavam em meu coração.

Quando entrei na casa ele já esperava por mim na sala.

__ cadê ele? __ o questionei enquanto ele sorria feliz e seu sorriso desapareceu __ cadê o Giovani?

__ do que você está falando? Seu pai está morto.

__ não está, eu sei... o senhor sabe e sabe se lá quem mais está envolvido nessa mentira suja.

__ de onde você tirou essa história  filha...

__ para de mentir pra mim __ eu gritei pela primeira vez com ele, nem mesmo depois de tudo que tenho descoberto nos últimos dias levantei a voz para meu pai, mas isso já saiu do meu limite __ eu sempre o respeitei, para mim você é meu pai __ comecei a chorar de raiva pela mentira __ no dia do enterro de Dimitri eu estava naquela casa e nessa caixa de charutos haviam 6 e hoje só há 5, isso significa que ele fumou um deles.

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