Capítulo IX: Partisans da Areia

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Durron acorda numa pequena cela de paredes rochosas, fechada com barras de ferro enferrujadas. Estava algemado, nauseado e com uma insuportável dor de cabeça, sem entender aonde estava e nem o que estava acontecendo. Tentou olhar para fora, através da porta, no objetivo de se localizar, mas a única coisa que pôde ver foi a parede de arenito do corredor. Ele usa a força para soltar as algemas e derrubar as grades da jaula. Liberto, começou a correr pelo recinto. Pela estrutura do edifício e pela alta temperatura, ele com certeza ainda estava em Jedha, ou pelo menos em algum planeta desértico.

Correndo pelo local, sem orientação, Durron só parou quando entrou abruptamente numa sala, cheia de guerrilheiros. O grupo era chamado pelo povo da lua de "Partidários da Areia". Os militantes, vendo o prisioneiro fora do cárcere, pegaram suas armas e apontaram-nas. Ausar, sozinho e desarmado, se rendeu colocando seus braços para cima. Um deles se aproximou do jedi cautelosamente, dando alguns passos para frente. Armado com uma pistola blaster e uniformizado numa roupa de oficial imperial, aparentava ser o líder do grupo. Era um humano negro, cabelo curto e de postura firme. Tudo nele mostrava que era militar:

-Oficial Manj, se apresentando... - Proferiu o homem, sorridente. Ele não parecia ser hostil.

- Eu estou sob jurisdição imperial? Vocês não parecem do...

-Império? - Riu, interrompendo a fala de Ausar - Não se engane pelo uniforme... digamos que eu trabalho para o Império só nos tempos livres.

Manj guardou sua arma de volta no coldre. Pegou dois copos, uma garrafa de bebida alcoólica e colocou tudo em cima de uma mesa velha de madeira. Sentou-se ao lado dela e apontou para outra cadeira, convidando o jedi a sentar-se junto com ele. Os guerrilheiros, percebendo que a situação estava sob controle, voltaram a suas atividades. Durron se sentou e começou a indaga-lo:

-Onde estão meus colegas? Onde está meu sabre de luz? Os Guardiões dos Whills são seus comandados?

-Seus amigos estão bem... como vocês claramente estavam mentindo, tive que fazê-los falar a verdade. - Ausar fechou seus punhos, estava enraivecido. Manj, vendo a ameaça, logo se explicou - Não se preocupe, eles não foram machucados. Conversaram com um Mairan, ninguém mente para um Mairan.

-Um Mairan?! Ah sim, tudo bem... - Falou sarcasticamente - Só poderiam ter perdido suas cabeças!

Mairans eram criaturas com múltiplos tentáculos, capazes de ler mentes e apagar memórias. Eles eram usados por diferentes organizações, incluindo o Império Galáctico, para interrogar prisioneiros:

-Mas não perderam! - Respondeu indiferente, Manj - Aliás, eu não entendo o que a Aurora Escarlate quer com os cristais kybers... - O oficial tinha medo de que forma a máfia poderia usar aqueles objetos. Com certeza não seria para o bem comum - Eu entendo menos ainda o motivo de um jedi estar trabalhando para um sindicato do crime!

- Os Guardiões dos Whill trabalham para você? - Ausar tentou mudar de assunto.

- Digamos que nós temos... uma aliança extraoficial. Mas não tente me enganar, jedi... você e seus amigos não vão levar nenhum Kyber desse planeta!

Durron tomou um gole da bebida. Começou a coçar a barba ao mesmo tempo que pensava em alguma solução. Sabia que todos tinham desconfianças da Aurora Escarlate:

-Kybers são muito valiosos... eu sei que sua milícia precisa de créditos para se manter armada... por que não nos unimos para assaltar o comboio e então dividimos os lucros?

A proposta era tentadora. Manj, pensativo, olhou para seus compatriotas, como se ele quisesse uma aprovação deles. O bando escutava atentamente a conversa deles, porém aparentavam estar concentrados em outros afazeres. Manj estendeu seu braço e os dois apertaram as mãos, fechando o acordo. O sabre de Ausar foi devolvido e seus amigos libertos, todos com suas cabeças intactas. No reencontro, todos se abraçaram juntos, num caloroso enlace:

-Espero que tenha aprendido, colega... não fique bêbado em meio a uma missão! - Falou Boil, em um tom amistoso e alegre.

-Desde que me leve junto, seu canalha, por mim tudo bem! - Exclamou, Lira.

-Ok, ok... mas eae, quem quase perdeu a cabeça? - Perguntou Durron, na tentativa de fugir dos sermões.

- Eu... - Respondeu Pit, levantando sua mão peluda. Ainda estava meio tonto por causa da experiência torturante com o animal exótico.

O resto do bate-papo teria que ficar para depois, agora eles tinham um serviço a ser cumprido. Um serviço que, caso não o fosse, poderia custar a vida dos quatro. Hoje eles poderiam ser mortos pelo Império, pelos guerrilheiros ou pela Aurora Escarlate. De volta à cidade sagrada de Jedha, os Partisans se deslocavam em pontos estratégicos aos arredores do comboio Imperial, composto por dois tanques de assalto de combate, dois AT-ST e três esquadrões de stromtroopers. Quando o comboio chegou na encruzilhada de várias ruas, os guerrilheiros já estavam posicionados em cada esquina, escondidos atrás das tendas de alimentação e dentro das lojas de comércio. O líder, através de seu comunicador, deu a ordem para começar o ataque.

Durron, Boil e os outros partidários, posicionados no solo, pegaram suas armas e saíram de suas covas, disparando contra a tropa imperial. Lira e Manj estavam como snipers nos telhados dos prédios entorno. Manj escondia seu rosto atrás de um capacete, pois caso fosse identificado por algum imperial, seria enforcado por traição. Os stromtroopers, a maioria jovens cadetes, não estavam preparados para uma emboscada. Haviam saído da academia a menos de uma semana. Cercados e sem cobertura, as baixas entre os militares se acumularam rapidamente. Alguns pensaram em desertar naquele momento, mas não tinham para onde fugir, teriam que lutar até a morte:

-Manter posição homens, o Imperador conta conosco! - Gritou o comandante do comboio.

Durron seguiu a mesma estratégia do dia anterior. Correu em direção ao AT-ST, cortou suas pernas, derrubando-o no chão. Manj pulou do telhado em cima do outro walker. Através das janelas do encouraçado, ele disparou contra os pilotos, matando-os e tomando o blindado para si. Lira ficou de boquiaberta, admirada com o desempenho do atraente homem.

Em poucos minutos, o comboio tinha sido tomado. Os guerrilheiros dirigiram os tanques de combate e o AT-ST até a praça principal da cidade. Na praça, Manj, controlando o walker roubado, atirava contra os imperiais e os blindados que apareciam em sua frente. Na praça haviam vários postos avançados do governo. Não demorou muito para que eles fossem cercados por múltiplas tropas, ocasionando em severas baixas dos dois lados. Pit, pilotando sua nave, pousou-a no meio do pátio da praça, abrindo sua escotilha. Os milicianos começaram a descarregar o tanque e levar os cristais para dentro da espaçonave, ao mesmo tempo que tiros de plasma voavam sobre suas cabeças..

Com tudo já transportado, Manj abandonou seu walker já avariado e correu para a nave. Pit decolou o navio, zarpando em fuga. A missão em Jedha tinha sido bem sucedida. Eles voltaram para o esconderijo do guerrilheiro, aonde deixariam a parte deles do acordo. Na despedida, Manj pronunciou-se:

-Se precisarem de ajuda algum dia,,, não evitem em chamar.

-Pode deixar, camarada - Durron respondeu.

-Espero que essa ajuda venha logo - Lira cochichou brincando. Adoraria ver o rapaz novamente.

Com o pacote adquirido eles conseguiriam viver por mais um dia. Agora em diante, para conseguirem proteção do Clã Hutt e escapar do Império, teriam que ser fieis funcionários de Dryden Vos. Uma aliança frágil, que poderá durar muito pouco.

Ausar Durron: A Star Wars StoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora