Capítulo III

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— E os malditos? Conseguiu pegar algum deles? — Liam perguntou pressionando o saco de gelo contra a testa lesionada.

Ele estava sentado na parte de trás de uma das várias ambulâncias que haviam chego depois do ocorrido. Fiz uma massagem em sua mão esquerda, a qual tinha adquirido uma pequena contusão por movimentá-la de mal jeito.

— Não, não — Respondi frustrada — Depois que parei para te ajudar, eles conseguiram escapar.

— Você não devia ter me ajudado, Louise — Afirmou — Devia ter ido atrás deles!

— De qualquer forma, nem adiantaria — Argumentei pegando meu casaco que estava ao lado do meu amigo — Era só eu contra todos aqueles tantos. Bom, vou para casa. Vou estudar esse caso. Pode ser que existam mais integrantes dessa organização além daqueles. Suponho que o chefe seja aquele homem que falou comigo pelo rádio mais cedo. Tchau, Payno. Descanse. Ah, não se esqueça de me mandar seu caso para analisar. Te devo uma por me ajudar hoje. Te amo!

Passei a mão pelo seu ombro, lhe confortando.

— Te amo! — Ele gritou assim que me afastei.

[...]

Cheguei exausta em casa. Deixei o capacete e as chaves na bancada e fui para o banho. Minutos depois, saí de lá usando as roupas de baixo e uma camiseta curta. Logo que dobrei o corredor e avistei uma sombra preta em forma de pessoa, soltei um grunhido baixo. O desconhecido se virou para mim e riu em divertimento. Era o suposto chefe daquela quadrilha! Corri até a superfície de um dos móveis, onde minha arma estava em cima e a apontei para o homem.

— Ei, calma, detetive — Ele pediu com tranquilidade, se locomovendo até a janela e abrindo uma pequena fresta da cortina — Seu papaizinho odiaria que algo lhe acontecesse.

No prédio ao lado, se encontrava um homem com uma arma. Ele parecia possuir prática em atirar de uma longa distância. O medo percorreu meu corpo inteiro.

— Não me chame de detetive — Mandei sentindo minhas mãos tremerem e uma onda forte de adrenalina tomar conta de mim — Vai embora ou eu atiro em você. Não me importo de também levar um se isso significar te colocar atrás das grades. Como você entrou aqui?

Ele cruzou os braços, dificultando minha visão sobre ele. A quase escassa luz lunar deixava seus olhos cor de mel expostos.

— Fique tranquila, detetive — O desconhecido insistiu — Eu não quero nada de você, só do seu pai.

— Como sabe quem é meu pai? — Indaguei, apreensiva.

— Da mesma forma que sei a cor das suas roupas íntimas, docinho — Seus lábios quase cobertos pela escuridão do meu apartamento se curvaram em um sorriso malicioso e um pouco maquiavélico.

Cobri instantaneamente meu corpo com uma das mãos, envergonhada por não notar isso antes.

— Se me chamar de docinho mais uma vez, eu quebro sua cara — Ameacei.

— Tente a sorte — Ele replicou sentando-se no sofá — Então, o quanto seu pai te ama?

— O que? Você é idiota?

— Ele te deixou ir embora de casa, não deixou? — Provocou — Por que está fugindo dele?

— Não estou fugindo dele! — Falei — Não gosto da França e isso não é da sua conta. O que minha vida pessoal importa para um mero bandido? Se pretendem ameaçar meu pai para que lhes dê dinheiro usando a mim, sinto muito mas acho que ele me deixaria morrer a perder aquilo tudo.

Com a arma ainda apontada para ele, me aproximei devagar da janela e tirei toda cortina de sua frente, me permitindo ver o rosto do homem coberto por uma máscara dessa vez menor, sendo ela uma faixa curta na posição dos olhos.

— Você tem péssimos hábitos de xeretar, não é? É isso ou está apaixonada por mim. Sem querer ofender, mas não me sinto atraído por mulheres que apontam uma arma carregada na minha direção — Ele disse, com sarcasmo — Continuando o assunto de seu pai. Então você não importa para ele?

Semicerrei os olhos, em completa frustração. O que eu faria?
Meus pensamentos pareceram serem ouvidos assim que o interfone do prédio tocou. Sem tirar meus olhos de cada movimento dele, caminhei devagar até o telefone branco.

— É o síndico do prédio. Preciso atender ou ele vai desconfiar — Expliquei cautelosa.

Ele pensou um pouco, depois suavizou a expressão e sentou-se novamente no sofá, como se frequentasse minha casa a anos.

— O.k., que seja. Vai rápido com isso. Eu ainda não terminei.

Peguei o interfone em mãos e ouvi o que a pessoa do outro lado falava.

Oi, Srta. Moreau! — O síndico disse em animação — Desculpe incomodar a essa hora, mas aquele seu amigo, o Liam Payne, está aqui em baixo pedindo pra subir. Ele disse que precisa falar com você porque não está respondendo as mensagens. Posso deixá-lo subir?

Oi, senhor. hum... o Liam? Está aí em baixo? — Repeti, arrumando uma desculpa para aquele desconhecido que invadiu meu apartamento ir embora — Claro, pode mandar subir.

— O que? Já quer acabar com nossa conversa produtiva? — O homem perguntou indo em direção a porta — Bom, você é quem sabe, filha exilada — a porta se abriu, revelando alguns outros homens armados a sua espera — Vamos, acho que não temos algo muito interessante aqui. Parece que o namorado dela está vindo. Foi um prazer revê-la, Moreau. Sua irmãzinha é bem mais... hum.. Interessante para nós.

Caminhei depressa até ele e encostei a arma em sua cabeça, resultando em todos os seus comparsas se aproximando com suas armas apontadas para mim.

— Se encostar um dedo na minha irmã eu estouro seus miolos, desgraçado!

— Eu não faria isso se fosse você — Aconselhou sem perder a compostura — Eles não brincam em serviço.

E todos eles se retiraram em correria assim que Liam os viu no fim do corredor. Ele se apressou até mim e me abraçou.

— Eram aqueles vermes?

— Sim — Afirmei soltando o ar pela boca em frustração — Ah, Payno, eles querem fazer mal a Emma!

— Eles não vão, Louise. Fique tranquila — Garantiu beijando o topo da minha cabeça — Seu pai tem muita segurança lá na mansão. Você precisa se proteger aqui.

Payne entrou comigo no meu apartamento.

— Tudo vai ficar bem, o.k.?

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Hi!

Informação desnecessária mas interessante: o sobrenome da Louise se pronuncia "murru".

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora