Capítulo XXXVIII

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Por que ele não para em qualquer lugar por mais de meio segundo?! — Bufou Emma, balançando a cabeça em descrença, sentando ao lado de Hassan e lhe entregando um balde cheio de pipocas que acabara de preparar — Papai, por favor, sente em uma cadeira e relaxe um pouco!

Nosso pai, impaciente como costumava ser, quase entrou em colapso quando chegou em Londres à nossa procura e nos encontrou no meu apartamento.

Não, eu não quero descansar, Emma. Já estou bem o bastante — Ríspido, ele negou, passando a mão pelo cabelo na intenção de unir alguns fios rebeldes aos outros e então começou a andar com ainda mais rapidez.

Você está me deixando tonta — Stephanie impassível protestou, tirando os olhos por um fração de segundo do computador antes de continuar a digitar com agilidade algo relacionado ao seu trabalho.

E você não me disse que vinham todas para cá! — Retrucou, lançando um olhar gélido para ela, recebendo de volta Stephanie o encarando com irritação. Aquela expressão era assustadora até para ela — Faz quase duas semanas que vocês vieram para cá e não me avisaram. Eu sabia que estariam aqui, mas esperava que tivessem me dito. Fiquei esperando por isso, aliás — Seu olhar recaiu sobre Hassan, que assistia entusiasmado a mais um de seus programas preferidos na televisão enquanto comia pipoca despreocupado. Depois, meu pai deteve seus atentos olhos azuis em mim, sentada na outra ponta do sofá — E também não me disse que ajudaria Louise a adotar uma criança da família de um criminoso!

Joseph! — Kendall o censurou, desviando a atenção dos gráficos que produzia — Não fale isso perto do menino!

Ele nem nos entende — Murmurou.

Papai, por Deus! — Senti-me tentada a gritar, contudo me contive quando Hassan veio para perto de mim, trazendo consigo o pote de pipocas e um semblante assustado — Hass, nós não estamos brigando, não precisa ficar assus...

Antes que eu pudesse terminar a frase, o cheiro da pipoca me invadiu confundindo meus sentidos, trazendo a mesma sensação de todos os dias da última semana de volta. Dessa vez, mal pude segurar e corri às pressas para o banheiro, sentindo enjôos constantes.

Louise, você está bem? — Bella foi a primeira a aparecer atrás da porta trancafiada.

Abra a porta agora, Louise! — Meu pai mandou com autoridade, batendo fortemente contra a madeira, esperando que eu assim o escutasse.

Depois de acabar colocando meu almoço para fora — pela segunda vez no dia —, joguei água no meu rosto e então abri a porta, tendo a certeza de que meu estado era péssimo.

Não é nada, eu já disse — Falei, voltando ao sofá mas afastando a pipoca para longe — Não quero isso por perto, Hass. Por favor, guarde!

Stephanie, que já não se concentrava mais com a cara enfiada no computador, pegou sua bolsa e me puxou pela mão.

Você está horrível. Vamos ao médico — Avisou ela — Kendall, Emma, fiquem aqui e cuidem de Hassan. Isabella, venha com a gente. Se ela precisar fazer algum exame que envolva anestesia, precisamos estar preparadas. Louise não reage bem a anestesias.

Eu sorriria, se não fosse pelo que estava sentindo.

Eu vou também — Papai anunciou, decidido — E não adianta pestanejar, Louise Smirnov Moreau!

Como eu sabia que não haviam argumentos suficientes que os fariam ficar, decidi não insistir, acabada com aquela sensação de mal estar. Minhas pernas estavam bambas ao lembrar que meu pai quase nunca dizia meu nome completo, a não ser que desejasse mesmo repreender-me. Tocar no sobrenome da minha mãe poderia machucar.

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Where stories live. Discover now